Elton Duarte Batalha
O Ministério da Economia prepara algumas medidas que buscam conceder incentivos aos agentes produtivos, ao empreendedorismo e à flexibilização das regras de modo a facilitar a qualificação e contratação de trabalhadores. Ainda que tais instrumentos estejam em fase de estudos, nota-se a congruência do projeto com a tendência do governo Bolsonaro no sentido de retirar possíveis entraves jurídicos para o desenvolvimento da economia nacional. É necessário, porém, uma análise acurada da referida iniciativa no que toca à respectiva efetividade e às consequências sobre os direitos dos trabalhadores.
Na versão atualmente em discussão, o pacote de medidas é formado por dez pontos. Por enquanto, tais tópicos, conforme informações publicadas na imprensa, foram discutidos somente com um grupo de empresários e banqueiros, fato que pode fazer com que a legitimidade do projeto seja colocada em discussão, uma vez que não envolve outros grupos da sociedade civil, conferindo-lhe maior caráter democrático. Mesmo que a última decisão seja, evidentemente, do governo, ouvir a opinião de setores da comunidade que eventualmente sejam atingidos pelo mencionado pacote tende a diminuir a tensão que possa surgir de tais mudanças.
No campo do incentivo aos agentes produtivos, destacam-se três pontos. Primeiro, determina-se uma parceria com agências de emprego para recolocação de um trabalhador no mercado, garantindo-se a tais instituições metade do valor do seguro-desemprego que o beneficiário receberia caso não tivesse sido contratado. Ademais, preconiza-se compensação financeira para empresa que qualificar o trabalhador com parte do PIS/PASEP, caso empregado, ou recursos do sistema S ou de filantrópicas de educação, em caso de desempregados e autônomos. Por fim, vislumbra-se a desoneração temporária da folha de pagamento (provavelmente por seis meses), com a redução de 50% no FGTS, para a empresa que contratar profissional desempregado há mais de dois anos ou jovem, sendo tal medida custeada por recursos do sistema S e renúncia fiscal do governo.
No que tange à flexibilização de regras, há medidas de desburocratização: uma delas determina a liberação de recursos das empresas para investimentos, permitindo a substituição de tais valores, hoje depositados para fins de recurso na Justiça do Trabalho, por uma espécie de seguro; outra ação busca redefinir o formato do Microempreendedor Individual (MEI), com diversos limites de renda e aumento do número de empregados (de um para dois); há, ainda, a proposta de diminuição ou privatização do Sistema Nacional de Emprego (SINE), elemento visto como de reduzida utilização pelo governo. Por fim, uma ação de transparência será tomada com a criação do CERTSimples, serviço que facilitaria o acesso dos bancos às informações sobre micro e pequenas empresas, diminuindo os juros para créditos em favor de tais entidades.
Quanto ao empreendedorismo, há a iniciativa de ampliar a oferta de microcrédito em relação a pessoas que não tenham comprovação de renda e baixa educação financeira. É medida bastante salutar, pois permite que indivíduos com baixo grau de empregabilidade consigam iniciar algum pequeno negócio de forma a garantir a própria subsistência. Cabe lembrar que Muhammad Yunus, vencedor do Prêmio Nobel da Paz em 2006, destacou-se internacionalmente por fazer algo similar em Bangladesh, com resultados muito positivos.
Alguns pontos, porém, demandam maior detalhamento. Um deles é a tentativa de redução do número de aposentadorias por invalidez por meio da reabilitação dos respectivos beneficiários para exercício de alguma atividade. É da própria essência do referido tipo de aposentadoria a incapacidade laboral total e permanente do cidadão. Assim, é necessário que a sociedade fique alerta para evitar que a dignidade humana, fundamento da República Federativa do Brasil (artigo 1º, §3º, da Constituição Federal), não seja colocada em segundo plano na busca por diminuição de gastos no sistema de seguridade. Outro ponto a ser observado diz respeito ao "Emprega +", que consiste em fornecimento de voucher para que o desempregado se qualifique, pois não há clareza quanto à fonte de financiamento de tal medida. Em momento de desequilíbrio das contas públicas, tal aspecto não pode ter sua importância diminuída.
Há, em suma, um grupo de medidas que parecem positivas de modo geral, ainda que demandem maior detalhamento em certos pontos e discussão mais ampla com a sociedade. Em um momento de reformulação das instituições nacionais, com reformas nos âmbitos previdenciário e tributário, por exemplo, a adoção de iniciativas que fortaleçam o combate ao desemprego é fundamental econômica e politicamente para o governo Bolsonaro, pois o investimento dos empresários depende da confiança que tenham em um ambiente de segurança jurídica e o humor da maioria dos eleitores tende a variar conforme sopram os ventos da economia.
Elton Duarte Batalha – Professor de Direito da Universidade Presbiteriana Mackenzie. Advogado. Doutor em Direito.
13 comentários
13 de Sep / 2019 às 00h51
Tudo piorou com Bolsonaro. Amigo lugar de maluco eh no hospital psiquiátrico. Bolsonaro na Cadeia de Xilindro
13 de Sep / 2019 às 00h53
Bolsonaro e filhos só fala em fazer ditadura. Isto eh crime. Bolsonaro se quer ditadura deveria ir morar na Venezuela
13 de Sep / 2019 às 00h59
Deus proteja o Brasil de Ditadura sanguinaria que mata jornalistas fechar jornais perseguição a liberdade. Fora Bolsonaro Viva a democracia. Viva o blog
13 de Sep / 2019 às 01h01
*A Bancada Evangélica foi a bancada que mais votou contra a população* A bancada evangélica sempre se colocou como defensora da família, da justiça, da moral e dos bons costumes. Mas na prática é bem diferente: a bancada sempre votou a favor das reformas antipopulares, prejudicando mais as famílias brasileiras. Confira as reformas que deputadas e deputados evangélicos apoiaram no congresso. *Terceirização* A bancada evangélica deu apoio para aprovação do Projeto de Lei (PL) 4302/98, que permite a terceirização de todas as atividades das empresas. A terceirização é uma precarização das con
13 de Sep / 2019 às 01h06
Quim e Fernando e Ery apoia Laranjas Queiroz e ou Milicianos e Ditadura?????Bolsonarismo doente mental quer Ditadura para matar oponente ou contrarios ou instinto de homicidas?????
13 de Sep / 2019 às 01h11
Vamos valorizar os blog As TV são de bilionários que são anti Trabalhadores. Quim e Fernando vem p o lado dos Oprimidos Trabalhadores?
13 de Sep / 2019 às 01h14
Bolsonaro ta queimando o Brasil. Desemprego aumenta. Gasolina aumenta. Insegurança aumenta.
13 de Sep / 2019 às 01h17
Bostanaro demitir delegado e policiais que investiga Laranjas de filhos teus ta errado. Moro ajudando esconder QUEIROZ ???
13 de Sep / 2019 às 01h29
Bolsominios comendo calado com Bolsonaro em Brasília???? Enquanto Trabalhadores sofrem com AVANÇO do desemprego?
13 de Sep / 2019 às 07h29
Futuro eh conversa de demagogo. No presente Bolsonaro ta aumentando desemprego fome miséria perseguição insegurança milícias Laranjas . Bolsonaro pior que esterco de Vaca profana
13 de Sep / 2019 às 07h32
Bolsonaro Moro Ricos de barriga cheia???Hoje o povo trabalhadores jornalistas pedreiro padeiros professores estudantes barriga vazia
13 de Sep / 2019 às 08h52
O psicopata está transformando o Brasil numa Venezuela literalmente. Alô patos, coxinhas e bolsominions (Fernando, Quim, Erry, Taciano e cia), preparem o passaporte e caiam fora, o barco do capitão herege está afundando num mar de merda. kkkkk
13 de Sep / 2019 às 18h33
Professor Doutor: entre suas indagações e suposições eu fico com a equipe econômica do governo, que além de advogados doutores também tem economistas e vários outros profissionais da área. Quanto a terceirizações eu apoio, porque vai dar chance a gente nova, que quer e precisa trabalhar. Quanto aos comentários fake feitos pela pessoa que nós e a Civil conhecemos, nada a considerar.