Na metáfora proferida pelo Ministro da Economia, Paulo Guedes, durante a Audiência sobre a Reforma da Previdência, na Comissão de Finanças e Tributação-CFT, da Câmara dos Deputados, mais precisamente ele disse que: “com crescimento de apenas 0,6% ao ano nos últimos oito anos, o Brasil é uma baleia ferida arpoada várias vezes, que foi sangrando e parou de se mover. Precisamos retirar os arpões, consertar o que está equivocado”. Até poderia parecer uma frase de efeito como tantas que são utilizadas no linguajar impactante do dia a dia, se não encerrasse uma triste verdade que afeta o nosso Brasil dos dias atuais. É impossível dissociar tantas imoralidades praticadas na vida pública deste país, das máculas provocadas à nossa economia, com consequências danosas à própria imagem do Brasil no conceito mundial, e que vieram à tona nos últimos tempos. E, sem medo de errar, podemos dizer que tinha – e ainda tem -, muita sujeira embaixo do tapete!
Quem assistiu ao debate pela TV Câmara, pôde ver que de um lado havia um técnico com Doutorado em economia público-privada em todos os sentidos, às vezes ríspido e arrogante, e que deu muito trabalho a dois Assessores que, ao seu lado, tentavam controlar os seus ímpetos de respostas mais agressivas, face a certas perguntas insidiosas. Do outro lado, alguns Deputados mais preocupados em atingir duramente o governo e exibir uma postura pessoal político-ideológica e partidária, onde um presidiário é quem domina as suas convicções, deveriam contestar com argumentos pertinentes os pontos da Reforma que consideram nocivos aos brasileiros e que tanto falam em rejeitar.
Atravessamos hoje um tempo em que muitos exibem um sentimento de temeridade diante da presença de elevado número de militares compondo a equipe de governo. Obviamente, que a memória não apaga algumas lembranças negativas dos 21 anos do domínio militar, de 1964/1985, a competir com muitas ações positivas de governo, com destaque para um período de ordem, segurança, trabalho e economia sólida. Pecou, fundamentalmente, pelo rompimento com os princípios democráticos. Então, foram muitos os que participaram de lutas pacíficas pela recuperação da liberdade e do direito de eleger os seus governantes pelo voto popular, com ênfase no grande movimento das “DIRETAS JÁ”.
Difícil é esquecer, contudo, que os principais líderes, arautos dos movimentos populares pela reconquista desses direitos, e que receberam os poderes através do voto livre, tornaram-se indignos e traidores dessa confiança que lhes foi outorgada pelo povo. Os processos judiciais correntes e a prisão de muitos deles, são a prova eloquente de que se serviram do poder em benefício próprio de forma criminosa e irresponsável. Ou seja, como diz um dito popular: “foram com muita sede ao pote”. E deu no que deu...!!!
Todo esse contexto nos induz a uma reflexão sobre uma prática que perdura desde a Ditadura Militar, que usava dos Decretos-Leis como forma de impor a sua vontade, e os nossos ilustres “democratas” apenas mudaram o nome para “Medidas Provisórias” e legalizaram a norma ao inseri-la na Constituição de 1988. Já na minha crônica de 07/06/2014, sob o título MEDIDAS PROVISÓRIAS: UMA DITADURA DISFARÇADA? – exatos cinco anos atrás -, eu já questionava o contrassenso e a incoerência entre o discurso e a realidade: “Imaginar que já foram editadas 1.230 MPs desde a eleição de Tancredo/Sarney em 1985 até Dilma Rousseff em 2010/2014, significa que existe uma distância muito grande entre o discurso político e a realidade”, quando assumem o poder!
Pasmem os leitores, mas, nesse espaço de 29 anos, o ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, foi o que mais emitiu MPs, num total de 419 em 96 meses, ou média de uma a cada 6,8 dias! Ouvi um Deputado do PT dizer da tribuna da Câmara, na última semana, que o Bolsonaro precisa parar de legislar por Medidas Provisórias, porque é uma afronta ao Congresso Nacional! Ouvir isso de um petista é, simplesmente, uma insanidade chocante, ou testemunhar uma cega paixonite por um mito no ostracismo!
Os tristes acontecimentos dos últimos tempos dão bem a dimensão da quantidade de arpões que atingiram essa grande baleia, que é o Brasil. Se ao retirar um dardo introduzido numa baleia são grandes os estragos, não serão menos dolorosas as providências a serem adotadas para recuperar e reerguer este país ferido! Concluo, com a frase final do Paulo Guedes, em complemento ao que disse acima: “Não tem DIREITA, nem ESQUERDA. Precisamos consertar a economia brasileira”.
Autor: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público – Salvador-BA.
12 comentários
09 de Jun / 2019 às 23h09
Algo é verdade: a coisa está embolada. Existe uma misturada de direita, esquerda, e não sei lá mais o quê, que estão brigando o tempo todo, sem chegar a lugar nenhum. O Artigo é bem pertinente do ponto de vista que, a continuar sangrando a Baleia vai morrer... E aí o que acontecerá com a gente?
09 de Jun / 2019 às 23h23
Senhor Agenor no blog Brasil247 fala que o intercpt divulgou conversa de Moru querendo condenar Lula sem provas?
09 de Jun / 2019 às 23h26
Amigo Agenor fala dos 37 apartamentos que Bolsonaru Filho comprou sem renda
09 de Jun / 2019 às 23h41
Hoje Avanço preço da gasolina. Avanço desemprego Avanço da pobreza... em Brasília
09 de Jun / 2019 às 23h42
É, Agenor, mas infelizmente os viventes pensantes de HOJE, TALVEZ não alcancemos apagadas as mazelas do PT, incrustadas na sociedade brasileira qual infames PINTURAS RUPESTRES na SERRA DA CAPIVARA da sociedade política brasileira! (Valente-BA).
10 de Jun / 2019 às 00h22
Moru fraudou mentiu armou sentenças? Então Moru na cadeia? Concorda Quim?
10 de Jun / 2019 às 00h46
Mais uma vez você trás o verdadeiro cenário em que a Baleia Ferida como se fosse o Brasil arpoada várias vezes, mas, no final de sua crônica você conclui com veemência e cita a frase final do Paulo Guedes: "NÃO TEM DIREITA, NEM ESQUERDA. PRECISAMOS CONSERTAR A ECONOMIA BRASILEIRA". São tristes os acontecimentos dos últimos tempos no Brasil, dão bem a dimensão da quantidade de arpões que atingiram essa grande baleia, que é o Brasil. (Manaus-AM).
10 de Jun / 2019 às 06h58
Dignissimo Agenor o ex juiz Sergio Moru e Delton Delagnol foram flagrados pelo intercpt armando ilegalidade na justiça? O certo seria uma prisão preventiva de Moru e Delagnol para não atrapalhar as investigações??ta tudo na Internet
10 de Jun / 2019 às 07h55
Parabéns pelo seu excelente artigo "Brasil, uma baleia ferida". Nele está muito bem resumida a situação, de forma objetiva e isenta. Peço sua licença para sugerir que lance artigo abordando o desserviço que a Câmara Federal está prestando ao país ao protelar decisões que exigem urgência de decisão. Claramente, a Câmara está engessando o Poder Executivo. Aliás, essa foi a razão do surgimento das Medidas Provisórias: a falta de decisão da Câmara, cujos membros estão preocupados apenas com a própria reeleição, com conchavos políticos e com o apego a teses partidárias já vencidas pela realidade.
10 de Jun / 2019 às 07h57
É impressionante que os parlamentares ainda tenham a "cara de pau" de acusar o governo pela falta de soluções, quando há projetos que foram apresentados nos primeiros 15 dias de governo e, desde então, percorrem um caminho deliberadamente tortuoso, onde prevalecem as discussões bizantinas em vez das que produziriam esclarecimentos. No caso atual, os congressistas demonstram uma clara insatisfação com o fim do "toma lá, dá cá", reagindo com uma vingança mesquinha que prejudica o país. (Recife-PE)
10 de Jun / 2019 às 08h02
Agenor, suas sempre bem fundamentadas crônicas nos acontecimentos ocorridos e a correspondência com os fatos atuais nos permitem entendermos este intrincado Brasil. Que usando uma brincadeira popular, se pousasse um marciano na terra a única coisa que ele não entenderia seria um vasto país com proporções continentais. E quando leio sua análise sobre os decretos leis, me pergunto: Que "congresso " é este? E darei razão aos "marcianos". FOZ DO IGUAÇU
10 de Jun / 2019 às 08h08
A Bíblia fala que um dia Satanás voltará e vai trazer mais fome guerra doenças crise Laranjas milicianos do Rio de Janeiro em Brasília? Será que agora estamos vivendo o fim do mundo. O presidente fala em cortar na saúde educação acabou com ministério do trabalho