A partir de 1630, com a crescente busca por riquezas na Terra do Açúcar, vieram para Pernambuco homens, mulheres e crianças, originários dos mais diferentes portos, aproveitando-se das facilidades oferecidas pela Câmara de Amsterdã para quem desejasse se estabelecer no Brasil Holandês.
Segundo recenseamento realizado em fins de 1645 e nos começos de 1646, o qual não inclui e nem indica o efetivo das guarnições militares acantonadas no Recife, estimado em 1.169 soldados, estariam confinados no atual bairro portuário um total de 4.660 pessoas, “entre particulares, empregados da Companhia e escravos”.
Por essa época, viviam precariamente no Recife cerca de 8 mil habitantes, segundo estimativa do cronista do Journael, publicado em Arnhem no mês de junho de 1646.
Comenta o escritor Hermann Watjen, que “algumas dessas horríveis moradas eram verdadeiras pocilgas”.
A fim de abrigar tanta gente foram reconstruídos os armazéns do porto, incendiados por ocasião da invasão (1630), aproveitando-se os sótãos dos sobrados, alguns dos quais com até oito pavimentos. Eram acomodações destinadas a “caixeiros, auxiliares de escrita e serventes”, em número de três a oito deles em cada cômodo, sob um calor asfixiante, com suas camas coladas às outras, na maior das promiscuidades; segundo se depreende de cartas do Conselho do Recife, com datas de 31 de março e 20 de dezembro de 1641: Se nós não abrigarmos essa gente em habitações coletivas, ela vai procurar alojamentos nas bodegas do porto, que são os bordéis mais vis do mundo. Ai! Do mancebo que ali cair: fica votada a irremissível perdição.
Diante de tamanha promiscuidade, não é de admirar que a vida na colônia tornou-se um verdadeiro inferno. A falta de alimentação adequada, sobretudo a ausência de vitaminas no cardápio diário, trouxe consigo o crescimento dos casos de escorbuto e outras doenças, como a hemeralopia [deficiência de visão à luz do sol; cegueira diurna], disenterias sanguíneas (ventris fluxus, Piso), moléstias do fígado, surtos de gripes, dentre outras que dizimaram um grande parte da população.
A ausência das mais comezinhas noções de higiene e de asseio corporal veio contribuir para o aparecimento de parasitas, que, por vezes, levava à morte, como testemunha Ambrosius Richshoffer em seu Diario de um Soldado (1629-1632), ao narrar a morte de certo marinheiro da sua companhia: “Apesar de o meterem, inteiramente nu, dentro de uma tina de água do mar, esfregarem-lhe fora a bicharia com uma vassoura, e vestirem-lhe uma camisa limpa, logo encheu-se outra vez deles, e não só inchou extraordinariamente como ficou cego”.
O Hospital do Recife, localizado junto ao Forte de São Jorge, quando da epidemia de 1646, tornou-se insuficiente para abrigar tão grande número de doentes.
Pierre Moreau, que acompanhou os últimos anos da presença holandesa em Pernambuco, acerca das doenças que dizimavam a população é conclusivo em suas observações:
Eram doenças comuns como o escorbuto, o fluxo de sangue e os vermes engendrados nas serosidades corrompidas de seu sangue e que apareceram em todas as partes de seus corpos, dos quais se arrancava a pele, mas ficavam sempre alguns óvulos que originavam outros. Trezentos ou quatrocentos sucumbiram mortos pela debilidade, alguns nos hospitais outros, por vezes, no meio da rua.
O cemitério em questão, com as ossadas desses mortos, foi recentemente descoberto quando das escavações realizadas nas proximidades da Igreja do Pilar no Bairro do Recife.
Leonardo Dantas Silva- Escritor e historiador
4 comentários
28 de Mar / 2020 às 23h04
Pessoal, existe uma vaquinha coletiva organizada por médicos, empresários, outros profissionais de saúde e de outros segmentos. https://www.vakinha.com.br/vaquinha/compra-de-respiradores-para-coronavirus. Vocês se quiserem procurem nos blogs e instragram para verificar a veracidade.
29 de Mar / 2020 às 08h30
BOLSONARO TA PIORANDO A VIDA A SAUDE A ECONOMIA BOLSONARO ENGANOU O BRASIL
29 de Mar / 2020 às 09h08
E os governadores comunistas do bloco anti governo/Brasil se deram mal DE NOVO. Com os trabalhadores revoltados contra eles, que tentaram prejudicar o Brasil e o governo, ainda tem a CLT, mas precisamente no seu artigo 486 que diz : “No caso de paralisação temporária ou definitiva do trabalho, motivada por ato de autoridade municipal, estadual ou federal, ou pela promulgação de lei ou resolução que impossibilite a continuação da atividade, prevalecerá o pagamento da indenização, que ficará a cargo do governo responsável.” Kkkkk
29 de Mar / 2020 às 14h34
A soluçao é urgentemente a Câmara e o Senado aprovar o imposto sobre as grandes fortunas. Os ricos vão ter que contribuir para impedir o avanço do coronavirus. Eles têm sido os mais afetados pela doença. É para o próprio bem deles.