Governos de Estado, prefeitos e câmaras de vereadores fazem seus decretos para prevenir a contaminação do coronavírus. As medidas atingem em cheio a população consumidora e que frequenta bares e restaurantes, shoppings, aeroportos. Mas e a comunidade pobre onde falta até água e sabão para lavar as mãos e fazer uma higienização pessoal e doméstica?
Existem casos em que o vaso sanitário é um buraco onde são despejados os excrementos. Os riscos e as probabilidades de contágio por Covid-19 são muito maiores quando se trata de uma contaminação comunitária ativa, como se vê nos noticíarios.
A Defensoria Pública da União (DPU) em conjunto com a Defensoria Pública do Estado de Pernambuco (DPPE) firmaram, recomendações administrativas para a adoção de medidas urgentes no sentido de proteger a população em situação de rua. Os defensores recomendaram que o governador Paulo Câmara destine de recursos, por meio de repasses fundo a fundo ou outro meio adequado e legal, aos Fundos Municipais de Assistência Social e aos Municípios, a fim de garantir a ampliação da assistência social às pessoas em situação de rua.
Além disso, que haja a manutenção do funcionamento dos equipamentos e serviços que atendam à população em situação de rua e de espaços públicos educacionais e esportivos que estejam com a utilização suspensa e que contenham equipamentos sanitários aptos à higiene pessoal, para acomodar e para permitir a higiene básica, adotando-se as cautelas necessárias para evitar-se aglomeração das pessoas em um mesmo espaço.
Aglomerados urbanos e rurais carentes ou com alta densidade populacional, em situação de favelização, são o grande temor de muitos especialistas. Neles, inimigos antigos se aliam ao coronavírus: a falta de água e saneamento, o desemprego e as estruturas familiares e residenciais.
“Às vezes, nesses lugares, não tem água encanada, recursos, não tem banheiro e, quando tem, o banheiro por vezes tem péssimas condições. São casas juntas demais. Isso tudo deixa eles mais vulneráveis”, diz Fátima Nepomuceno, médica de família há 24 anos. Fátima integra hoje a coordenação das equipes de Saúde da Família. Medo por eles? “Sim, muito”, afirma, sobretudo ao mencionar os idosos.
A Central Única das Favelas (Cufa), que atua em todo o Brasil, fez um alerta e divulgou um documento propondo medidas para reduzir o “enorme impacto da pandemia nas favelas”, que “visa um público fora das medidas formais adotadas” pelas autoridades. Em particular “os que se encontram economicamente fragilizados e habitantes em território de desigualdade”. Entre as cobranças da Cufa estão a distribuição gratuita de água sanitária, sabão, álcool em gel e aluguel de quartos ou pousadas para idosos.
Cristiane Oliveira, de 29 anos, via o filho Riquelme (2 anos) e o neto Benjamin (3 anos) tomando banho e desdenhava do impacto do coronavírus entre vizinhos e na mesma condição de vulnerabilidade que a dela: “Pobre não tem medo de pegar esse negócio porque a fome mata mais. A diferença é que ninguém faz passeata para isso”.
Redação RedeGN Foto Ilustrativa com informações DP IBGE
1 comentário
22 de Mar / 2020 às 23h05
Pois é, que falta faz o dinheiro que o corruPTos enviaram para ditaduras comunistas. O dinheiro desviado das olimpíadas, da copa de futebol.... pois é: quantos hospitais dava para construir com o dinheiro de Pasadena, do Porto de Mariel, daquele aeroporto fantasma em Moçambique... o Brasil está virando uma Venezuela.