O senador Walter Pinheiro (sem partido – BA) se despediu do Parlamento, nesta quarta-feira (19), com um discurso de balanço de atuação e agradecimentos. Eleito para o Senado em 2010 com 3.630.944 votos, ele disse "encerrar sua jornada com muita alegria e com a sensação de dever cumprido".
Após 26 anos no ambiente legislativo – foi vereador de Salvador (1993-1996) e deputado federal (1997-2010) – o congressista diz "estar fechando um ciclo com entusiasmo, com uma satisfação imensa de dever cumprido para com os baianos, com os brasileiros e, principalmente, com Deus, honrando e cada vez mais fazendo esse tipo de prestação de contas".
Pinheiro interrompeu esse ciclo parlamentar em dois momentos: para assumir no Governo da Bahia as pastas de Planejamento, em 2009, e da Educação, em 2016. Ele citou os dois governadores baianos, respectivamente Jaques Wagner e Rui Costa, agradecendo-os pelo convite, confiança e oportunidade em poder servir ao seu Estado.
O senador também fez questão de lembrar sua trajetória no Partido dos Trabalhadores, no qual foi filiado por 33 anos: "Agradeço muito a compreensão e toda a recepção que eu tive, ao longo da vida, do único partido a que fui filiado, o Partido dos Trabalhadores. Sempre insisto que não houve nenhuma mágoa na saída, mas havia incongruências do ponto de vista da minha permanência; à época muito mais com críticas ao Governo do que ao Partido. Deixei o Partido dos Trabalhadores, mas agradeço inclusive a oportunidade e todo o momento em que ali vivi. Volto a frisar: foi o único partido a que fui filiado, ao longo desta minha trajetória".Pinheiro chegou a embargar a voz ao referir-se à sua família, sobretudo sua esposa Ana Celeste, com quem se casou há 42 anos, muitos jovens ainda: "Ana era uma menina de 16 anos e eu um jovem de 18. Portanto, passamos por diversos perrengues na vida, mas logramos uma caminhada de êxito e a consolidação de uma família com o Júlio, Israel e Juliana, hoje recheada com a chegada das minhas noras, Priscila e Lidiane, do meu genro Marcelo, e principalmente com a bênção que Deus derramou em nossa vida com a chegada de Júlia, Luísa, Tito, Isaac e Davi, Eduardo e Mariana".
Lídice e Otto elogiam trajetória de Pinheiro
O pronunciamento de Pinheiro foi seguido por apartes, entre eles os dos seus colegas de bancada, Lídice da Mata (PSB - BA) e Otto Alencar (PSD-BA).
A senadora socialista destacou como marca de Pinheiro sua competência vinculada à luta pela ciência e tecnologia e relembrou a disputa pela Prefeitura de Salvador em 2008, quando foi candidata a vice na chapa liderada pelo então petista: "Nesse momento, nós intensificamos as nossas relações políticas, de amizade e de visão sobre a nossa cidade, Salvador".
Já o pessedista ressaltou a probidade e ética de 'um dos melhores e mais destacados políticos da Bahia'. "Não há quem possa, em momento nenhum, colocar uma palavra na sua história de vida pública que não seja a de que você andou corretamente, dentro da ética, da honra, da dignidade. O senador Walter Pinheiro, o homem Walter Pinheiro, o ex-Deputado Walter Pinheiro, constrói uma história de vida que honra as grandes tradições dos grandes baianos que passaram pelo Senado e pela Câmara. Portanto, quero fazer o seguinte aqui agora: bater palmas para Walter Pinheiro, como um grande baiano, um grande brasileiro, um grande Senador. Parabéns, Walter!", reverenciou Otto Alencar.
Atuação parlamentar
No breve balanço de sua atuação no Congresso, Pinheiro abordou temas caros de sua trajetória, como o Orçamento, Planejamento, Telecomunicações, Infraestrutura, Energia, Ciência e Tecnologia, Educação, Agricultura Familiar, entre outros.
Para o senador, mais do que apresentar projetos, no Parlamento vale a capacidade de promover a convergência, de colocar em discussão, mediar e buscar consensos. "Ao longo de toda minha trajetória no Parlamento, fiz da atuação na Comissão a coisa mais importante da atuação parlamentar, entendendo que na Comissão é que a gente tem a possibilidade de aprofundar, de descer a detalhes, de debater e auscultar a sociedade", analisou.
Umas das pautas que exigiram sua articulação e mediação foi a proposta para a nova repartição do Fundo de Participação dos Estados (FPE), em 2013. "Uma das peças que eu julgo das mais importantes, uma tarefa quase inglória, porque você juntar 27 unidades da Federação e conseguir extrair um consenso...", lembrou Pinheiro.
Foi assim também com a proposta de reforma do ICMS, com a unificação das alíquotas, que contava com a criação dos fundos de Compensação de Perdas e o de Desenvolvimento Regional, ambos atrelados à reforma. "Eu diria que bateu na trave, chegamos perto. Chegamos até quase a unanimidade do Confaz. Na última hora, uma inabilidade política de alguns membros do Governo jogou por terra a oportunidade de a gente fazer a unificação do ICMS", lamentou Pinheiro.
Ele pontuou ainda marcos regulatórios e grandes embates que contaram com sua vigorosa atuação, como a questão da Banda Larga nas Escolas, os royalties do petróleo e a Zona Franca de Manaus.
Mais sobre Pinheiro
Natural de Salvador, Walter Pinheiro, 59 anos, é técnico em telecomunicações e começou a carreira profissional na antiga Telebahia no final da década de 70, na chefia de importantes centros de manutenção e operação na capital.
Sua trajetória política começa no sindicalismo. No Sinttel (Sindicato dos Telefônicos), exerceu a presidência na Bahia e foi o responsável pela primeira experiência de Federação independente com a construção da FITTEL (Federação Interestadual dos Trabalhadores em Telecomunicações), assumindo sua coordenação geral.
Traquejo político, institucional e técnico. Essas foram as qualidades básicas de Walter Pinheiro apontadas por seus pares no Senado. Ele sempre atuou destacadamente na Comissão de Orçamento Público, Planos e Gestão.
Assumiu a articulação para operações de crédito com o BID, BIRD e BNDES para garantia de investimentos em projetos estruturantes para Bahia, além de garantir o aporte financeiro do Banco do Nordeste e Banco do Brasil em iniciativas que visam o desenvolvimento do semiárido baiano. Com ele, ganharam força projetos estratégicos de logística e infraestrutura na Bahia, como a FIOL, o Porto Sul e a Via Expressa Baía de Todos os Santos.
Desde o seu primeiro mandato de deputado federal, figurou na lista dos cem mais influentes parlamentares do Congresso Nacional. Ele presidiu a comissão especial que elaborou a Lei das Agências Reguladoras; participou da criação da Lei Geral de Telecomunicações e da Lei de Informática; e lutou pela implementação dos parques tecnológicos, inclusive o de Salvador.
A criação das profissões de agentes comunitários de saúde e combate às endemias, assim como a Empresa Brasil de Comunicação e as universidades Federal do Recôncavo da Bahia e do Vale do São Francisco têm a caneta de Pinheiro, ou como relator ou como autor do texto.
Em junho de 2016, a convite do governador Rui Costa, ele deixou o Senado para assumir a Secretaria de Educação do Estado da Bahia, retornando ao mandato no final de outubro desse ano. Enquanto esteve no cargo do Executivo baiano, assumiu a vaga de senador o suplente Roberto Muniz.
3 comentários
20 de Dec / 2018 às 20h38
Esse tem o meu respeito ,Grande senador Valter Pinheiro ,não me arrependo de ter votado em vc ,pessoa honrada ,Boa sorte na sua nova jornada a qui na terra
21 de Dec / 2018 às 06h00
E esse cara era senador? Nunca nem ouvir nele no senado
23 de Dec / 2018 às 13h04
Segundo a denuncia, ele tá envolvido em corrupção, verba essa de combate a pobreza, verba federal.