A rapidez da transmissão da Covid-19, combinada com a (suposta) baixa taxa de imunidade adquirida, significa que a maioria das pessoas tem um risco considerável de contrair ou espalhar o vírus, de modo que a testagem em massa teria um objetivo legítimo de saúde pública.
Mais importante, vincular os testes ao afrouxamento das restrições a tornaria um componente integrante de uma estratégia para restaurar as liberdades civis. Considere, por exemplo, uma política na qual as pessoas que procuram retornar ao trabalho, escola ou atividades sociais sejam submetidas a testes para detecção de infecção (RT-PCR) e anticorpos.
Testes positivos para infecção desencadeariam o auto-isolamento. Testes negativos atestariam a liberdade de movimento por um período definido – digamos, 2 ou 3 semanas – após o qual testes negativos adicionais renovariam a certificação. Se os anticorpos gerados pela Covid-19 forem capazes de gerar proteção a longo prazo contra a reinfecção e a transmissão – o que é plausível, mas ainda não estabelecido – um teste sorológico IgG positivo justificaria a certificação a longo prazo.
No entanto, as limitações nesta abordagem são claras. Seriam necessárias grandes quantidades de testes e equipamentos de proteção individual, nenhum dos quais existe atualmente. Adquirir e transmitir infecções dentro de locais de testagem ainda seria um risco; as pessoas também podem ter resultados negativos no estágio inicial da infecção o que obrigaria a retestagens periódicas.
Uma política de extensão de privilégios para pessoas com imunidade adquirida (liberar para o trabalho quem testou IgG positivo), paradoxalmente pode representar incentivo para que os profissionais mais jovens ou em maior vulnerabilidade econômica se deixem infectar deliberadamente.
Ressalta-se ainda, que a maioria dos testes rápidos disponíveis é baseada na detecção de anticorpos. Como as pessoas que se infectam pelo novo coronavírus só desenvolvem anticorpos em média após 7 dias de início dos sintomas, esse tipo de teste não é o ideal para investigar pessoas na fase inicial da doença, quando os sintomas se apresentam.
Diante desse cenário, as medidas de achatamento da curva de crescimento deverão continuar focadas nos pilares fundamentais: higiene das mãos, distanciamento social e principalmente, o uso de máscaras. Estudos revelam que a máscara caseira reduziu em até 78% a eliminação de microrganismos no ambiente, além de limitar o contato das mãos com boca e nariz, através de uma barreira física.
Essas e outras imperfeições nas abordagens centradas nos testes em massa fazem com que, no presente momento, um programa abrangente de testagem, certificação e retestagem esteja além dos limites da capacidade do nosso sistema de saúde.
Fábio Vilas-Boas - Doutor em Ciências e Secretário Estadual da Saúde
4 comentários
01 de May / 2020 às 10h21
Apoio que escondam os testes como estão escondendo a cloroquina e forjando os atestados de óbito. DEPOIS, com a Bahia já lascada, vão dizer que a culpa é do Bolsonaro. E quando O MITO denúncia esse genocídio com fins políticos, os esquerdopatas berram. Eu deixaria se lascarem pra aprender. Rui Pandemia está muito bem protegido do palácio, fechando negócios com a China comunista.
01 de May / 2020 às 10h29
Esse secretário é aquele que num vídeo defendeu que quem saísse na rua, não deveria ter atendimento médico, e iria ser consultado o Facebook da pessoa para saber se apoiava o isolamento. Ditadura pura.
01 de May / 2020 às 13h28
Se o critério para a abordagem sobre a testagem em massa for o científico, portando, seguindo a OMS, a visão do Secretário está errado. Aliás, talvez em ato falho, afirma ao final do texto que a testagem em massa está além da capacidade do sistema de saude do Estado. Todas as experiências exitosas se basearam em testagem em massa da população. Inclusive é uma premissa para o retorno efetivo da atividade econômica. Assim como errou num primeiro momento sobre as suspensão das aulas, se equivoca agora, indo de encontro ao que preconiza a OMS.
01 de May / 2020 às 16h31
OS COXINHAS DEVIAM FALAR DO MORTO VIVO DO MINISTRO DA SAUDE QUE NADA FAZ, BANDO DE IDIOTAS.. KKKKKKKKKKK