Esse ano comemora-se no Brasil o terceiro JANEIRO ROXO – mês de conscientização sobre a hanseníase, criado em 2016 pelo Ministério da Saúde. A campanha faz um alerta sobre a doença que afeta nervos e pele, e tem o Brasil como o segundo país com mais casos no mundo, ficando atrás apenas da Índia.
De acordo com a sanitarista, hanseniologista e dermatologista Tânia Moreno, que atende na UPAE/IMIP de Petrolina, iniciativas como essa são de extrema importância, visto que a falta de informação é mais um dos problemas que dificultam o controle da hanseníase no país. "A ausência do tratamento tem aumentado o número de pessoas com incapacidade física decorrente da doença", afirma.
"Existe pouca familiaridade dos próprios profissionais da saúde com a doença. Por isso, devemos aumentar o debate sobre o assunto, buscando envolver a população como um todo. A hanseníase ainda é cercada de muitos preconceitos, mas tem tratamento e mais de 90% de chance de cura", complementa.
Traiçoeira, ela chega sem alardear e instala-se no corpo com lentidão, podendo deixar sequelas emocionais, além das físicas. Por isso, a principal orientação é de que as pessoas procurem o serviço de saúde assim que percebam o aparecimento de manchas, de qualquer cor, em qualquer parte do corpo, principalmente se a área apresentar diminuição de sensibilidade ao calor e ao toque.
"Temos que ficar atentos diante de uma mancha, que pode ser de qualquer cor, mais clara ou mais escura do que a pele, ligeiramente avermelhada, plana ou elevada, tendo como característica comum a falta de sensibilidade no local", explica a especialista.
O diagnóstico, em geral, é feito nos postos de saúde. O tratamento é todo normatizado a nível mundial e, em geral, dura um ano com medicamentos específicos. Ele é todo realizado com medicação oral, fornecida pelo Ministério da Saúde, de forma gratuita. Após iniciado, o paciente para de transmitir a doença quase que imediatamente.
É bom lembrar que os comunicantes do paciente (família e pessoas próximas) devem ser investigados, por apresentarem risco maior de contrair a doença. "Hoje já existem vacinas e tratamentos pós-exposição, indicados a esse grupo. São tratamentos preventivos e que a maioria da população desconhece", constata a profissional.
Com relação ao serviço público, a médica informa que a UPAE/IMIP de Petrolina disponibiliza dermatologistas que entendem bem da doença e fazem uma condução correta do tratamento, mas, ainda é preciso muita atenção na rede básica para que o paciente não progrida para uma forma mais grave da doença e venha a precisar de uma atenção intermediária à saúde.
Anna Monteiro-Hospital Dom Malan
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