Em uma sessão marcada por tumultos e bate-bocas entre os deputados, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, voltou a questionar nesta terça-feira (2) a autenticidade das mensagens divulgadas pelo site The Intercept Brasil. Moro reiterou, em audiência na Câmara dos Deputados, que o conteúdo publicado pode ter sido editado.
"O que existe é um escândalo fake já afundando. Meu depoimento é igual ao do Senado porque reflete a verdade", disse Moro. “Não reconheço, mais uma vez, a autenticidade de um material que não tenho. O que se tem presente é que não tem nada ali de conteúdo ilícito”, completou Moro.
O ministro argumentou que não conduz nenhuma investigação da Polícia Federal sobre eventual ataque hacker aos celulares dele e de procuradores da Lava Jato. Moro, no entanto, acompanha o caso como vítima.
“O que eu observei, no entanto, é que essas mensagens, quando foram divulgadas, foram divulgadas com grande sensacionalismo e com deturpação do sentido delas por esse site. Alguns outros veículos de comunicação embarcaram nesse sensacionalismo e me parece que as coisas estão paulatinamente sendo colocadas no devido lugar”, argumentou.
A audiência reuniu o convite de três comissões da Câmara: Constituição e Justiça (CCJ); de Trabalho, Administração e Serviço Público; de Direitos Humanos e Minorias. Na abertura, o ministro disse que “são coisas absolutamente triviais no cenário jurídico” brasileiro conversas entre juízes, membros do Ministério Público e advogados.
“Vamos esclarecer que, na tradição jurídica brasileira, é comum que juízes falem com procuradores, é comum que juízes falem com advogados”, afirmou. “Isso são coisas absolutamente triviais dentro do cenário jurídico”, acrescentou.
Para Sergio Moro, o site The Intercept quer ser "mártir da imprensa", por não ter consultado as partes envolvidas nos diálogos antes da publicação. O ministro também acusou “Esse mesmo site [The Intercept], no dia 13 de junho, divulgou outras mensagens sem qualquer espécie de consulta prévia, o que é um expediente em jornalismo um tanto quanto reprovável. Fiquei com a impressão de que o site queria que fosse ordenada uma busca e apreensão, talvez para aparentar uma espécie de vítima, um mártir da imprensa ou coisa parecida”, disse.
O líder da oposição, deputado Alessandro Molon (PSB-RJ), questionou a Moro se ele havia aconselhado advogados do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nos processos na Lava Jato. "O que estamos debatendo não é o conteúdo, mas como se comportou na presidência do processo", argumentou Molon.
O ministro reagiu afirmando que “não tinha uma relação com o advogado do ex-presidente porque ele adotou uma atitude beligerante, beirando as ofensas em praticamente todas as audiências”. Em seguida voltou atrás e afirmou que “Ele [Cristiano Zanin, advogado de Lula] quis contraditar um acusado, e contradita é um expediente direcionado exclusivamente a testemunhas. E eu discretamente dei um toque, falei ‘doutor, tem certeza de que vai contraditar um acusado? ’ Ele percebeu que estava entrando num erro e recuou".
Para a líder da Minoria, deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), o ministro se comportou como "sócio da acusação" nas supostas conversas divulgadas pelo site The Intercept.
"O senhor se comporta como sócio da acusação, como chefe dos acusadores. Algo tão grave não pode ser algo que tenho dúvidas que fiz. Fez ou não fez? É crime ou é normal? Tire o senhor como personagem. Imagine: o senhor diria para um aluno que o juiz deve fazer isso? Diria para um aluno cometer uma atrocidade dessa aqui"?, questionou a deputada.
A deputada também criticou a “falta de memória” de Moro por não se lembrar de fatos como o diálogo com indicação de testemunha para os procuradores da Lava Jato. “Nos diálogos que estou lendo, há violação da Constituição, do Código de Processo Penal e do Código de Ética da Magistratura. Há uma violação imensa na legalidade da tradição jurídica brasileira”, disse.
O vice-líder do governo, deputado José Medeiros (Pode-MT), afirmou que inicialmente divulgava-se que “o mundo iria cair” com a publicação das supostas mensagens, mas acabou não acontecendo. Para Medeiros, a divulgação tem como objetivos a libertação do ex-presidente Lula; a desconstrução da Lava Jato; e dar uma grande derrota ao governo.
O líder do PSL na Câmara, deputado Delegado Waldir (GO), fez uma defesa exaltada do ministro Sergio Moro durante praticamente toda a audiência. O parlamentar chegou a pedir que questionamentos fora a suposta troca de mensagens fossem proibidos na comissão.
“O Parlamentar que usar da palavra para falar de assunto que não seja referente a esse assunto aqui, que seja cortada a palavra dele, senão, nós não vamos permitir a continuidade desta audiência”, pediu o deputado. A solicitação, contudo, não foi acatada pelo presidente da Comissão de Constituição e Justiça, deputado Felipe Franceschini (PSL-PR), que presidiu parte da sessão.
Segundo Delegado Waldir, as manifestações realizadas no fim de semana passado em apoio ao ministro Sergio Moro e à Operação Lava Jato mostraram que o país estava “ansioso por justiça, ansioso por combate à corrupção”.
Após quase oito horas de audiência, o deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) afirmou que “a história não absolverá” o ministro, que será lembrado “pelos livros de história como o juiz que se corrompeu, como um juiz ladrão”.
A fala do parlamentar gerou um forte tumulto na comissão e congressistas da base do governo fizeram um cordão de isolamento para retirar o ministro da sessão, encerrando de forma brusca a audiência sem que os deputados ainda inscritos pudessem fazer questionamentos a Sergio Moro.
Com informações da Agência Brasil
12 comentários
03 de Jul / 2019 às 07h47
Agora pensem comigo: Por que será que o INTERCEPT ainda não submeteu essas supostas mensagens atribuídas ao Sergio Moro a uma perícia técnica (ainda que não fosse só da PF ) mas até que fosse independente? Oras, mas nós não vivemos no país do "quem não deve, não teme?" Se essas mensagens fossem realmente autênticas, ou seja, sem adulteração, como o Glen Greenwald afirma ser, não tem problema nenhum. Inclusive isso reforçaria ainda mais a credibilidade do Site INTERCEPT (que tem PT até no nome). Tem criminoso que tá se pelando de medo de que a investigação possa chegar até ele...
03 de Jul / 2019 às 08h06
ESPETÁCULO VERGONHOSO,PROPORCIONADO PELOS POLITICOS DA ESQUERDA,ASQUEROSOS,NOJENTOS,GROSSEIROS,MAU EDUCADOS,CORRUPTOS,LADRÕES,INÚTEIS,DEFENSORES DE BANDIDOS ,SE VALENDO DE UM CRIME PARA QUEREREM DAR LIÇÃO DE MORAL EM MORO.COM QUE MORAL ?DEVERIAM SER BANIDOS DA VIDA PUBLICA.CADE O CONSELHO DE ÉTICA ?OU ELES JA ROUBARAM ATÉ A ÉTICA?
03 de Jul / 2019 às 08h50
PELOS ACONTECIMENTOS O ARTIGO PROMETIDO POR OTONIEL GONDIM AO BLOG E AOS SEUS LEITORES SERÁ ESTRONDOSO. TEM PANOS PARA MANGA DEPOIS DOS ACONTECIDOS. OS EXTREMISTAS DE DIREOTA SOFRERÃO, APOSTO QUE SIM, POIS, GONDIM INVENTA E SE REINVENTA COM MAESTRIA A CADA ARTIGO QUE ESCREVE. GERALDO JOSÉ, APRESSE O CARA! OBRIGADO PELO ESPAÇO.
03 de Jul / 2019 às 09h44
ESSE JUÍZ DESmoroNOU
03 de Jul / 2019 às 10h10
Este juizeco pensa que o brasileiro é idiota. Depois de fazer tantas sabotagens no processo que condenou o ex-presidente Lula, vai a câmara e ao senado e não responde às perguntas dos parlamentares a respeito de sua conduta imoral, maculada na condução do processo. Olhe abaixo o tratamento que as mídias brasileiras e internacionais publicaram na data de hoje.
03 de Jul / 2019 às 10h12
O Brasil acordou diferente nesta quarta-feira, sob o impacto de outro 2 de julho histórico. Quase 200 anos depois da Independência da Bahia, a terça-feira 2 de julho de 2019 marca a virada, o grito de independência depois do tempo sombrio do ódio e da extrema-direita: Bolsonaro foi alvo de uma estrondosa vaia no Mineirão, foi chamado de “traidor”, aos gritos, por delegados no Congresso Nacional, enquanto Sérgio Moro era chamado de “juiz ladrão” e massacrado na audiência sobre a Vaza Jato na Câmara dos Deputados e na imprensa internacional.
03 de Jul / 2019 às 11h10
Sérgio moro a salvação da nação.
03 de Jul / 2019 às 12h10
O Dep. GLAUBER braga (psol-RJ) chamou o Ministro SERGIO MORO de LADRÃO? Ofendeu a pessoa errada! O ladrão está preso em Curitiba, o ladrão quebrou o país, matou milhares de pessoas por falta de atendimento numa saúde falida, o ladrão corrompeu uma geração de estudantes com uma educação sucateada, o ladrão vendeu a Pátria para as empreiteiras, o ladrão financiou as ditaduras, africanas, venezuelana, cubana e contou com a cumplicidade dos narcotraficantes das Farcs para financiar seu sórdido projeto de poder. Proponho que o nome desse deputado seja execrado para sempre em toda mídia...
03 de Jul / 2019 às 13h09
Um juiz sendo questionado um bando de LADRÕES.
03 de Jul / 2019 às 13h24
Este juizeco pensa que o brasileiro é idiota. Depois de fazer tantas sabotagens no processo que condenou o ex-presidente Lula, vai a câmara e ao senado e não responde às perguntas dos parlamentares a respeito de sua conduta imoral, maculada na condução do processo.
03 de Jul / 2019 às 17h30
ALFINETARAM O SUPER INFLÁVEL, QUE COMO PREVISTO "desMOROnou" KKK, QUEREMOS NOSSA DEMOCRACIA DE VOLTA # LULA LIVRE
03 de Jul / 2019 às 21h36
Esse aí está desmoralizado. Mesmo que não seja demitido , vai ficar por aí como um zumbi. Uma figura decorativa, sem credibilidade. O Bolsonaro ainda não o demitiu, talvez porque fez ele largar a magistratura com a promessa de ser ministro do STF. O ministro do STF Marco Aurélio de Melo comentou outro dia: "...Como é que se deixa um cargo efetivo dessa forma? Menosprezo à magistratura? Se foi, ele não está credenciado para o Supremo.”