Você sabia que o time principal de basquete de Senhor do Bonfim foi campeão baiano em 2015? Você sabia que a base do basquetebol de Bonfim já foi campeã baiana por várias vezes? Pois é, os bonfinenses desconhecem suas próprias primícias. Ainda não perceberam que o basquete bonfinense é aclamado e temido em todo Estado da Bahia, e que os amantes dessa modalidade esportiva, tem o nome da “Terra do bom começo”, em local de destaque. Entretanto, apesar desse sucesso “escondido”, o basquete de Bonfim passa maus bocadas. Não fosse a insistência e a paixão de um punhado de homens dessa cidade por este esporte, o basquete em Senhor do Bonfim, provavelmente já teria sucumbido. São seres humanos que dedicam seu tempo de forma altruista, para que esse esporte magnífico, continue a brilhar e elevar o nome de Bonfim.
Há desses seres humanos que de forma obstinada, motivados por uma paixão, acabam escrevendo seus nomes na história. Mesmo quando seus esforços acontecem no silêncio, há um momento que alguém enxerga e se dar conta de que sem tal pessoa, não seria possível chegar ao atual quadro. Sabemos que “os homens são seres sociais por excelência”, isso já nos ensinou Aristoteles, e na qualidade de humanos, não fazemos nada sozinhos. No entanto, como dizia o padre Antonio Vieira: “Há homens que são como velas; sacrificam-se, queimando-se para dar luz aos outros”. Há homens que devotam amor, sem ganhar nada por isso, a uma causa, gerando um rastro digno de ser seguido.
E se o basquete em Bonfim persiste, é por que há raríssimas pessoas que o sustenta, e entre elas uma se destaca sombremaneira. Me refiro a Paulo Muricy, ou Tio Paulo, como os jogadores o chamam. Há diversos outros nomes que contibuem para a subsistência do basquete em Bonfim. Mas escrevo sobre o que vi e vivi.
Estou certo de que os humanos precisam de líderes, e basta uma rápida olhada na História, ou nas relações sociais, para perceber que homens não subsistem sem líderes. É uma necessidade humana natural. E a permanência do basquete contemporâneo em Bonfim, tem sua permanência atrelado ao líder Paulo Muricy. Senhor do Bonfim não sabe, mas tem uma imensa divida com este homem e com o basquete dessa cidade, pois a cidade de Bonfim é aclamada por toda a Bahia, também por conta do Basquebol aqui existente. E essa boa fama não vem de graça, pelo contrário, são esforços que beiram e militam com a renúncia.
O que Tio Paulo recebe em troca? Do poder público, nada! Há ao menos reconhecimento? Não. E por que ele insiste? Acredito que deve ser por pura devoção ao esporte. São aquelas coisas que o dinheiro não pode comprar. Satisfação em ensinar o que se sabe, completude, amor, emoções e o contentamento com os resultados. Um homem se realiza quando faz aquilo que gosta. O retorno de Paulo Muricy se define em sentir reconhecimento e o respeito daqueles que tiveram seus ensinamentos; ver os frutos de um trabalho voluntário. São essas coisas infungiveis que determinam certas ações. Infelizmente é comum tirar dinheiro do próprio bolso para custear atividades e participações nas competições internas e externas, que acabam por promover a cidade de Senhor do Bonfim.
Pessoas assim exercem um sacerdócio natural, e muitas vezes são incompreendidas por aqueles que os cercam. Mas o que seria do basquete bonfinese na atualidade se pessoas dessa estirpe não existissem? Vou além, o que seria da cidade de Bonfim se pessoas como “Tio Paulo” não desempenhassem esse trabalho de ensinar e motivar a prática do esporte?
A resposta é muito simples! Estariamos em um quadro mais negro ainda. O que vejo e combato no coditiano dessa cidade é a mais absoluta degradação da juventude. Cultuam o álcool, a droga, o sexo irresponsável, a violência e sobretudo o desrespeito aos seus pais e professores. Estão mergulhados na ignorância e já são resposáveis diretos pelo alto índice de violência em Bonfim. Nos últimos 15 meses, até a presente data, foram 05 homicidios de menores; dos 15 homicidios ocorridos na cidade de Bonfim, 08 deles tiveram a participação de menores, seja como vítimas, autores e co autores; 11 armas de fogo apreendidas nas mãos de menores; até o mês de outubro, foram registradas 186 ocorrências envolvendo menores. Um consumo de drogas absurdo, prática de roubo, furtos, além de constantes rixas no condtidiano policial de Bonfim, inclusive dentro das escolas.
Quando nos debruçamos nos indicadores policiais, e nas respostas que as instituições públicas dão a esses problemas sociais em Bonfim (respostas quase nulas) é que somos levados a elogiar ainda mais o trabalho desenvolvido com os garotos do basquetebol. Sem pessoas como Paulo Muricy, a delinquência juvenil em Bonfim, estaria mais crônica ainda, beirando a desgraça completa.
Então o que vi e percebi, trabalhando há 06 anos em Bonfim, é que “você” e seus companheiros desenvolvem um belo trabalho social nesta cidade. E lembrem-se do conceito bíblico de “Homens de boa vontade” cantado pelos anjos quando do nascimento de Cristo. “Homens de boa vontade” são pessoas que promovem o bem; que devotam amor com a finalidade de transformar pessoas para o bem. Senhor do Bonfim deveria olhar com carinho sua dedicação aos jovens e a este desporto que tanto tem ajudado no combate a delinquência juvenil. Que os “homens de boa vontade” desta cidade, passem a observar e contribuir com este belo trabalho. É triste ver os atletas cotizar valores para participarem das competições sem contar com apoio do poder público ou da iniciativa privada; ver a equiper perder por W.O por falta de trasportes.
Finalizo firmando minha admiração ao Basquete bonfinese, e aos seus promotres, sobretudo ao senhor Paulo Muricy. Não poderia ir embora desta cidade sem fazer esse registro. É imensurável o retorno social trazido a Bonfim pelo basquetebol. Além de lazer à juventude, tem dado disciplina aos garotos. Afirmo que Bonfim, até o presente, tem as melhores equipes de basquete do norte baino. E a quem se deve este sucesso? Visitem e testifiquem.
Elielton Cordeiro da Paixão – Ten PM 6º BPM – Sr do Bonfim-BA
1 comentário
05 de Nov / 2018 às 20h16
É verdade. esse é o tipo do homem que se sacrifica para dar LUZ aos outros. Quando a sociedade civil organizada e empresários se unem, consegue mudar uma realidade para melhor. é dever e obrigação dos gestores públicos investir na formação destes jovens que estão a margem do crime. Mas infelizmente não fazem.