Desde o início do ano, o Brasil já promoveu a liberação de aproximadamente 200 tipos de novos agrotóxicos para utilização no País. Mais de um por dia. O número é assustador e transformou o mercado brasileiro o maior importador de produtos do gênero no mundo. Para debater este assunto, o deputado federal Felipe Carreras aprovou, na Comissão de Defesa do Consumidor (CDC) da Câmara dos Deputados, um requerimento solicitando a realização de Audiência Pública sobre agrotóxicos. A iniciativa do parlamentar, apoiada pelos demais membros da CDC, reunirá, pela primeira vez, a ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina Corrêa, e o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, para responderem os questionamentos dos parlamentares sobre o alto índice de pesticidas autorizados no Brasil. A audiência deve ser realizada até a primeira quinzena de julho.
O objetivo do deputado pernambucano é entender o processo de liberação dos agrotóxicos em 2019. A nova lista reúne 16 produtos classificados no grau de risco toxicológico mais elevado, segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). "O cenário é preocupante. Queremos saber como acontece a interlocução entre os dois ministérios para a liberação massiva e, principalmente, como foram feitas as avaliações de impacto na saúde da população. Não podemos achar normal o brasileiro estar consumindo veneno com o consentimento do Estado", afirmou.
O parlamentar ainda enfatizou que a cobrança sobre o assunto é responsabilidade do parlamento com a saúde dos brasileiros. "Nada melhor do que um ambiente democrático, equilibrado e respeitoso para realizarmos um debate saudável entre o governo e os representantes do povo, que somos nós parlamentares", argumentou Felipe Carreras.
Durante a reunião da Comissão, onde foi apresentado o requerimento, o deputado federal Célio Moura revelou que, em outro evento, a ministra da Agricultura ignorou os riscos dos pesticidas para a saúde. "Convidamos a ministra para um evento da Comissão do Meio Ambiente e na oportunidade ela disse que não existe agrotóxico, existe o remédio das plantas. Diante disso, acho que o requerimento é de suma importância para conseguirmos respostas sobre um problema grave", defendeu.
Na ocasião, o deputado Felipe Carreras mostrou sua indignação com a fala da ministra e pediu equilíbrio. "A gente sabe que mesmo quando precisamos de um remédio, temos que ter certo cuidado. A medicação ingerida em dose errada e abusiva é extremamente maléfica para o ser humano. A diferença entre o remédio e o veneno é a dose. É a mesma lógica com o agrotóxico", alertou.
A falta de informações oficiais do Governo Federal sobre os índices de agrotóxico também foi alvo de críticas durante a reunião. A última informação do Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (PARA), criado para realizar o acompanhamento, é referente ao triênio 2013 a 2015. "Há três anos o consumidor não sabe qual o índice de contaminação das substâncias no alimento que chega a sua mesa. Vamos cobrar transparência e esperamos que, até a data da Audiência Pública, o Governo Federal disponibilize alguma pesquisa oficial sobre os agrotóxicos consumidos em nosso País", reforçou Carreras.
Além dos dois ministros, também foram convidados representantes da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), do Instituto de Defesa do Consumidor (Idec) e estudiosos da Universidade de Brasília (UNB) e da Universidade de São Paulo (USP).
Ascom
3 comentários
16 de Jun / 2019 às 06h44
Estamos todos condenados e com mais ênfase os países em desenvolvimento, pois é este o endereço de tudo que não presta produzido pelo primeiro Mundo. Estes venenos terríveis estão causando um impacto sem precedentes na saúde do nosso povo, haja vista o número de pacientes do TFD, e o destino da maioria destes desafortunados Hospital Aristides Maltes. A ânsia de lucro faz vender a própria morte.
16 de Jun / 2019 às 09h01
Até quando vamos nos manter passivos, frente a uma ameaça às nossas vidas? será que ainda não viram, o espectro da morte a rondar o nosso batente como um cão faminto, disfarçado de um novo batismo(defensivos agrícolas). Não se enganem o nome correto é veneno.Modificadores orgânicos e terríveis cancerígenos.
17 de Jun / 2019 às 11h45
Não foram aprovados 200 novos agrotóxicos. No Brasil a simples mudança de nome fantasia é novo registro, a troca de um componente, entre outras tantas questões que não envolvem análise de especialista, também, são novos registros. Produtos biológicos também são tratados como agrotóxicos. Novo agrotóxico é um ingrediente ativo que não existia antes. No ano passado foram aprovados 2 produtos novos, este ano ainda nenhum. Os 200 que causam celeuma são genéricos e biológicos!!