Petrolina dos missais, da passagem e dos sonhos. Somos todos remeiros filhos desta mãe gentil, leito de muitos rios e histórias tangidas por silenciosos tropeiros. Para comemorar os 124 anos da mesma vela, por onde ventam dor e riso, vale rimar rima com rima, cari com cariri, veios e vertentes. Vale um bronze ao sol, um brinde à flor do Chico, um brado vaqueiro pra remar remo com rima.
Canção de pedra, catedral e padroeira. Nestas mesmas águas turvas e cristalinas, teus filhos alegres, tristes e poetas pintam as flores da ribanceira do rio com as cores deste céu Celestino em aquarela. Mais que um dom, Malan, um tom sincero de repentistas e lavadeiras, entre os claros e escuros do sangue negro de Ana, dos segredos e mistérios da mata branca, ca-a-tin-ga.
Petrolina é a mesma luz do sol que encandeia, da noite longe que mora em mim e a natureza ela conservou: ora pião, ora ponteira. É vapor e é barca, barcarola e beira, carranca e apito de trem. Pássaro de muitas raízes e rara plumagem, ela também é menina e, pode prestar atenção, ao sorrir, todo vale se ilumina. O Juazeiro, menino que mora ao lado, todo dia dá psiu mas o rio não deixa os dois se abraçar. Quando dorme a ponte e o Nego D'água vai fazer amor lá nas funduras, fica só a brisa que vai e vem, um bem que vem e volta feito maretas e marolas de um canto, espaço e tempo onde todo lado é bonito.
Agora mulher, que brilha e se equilibra nos ventos da modernidade, desponta a atriz, o artístico e a sonoridade do corpo, da alma e da liberdade. Do canto sambado que vem da ilha e Dona Amélia replica pelos quatro cantos da cidade. Amanhã, quando ouvirmos os dobrados e marchas da Setembrina, que não nos falte a fé em Deus e a crença nos homens, mulheres e crianças destas terras fartas e férteis de Pedro e Lina. Portentoso luzeiro que Jesus abençoou com sua mão divina.
Viva Jorge de Altinho, Patativa do Assaré, Luiz Gonzaga, Geraldo Azevedo, Maciel Melo, Moraes Moreira, Alceu Valença, Pedro Raymundo do Rêgo, Maurício Ferreira, Mauriçola, Caetano Veloso, Celestino Gomes, Antonio de Santana Padilha e Cid Carvalho. Salve, salve Petrolina!
*Carlos Laerte *Poeta, jornalista e publicitário
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