As crianças estão sentido os efeitos da quarentena imposta pela pandemia do novo coronavírus. Com as aulas suspensas, o dilema dos pais, geralmente sobrecarregados, é saber como continuar as práticas educativas e ocupar o tempo livre dos filhos. A solução tem sido recorrer à mediação tecnológica e a gravação de vídeos.
Em Juazeiro, a Secretaria de Educação criou o projeto Juazeiro Cidade Educadora e convidou professores da rede municipal para gravar as vídeoaulas de matemática, língua portuguesa, ciências/língua e natureza.
Foi criado o Portal da Educação para que os alunos recebam atividades e para que professores e coordenadores monitorem o desempenho dos alunos. Já foram gravadas cerca de 200 aulas disponíveis no canal “Aula em Rede” do YouTube. Os vídeos estão organizados em Playlists: Educação infantil, 6º ao 9º ano, Educação de Jovens e Adultos (EJA) e meditação.
Denise Simone Faria da Cruz, professora e coordenadora pedagógica da Escola Mazarello, situada no João Paulo II, têm produzido as aulas online e sobre essa mediação tecnológica no período de isolamento social ressalta que “a escola perdeu cor, cheiro, gosto e até energia sem nossos alunos, professores e a comunidade. Sentimos muito o distanciamento, mas compreendemos o quanto está sendo necessário”. Para que os alunos tivessem acesso às aulas e os desafios propostos pelos professores, ela explica que foi necessário “fazer grupos de whatsapp de cada turma para que os pais pudessem ser orientados e para retirada de dúvidas.”
As atividades são geralmente realizadas com assistência das famílias, o que tem favorecido o fortalecimento dos laços familiares. “Com a assistência nas aulas online, as famílias se apropriaram de conteúdos para o apoio de seus filhos, uma parceria no processo de aprendizagem e fortalecimento, mesmo sabendo que pode haver limitação por parte de alguns pais no uso das estratégias de ensino por alguma falta de conhecimento. Já outros criaram uma ambiência que favorece a realização das atividades registradas por meio de vídeos e fotos”, afirma Simone.
A mediação tecnológica adotada pela Secretaria de Educação tem sido uma política pública desafiadora, mas a intenção é reduzir os prejuízos causados pela pandemia. “Estamos vivendo um ano atípico. E ficar aquém de algo invisível nos entrelaça a uma ruptura desafiadora de possibilitar meios que amenizem um prejuízo visível em todas as esferas”, declara Simone.
Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Educação, Cultura e Território Semiárido (PPGEESA) e professora de Educação Infantil, Adriana Campana, considera que, na prática educativa nesse momento de pandemia, deve se pensar nas escolas, em pais, professores e principalmente na criança. “É não ter uma resposta pronta, mas tentar refletir sobre possibilidades que nos direcionem a caminhos mais suaves e significativos”. Pesquisadora da área, Adriana compara a educação infantil no passado dizendo que “cumpria apenas um papel meramente assistencialista, e atualmente entende-se que esta etapa proporciona práticas que possibilitem aprendizagens, desenvolvimento e socialização.”
Contadora de História e mãe, ela conta ainda sobre a angústia nesse momento de quarentena vivido por familiares e professores. “Famílias se sentem culpadas por não responderem às expectativas produtivas das escolas; professores e professoras que do dia pra noite devem se tornar youtubers e crianças por não entenderem a separação dos colegas, dos avós, das festas de aniversário, dos passeios, da liberdade”, detalha.
Para a professora Adriana Campana, mais do que estudar com os filhos, o momento deve ser usado para fortalecer os laços familiares. “Vamos compreender esse tempo. Nossas crianças não precisam de videoaulas nesse momento. Contações de histórias pontuais são bem vindas, porém vamos dar oportunidade de nossas crianças sejam crianças de famílias fortalecidas. Enquanto isso, vamos estudando, aprendendo e procurando respostas para a Educação Infantil em tempos de COVID-19”, aconselha.
Para conhecer mais sobre o projeto Juazeiro Cidade Educadora: acesse https://portaldaeducacao.herokuapp.com/
Por Janaina Amorim, Graduanda em Jornalismo em Multimeios e colaboradora da Agência MultiCiência/UNEB
Crédito das Fotos: Denise Simone, arquivo pessoal
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