RÉQUIEM PARA DR. GERALDO COELHO

“Sente-se saudade porque antes houve plenitude de presença” – Fátima Quintas

A lareira da alma está acesa a exigir reminiscências. A vida de Geraldo de Souza Coelho com todos os fatos e feitos foi, inequivocamente, a representação máxima do nordestino na maneira de sentir, de reagir, de labutar. Amou Petrolina em todas as circunstâncias.

A construção da Catedral encantou o menino e em 1948 a Mackenzie formou o engenheiro civil. Da fundição do engenheiro com o político as obras foram grandiosamente profícuas, para tudo o que significou derrota dos atrasos e melhoria da qualidade de vida, no triângulo sagrado da educação, água e energia. Sonhava com as ideias e já tocava nelas, tamanha sua urgência em edificá-las.

Somente os que cultivam a coragem de viver em vez de apenas existir definem um estilo, uma marca registrada para o pensar, o agir e o ser. Sua marca foi sempre o otimismo e a pronúncia da senha mágica – “Vamos fazer, vai dar.” E seguir em frente, sempre à frente.

Foi sentindo e dizendo o que sente que confiou o exercício das responsabilidades à prática de um sacerdócio, preferindo sempre à exigência a facilidade, daí a crença inabalável nas esperanças presentes das coisas futuras. Um convencido que a tristeza mora nos espaços vazios que ficam entre as coisas feitas pela metade.

Sua pressa e pontualidade foram algo como se a terra pertencesse somente ao primeiro ocupante, daí se não pôde fazer tudo, fez muito além de muito, do levado ao esforço extremo, do esticado ao máximo. Nunca houve inimigos, apenas adversários, que pela prosperidade suaram juntos. Tinha intimidade com as escadarias do perdão. Amizades sempre, mágoas jamais.

Um ser respeitável pelas referências respeitáveis, que sempre se levou a sério e fez os outros se levarem. Engenheiro, Vereador, Prefeito, Deputado e Rotariano foi uma busca alongada de esforços redobrados para a felicidade coletiva. Cuidou muito bem cuidado para que seu entusiasmo nunca tivesse limites, daí a razão de ser bem sucedido em tudo. Sempre soube o que queria, aonde chegar e como fazer. Jamais andou à deriva.

Dona Lourdes foi a maior invenção e dádiva de Deus para dividir o bem e o infinito do amar e ser amado. Do “crescei e multiplicai” responsavelmente. Um pai e avô que soube distinguir e doar, de forma dobrada, seus conceitos de relação familiar incondicional, como a mais forte razão de viver sempre revigorando ânimos.

No âmago da caatinga, com seus secos e seus verdes, sentia-se num céu, onde descansava os pesos indesejáveis, dando gargalhadas pirotécnicas e revigorando as energias do sempre fazer pelas necessidades. A Fazenda Morro foi uma terapeuta competente.

A dor do filho Ricardo, que prematuramente se encantou e lhe doeu todos os dias, foi suportada na sua temência a Deus, nas missas, nos oratórios, onde encontrou o bálsamo para entender o revés do parto.

Possuidor de um favo de romantismo que, quando rompido, espalhou alegrias extremas. Fez do samba enredo – Boi da Cara Preta – a canção que decorou a alma carnavalesca. Nenhum horário foi mais sagrado do que as Pegadinhas do Faustão, onde retornava à infância e ria feito um guri chupando o pirulito predileto. Ensinou que “não há vida no escuro da falta da energia elétrica e do saber, bem como que cabeça de mulher não foi feita para usar rodilha.”

Seu dinamismo foi um selo de resistência e uma alma de muralha, com a convicção de que o tempo se vence por dentro, pela diária renovação do espírito. Um obstinado pela solução mais rápida que o problema e que aprendeu a se levantar mais ligeiro que as quedas.

Não há morte que mate Geraldo Coelho, na inabalável lógica da fé e da ressureição. Quem constrói para o bem nele se eterniza. Só há morte para os que são esquecidos.

Sem pairar a menor sombra de dúvida, um dos ATLANTES da história de prosperidade de Petrolina.

Chico Tim - Assessor e amigo