A turbulência política pós-eleitoral já em andamento é uma consequência mais que natural a todo pleito que vai para o segundo turno. Os eleitores que tinham as suas posições antes definidas por esse ou aquele candidato, os quais não lograram êxito na passagem ao segundo turno, agora buscam a definição do seu voto por aquele que mais se aproxima de posições ideológicas adotadas para o primeiro turno. Mais provável, até, é que esse eleitor tenha se colocado diante da perspectiva de romper com certos princípios pessoais para analisar com mais profundidade, e assim já escolheu por eliminação, aquele que no segundo turno possa lhe parecer menos nocivo ao futuro do país e das instituições.
Em crônica de 30/09/18, uma semana antes do pleito (título ELEIÇÕES: NA DIREÇÃO DO VOTO ÚTIL), já pressagiava essa possibilidade de que o comportamento dos eleitores poderia derivar no sentido do voto útil, e abandonariam os seus preferidos diante da prévia lógica de que não chegariam a lugar nenhum, o que se comprovou diante da brusca queda nos índices finais da votação, a saber: Ciro Gomes, de 15% para 12,47%; Alckmin, de 8% para 4,76%; Marina, de 3% para 1%; Amoedo, de 3% para 2,5%; Meireles, de 2% para 1,21%; Álvaro Dias, de 2% para 0,80%; Cabo Daciolo, de 2% para 1,26% e Boulos de 1% para 0,58%. Os demais abaixo de 1% e mesmo assim caíram. Logicamente os números finais comprovam o raciocínio, visto que o Bolsonaro saiu de 40% para 46,03% e Haddad de 25% para 29,28%.
Não vejo razoabilidade no desespero de alguns analistas políticos quanto aos riscos que os candidatos que aí estão representam para a democracia brasileira. Eles foram escolhidos dentro de um processo legítimo pela vontade do eleitor. O que mais me preocupa e assusta, na verdade, é a atitude covarde demonstrada pela maioria das lideranças dos Partidos Políticos que restaram derrotados no primeiro turno, os quais se omitiram vergonhosamente e não tiveram a coragem de assumir uma postura política de orientação aos seus eleitores, a quem foi atribuída a responsabilidade por sua conta e risco de escolher que Presidente desejam para o país. Não se trata de impor o nome, mas colocar em foco os interesses nacionais, valorizando o processo democrático do qual participaram.
Gostaria de não pensar assim, mas vejo nesse sombrio horizonte manchas de uma velha prática política que resiste em sair do cenário nacional, com claros indícios de “troca-troca” ou o “quem dá mais”, seja por dinheiro ou promessa de cargos! Jamais seria ingênuo em não entender que mesmo na boa política é natural o processo de negociação, mas quando vejo partidos como o DEM e PSDB serem lentos na opção ou ficar em cima do muro, sabendo-se ter raízes tradicionais de desencontros ideológicos com o PT, sou induzido a pensar que “debaixo desse angu tem caroço”...
Não deixa de ser verdade que os candidatos remanescentes e agraciados com a escolha popular não são as lideranças que o Brasil precisa para sair do fosso em que se encontra. Mas, também é verdade que a quantidade prejudicou a qualidade nesse processo seletivo. Temos um candidato que, embora pareça sério, fala pelos cotovelos e sem muita reflexão, exibindo a força da sua origem militar, que às vezes amedronta; o outro não inspira confiança, é débil de expressão e fala como aquele apresentador de TV que espera a informação pelo “ponto” no ouvido - talvez pela distância de onde vem a orientação! -, exibindo fragilidade e uma triste perspectiva de que tudo possa estar de volta. Quão bom seria se víssemos dois estadistas discutindo ideias e projetos no intuito de bem servir ao povo, ao contrário dessa baixaria que aí está. Mas, isso da minha parte, e de muitos, com certeza, é sonhar alto demais.
Estamos diante daquele impasse popular: “se ficar o bicho pega; se correr o bicho come”. Mas, certo ou errado, a vontade popular é que decidirá qual o melhor caminho que, certamente, será pela via democrática, bem diferente do pensamento radical de um certo ex-ministro condenado pela Justiça, ora em condicional, que declarou ao jornal espanhol El País: "é questão de tempo para a gente TOMAR O PODER. Aí nós vamos tomar o poder, que é diferente de ganhar uma eleição”. Aí surge a dúvida: SERÁ QUE O PERIGO ESTÁ MESMO NO MILITAR!
Autor: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público - Aposentado do Banco do Brasil – Salvador – BA.
Agenor Santos
11 comentários
14 de Oct / 2018 às 23h05
Grande amigo Agenor Santos, sempre sábias e lúcidas palavras. (Uauá-BA).
14 de Oct / 2018 às 23h12
Suas crônicas são bastante atualizadas para o momento. (Salvador-BA).
14 de Oct / 2018 às 23h14
Nesta crônica você expõe com a clareza e preocupação que assusta é a atitude covarde dos Partidos Políticos que restaram derrotados no primeiro turno, principalmente a omissão vergonhosa de não assumirem com coragem a postura de uma orientação efetiva aos seus eleitores. Além de se ver a fragilidade que acontece com o número expressivo de tantos partidos sem a convicção de seus ideais. (continua).
14 de Oct / 2018 às 23h16
(continuação) Finalmente temos que acreditar que o povo com a sua sabedoria popular saberá distinguir entre os dois candidatos, um é a mesmice da corrupção e fica claro no discurso do PT que quer tapar o sol com a peneira, o outro PSL (PARTIDO SEM LULA), TEMO QUE FAZER UMA ESCOLHA E TENHO CERTEZA DE QUE JAMAIS TOMARÃO O PODER, ISTO REPRESENTARÁ O MAIOR RETROCESSO, QUE DEUS NOS AJUDE. (Manaus-AM).
15 de Oct / 2018 às 01h26
Artigo oportuno. Nesses ultimos dias so queremos uma coisa, que tudo termine logo. E que o prometido seja cumprido. Que honrem o combinado. Fazendo isso, e nao nos assaltando, ja esta de bom tamanho...!!!
15 de Oct / 2018 às 06h29
Recado ao Bozonaro ou Troglonaro! J amais votaremos em você! A tua vida política é medíocre! I ncompetente, impopular e elitista, R eceberas o desprezo nas urnas! B aluarte de fascistas e milionários! O fensor de mulheres, negros e nordestinos! L ouvador de militares torturadores, Será derrotado nas eleições, O nde houver cristãos e humanistas! N inguém tolera fascista como você! A tua ignorância e incompetência, R etrata o teu comportamento! O teu fascismo, o PT e aliados derrotarão!
15 de Oct / 2018 às 07h42
Caro Agenor, sua sensibilidade de colocar a tinta no papel (hoje na impressora) é algo que admiro ao ler a cada crônica sua. Minha forma de pensar esta inserida neste artigo, especialmente nas citações feitas, quando você diz que “Os eleitores que tinham as suas posições antes definidas por esse ou aquele candidato,” e da “atitude covarde demonstrada pela maioria das lideranças dos Partidos Políticos que restaram derrotados no primeiro turno, os quais se omitiram vergonhosamente e não tiveram a coragem de assumir uma postura política de orientação aos seus eleitores”. Florisvaldo Santos
15 de Oct / 2018 às 08h10
A gravura com sua mensagem utilizada para esta cronica, Agenor,nos remete para o que realmente precisamos ter, união e confiança. E o texto do cronista descreve esta sensação. Que o lado que não for o eleito tem que ter no outro lado, e o eleito que deverá utilizar as mesmas matrizes para que ambos possam caminhar lado a lado. Pois democracia não é um jogo entre perdedores e vencedores. Mas uma comunhão de idéias para o bem estar de todos. FOZ DO IGUAÇU
15 de Oct / 2018 às 14h34
Perfeita sua crônica. Ela retrata, com fidelidade absoluta, o que eu penso, e, acredito milhões de brasileiros. É o preço que se paga pelo pleno exercício da democracia representativa. Haja o que houver, que Deus, todo poderoso, proteja o nosso País. (Irecê-BS).
15 de Oct / 2018 às 14h36
Dramático para não dizer desesperador os próximos 13 dias à frente! Temos que suplicar por muita luz e sabedoria para aqueles que irão eleger o futuro presidente desse país tão sofrido e injustiçado! (Salvador-BA).
15 de Oct / 2018 às 18h26
Muito bom! Se o povo souber a diferença entre ganhar a eleição e "tomar o poder" - palavras ditas por um desmoralizado, talvez a gente saia deste buraco escuro. É bom que algumas cabecinhas gastem R$15,00 e comprem num sebo qualquer um livro sobre "as pérolas" do Comunismo. Verão quantos foram mortos pelo regime ditatorial de Lênin e seus seguidores, Mao Tsé Tung e seus seguidores. Verão também como está a Venezuela: UM LIXO SÓ. É bom que acabem com suas paixões desenfreadas e coloquem a mão na massa. A paixão cega, o trabalho dignifica e o conhecimento liberta.