Nascer é um evento; morrer, também. Mas viver... Bem... Eu diria que viver é uma tarefa. Cabe a nós executá-la da melhor forma possível. Perdi, de dezembro passado para cá, cinco amigos próximos e, coincidentemente, todos eram apaixonados por Natal. Todos eles me tratavam como filha — alguns de forma mais latente; outros disfarçadamente. Por anos, seguraram firmes na minha mão e seguiram me ensinando a ser e a viver melhor.
Não me sinto órfã nem triste. Sobretudo nesta época de trégua para celebrar o aniversário do nosso menino Jesus. Sinto-me recompensada em ter recebido desses meus amigos uma generosa lição: viver é um ato diário, intenso, trabalhoso até, mas extremamente recompensador. Todos eles me ensinaram, durante nossa convivência, e até no momento da partida, que é fundamental sorver o aqui e o agora com toda a dimensão que o tempo presente impõe.
O presente é grandioso. Basta olharmos ao redor. Apegados ao passado, às mágoas e às lembranças, por mais doces que sejam, somos apenas o arremedo de um tempo, um quadro estático na parede, uma alma vitrificada. É preciso deixar o sopro da vida levar pensamentos renitentes, energias paradas, memórias doídas, ressentimentos.
Já o futuro é uma incógnita. Ainda que nos ocupemos de idealizar e planejar, verdadeiramente ele não nos pertence. Então, por que viver de ideias e sonhos quando se tem o planeta e os seres humanos aqui, cheios de plenitude, prontos para uma troca rica e generosa?
Desejo neste Natal, a todos vocês, que consigam extrair o máximo do aqui e do agora. Que saibamos reconhecer a dádiva de estar neste mundo hoje, ao lado das pessoas que mais amamos. Perdoe, abrace, sorria, empacote a tristeza, proteja o outro, não julgue. Apegue-se apenas à certeza de que só levamos o essencial de nossa passagem pela Terra. Essa viagem é curta. Livre-se das malas pesadas para curtir o máximo possível.
Artigo Leitor: Ana Dubeux- Colunista
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