Exportação de frutas do Brasil bateu recorde em 2019. Na semana passada, inclusive, a China, após sete anos de negociações, havia aberto os mercados para o melão brasileiro. Mas, no meio deste caminho, o avanço do coronavírus no país asiático e no mundo coloca o setor em alerta
Com o avanço do novo coronavírus pelo mundo, as preocupações quanto aos impactos na economia global se elevam por parte de investidores e dos governos, principalmente devido à possibilidade de uma recessão. Embora os reflexos ainda sejam indefinidos, várias instituições têm reduzido as perspectivas de crescimento mundial.
Na China, onde a doença se originou, os efeitos são ainda mais intensos: a interrupção das atividades industriais, comerciais e de serviços, devido ao período de quarentena, afeta não só a atividade econômica, mas também o consumo. Caso este cenário se mantenha, as exportações brasileiras de frutas podem ser afetadas.
Isoladamente, a China não se caracteriza como grande compradora das frutas brasileiras no mercado internacional. No entanto, há de se considerar que países concorrentes nos envios de frutas ao país asiático podem ter seus embarques limitados. A solução? Destinar as exportações a outros demandantes, os quais podem ser concorrentes diretos do Brasil.
As exportações peruanas de manga à China, por exemplo, estão paralisadas. Segundo notícia do portal Fresh Plaza, este cenário preocupa produtores locais, já que, em 2019, cerca de 10 mil toneladas da fruta foram enviadas a este destino. A solução, enquanto os embarques não são normalizados, está em intensificar a exportação para outras localidades, especialmente para países da Europa, principal destino das exportações de frutas brasileiras.
Na Itália, país mais atingido pelo vírus em toda a Europa, as atividades também estão paralisadas. Segundo a Reuters, produtores temem, além da falta de comercialização durante o período de quarentena, que o comércio de produtos locais seja prejudicado pelo medo da contaminação.
O maior impacto à fruticultura exportadora do Brasil, portanto, seria uma possível redução da demanda europeia, diante da paralisação e/ou redução da comercialização no bloco e da maior concorrência entre os países. Para muitas frutas, este impacto ainda é incerto, já que o período de maiores exportações nacionais é o segundo semestre – como é o caso da uva, melão, melancia e da manga. Contudo, colaboradores do Hortifruti/Cepea já têm relatado certa redução da demanda internacional por manga e lima ácida tahiti (sendo que, para a segunda, o principal período de envio é justamente o primeiro semestre).
Este também é o caso da maçã, cujos impactos podem ser maiores, já que o primeiro semestre é o principal período de comercialização. Neste ano, especificamente, a elevada oferta de frutas miúdas (preferidas nos principais destinos da maçã brasileira) trazia boas expectativas quanto aos envios em 2020.
Vale lembrar que, além das questões comerciais, outro fator que pode impactar nas exportações de frutas do primeiro semestre é a chuva mais frequente nas principais regiões produtoras do Brasil, em especial no semiárido – responsável pela maior parte dos envios brasileiros. Recentemente, as chuvas já afetaram a qualidade de melões, melancias, mangas e uvas, o que também impactou os embarques internacionais.
RedeGN com informações HFBrasil
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