“Acima de tudo, tente alguma coisa” Franklin Delano Roosevelt (1882-1945)
Caso a altitude da cabine de um avião ultrapasse os 14 mil pés (o normal são 8 mil), ocasionando a famosa despressurização, máscaras de oxigênio automaticamente são liberadas, para que os passageiros tenham suprimento de oxigênio enquanto os pilotos conduzem a aeronave a uma altitude segura em que possam respirar sem o auxílio das máscaras.
E quando o nosso grande avião Brasil atinge a marca dos quase 14 milhões de desempregados, o que fazem seus pilotos? Nada! Absolutamente nada! Nesse avião, não existe um sistema automático para disponibilizar vagas de emprego até que a economia do país volte a crescer. Os pilotos do Brasil estão aparentemente preocupados com outros assuntos. O Legislativo, com a eleição. O Judiciário, com o aumento de seus próprios salários. E o Executivo, apenas aguardando o fim do mandato. Como essa pane não compromete o voo em si, mas apenas a sobrevivência dos passageiros, eles prosseguem o voo como se não houvesse nada como o avião.
O avião Brasil já se encontra há muito tempo numa situação de mayday. Todavia, como a atual tripulação não irá acionar o botão no painel superior para liberar manualmente as máscaras de oxigênio, restará aos novos pilotos, que assumirão o comando da aeronave em janeiro, a solução imediata e firme dessa pane. Os 13 milhões de desempregados não podem esperar uma hora a mais de voo sequer. Pela média de contratações (400 mil vagas abertas no primeiro semestre), precisaríamos de inaceitáveis 17 anos para zerar esse estoque. Isso sem somar o acréscimo da população que está atingindo a idade para trabalhar e chegando ao mercado de trabalho a cada ano.
Praticamente todos os postulantes ao cargo de comandante do avião Brasil propõem a mesma cartilha para resolver a pane: reforma da Previdência, reforma tributária, redução do déficit fiscal etc. e tal. Essas reformas, por mais bem-vindas e necessárias que sejam, levarão meses, senão anos, para serem implementadas. Isso se o Congresso aprová-las. E até lá, quando vão cair as máscaras para garantir a sobrevivências dos passageiros desempregados?
Nenhum candidato, efetivamente, apresentou propostas, pelo menos até agora, de como resolver a pane do emprego de forma imediata e firme.
Nós, pilotos, quando temos uma emergência em voo, agimos imediata e assertivamente para saná-la o mais rápido possível. Espera-se a mesma atitude do comandante eleito para assumir o avião em pane chamado Brasil. Se nem ele (ou ela) ou seus economistas tiverem uma proposta, sugiro dar um control C - control V no famoso e bem-sucedido programa do Presidente Roosevelt para combater a Grande Depressão americana nos anos 1930, conhecido por New Deal.
Para efeito de comparação, naquele período, o desemprego chegou a 25% nos EUA. Hoje, no Brasil de 2018, só na faixa etária dos jovens de 18 a 24 anos, essa taxa chega a alarmantes e inaceitáveis 27%. Trata-se ou não uma situação de mayday, que pede o acionamento imediato do botão de liberação de oxigênio para os milhões de passageiros desempregados a bordo do avião Brasil? Por favor, senhor (a) candidato (a): resolva essa pane assim que assumir o comando do voo. Como comandante do avião Brasil, você tem a obrigação de solucioná-la.
Sady Bordin, piloto de linha aérea e Presidente-fundador da ONG Eu Consigo, que ajuda quem está sem emprego a conseguir um.
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