ESPAÇO DO LEITOR: PESSOALIDADE DOS PROCESSOS SELETIVOS MUNICIPAIS.

Geraldo confiando na independência deste meio de comunicação e no bom serviço prestado a comunidade juazeirense, peço encarecidamente que publique minha constatação:

Analisando o edital do processo seletivo da Seduc, do município de Juazeiro, pude observar que este é um jogo de cartas marcadas. No item 5 do edital consta que a escolha será por meio de análise de Currículo.

Observando os critérios eu me deparei com a seguinte situação: 1- quem possui curso de formação, 1 ponto por ano (máximo 5 pontos); quem tem experiência no serviço público: 1 ponto (máximo de 10 pontos) e quem tem experiência no serviço privado 1 ponto, máximo 5 pontos).

Primeiro, tirando os servidores efetivos e concursados, a prefeitura está cheia de contratados. A maior parte destas pessoas está lá desde o primeiro ano do governo de Isaac, ou seja, já tem 10 anos de prefeitura. E, por este critério, somente as pessoas que trabalharam na prefeitura (ou lá trabalham por indicação de algum político) podem passar no processo seletivo.

É tão sem critério o processo seletivo que se uma pessoa possuir mestrado e doutorado, só poderá reunir 02 pontos, enquanto que, uma pessoa que tenha o nível superior e trabalhou cinco anos na prefeitura (sempre por indicação), tem 05 pontos; se a amizade deste contratado for grande e ele já tiver 10 anos de prefeitura, este pode reunir 10 pontos. Ou seja, o mestrado e doutorado de um professor de biologia, história, geografia, matemática tem menos valor (qualificação) que uma pessoa que ocupou uma função pública sem concurso, apenas pela indicação (e que somente tem a graduação).

A mesma questão é o professor que deu aula na iniciativa privada por 10 anos, só pode aproveitar 05 pontos e o indicado/contratado na prefeitura que trabalhou 10 anos pode reunir 10 pontos. O mesmo vale para os demais cargos. Quem trabalha na prefeitura sabe, somente passa no processo seletivo quem já trabalhou na prefeitura. Outro fato estranho é o quantitativo de vagas: 283 VAGAS.

Se tem tanta vaga, deveria ser feito concurso público, no qual somente os melhores são aprovados. Inoportuna é a realização da seleção com escolha de currículo à véspera de uma eleição para deputado federal.

A prefeitura tem mais de 6 mil contratados. Se cada família dispor de quatro votos, qualquer candidato que o prefeito apoie tem, no mínimo, 24 mil votos. Só que, não pode usar a máquina pública para interesses que não sejam a atender à necessidade da população.

Vejamos que este não é o primeiro processo seletivo (já houve outros como o de administração, Saae, Saúde), e os critérios são sempre os mesmos e os aprovados são, em quase sua totalidade, os que já trabalharam na prefeitura.

Por fim, se o quantitativo de vagas é tão grande (283 vagas), então faça concurso público. Concurso público é regra, e não exceção. Qual a justificativa para a prefeitura manter mais de seis mil temporários e continuar a fazer processo seletivo, e não concurso público?

Simples, pontuando com 10 pontos os que já trabalham (ram) no serviço público, aprovar os contratados que apenas estes (já que o edital tende a isso). Na Univasf, por exemplo, quando há processo seletivo (e para poucas vagas, visando substituir licenças prêmios e gestante), a pessoa aprovada só pode ficar 02 anos no cargo, e ao sair não pode ser contratado (ou passar por outro processo seletivo, que não seja o concurso público) durante dois anos para não caracterizar continuidade.

Em juazeiro, a prefeitura usa de processo seletivo para substituir concurso público, e ainda perpetuar o emprego dos temporários. Investiguem e vejam que tem gente que trabalha há 05, 06, 08, 09 e 10 anos na prefeitura, e alguns já aprovados em processo seletivo. PIOR, QUE AS PESSOAS SE INSCREVEM ACREDITANDO NA POSSIBILIDADE DE APROVAÇÃO. Cadê os vereadores que não fazem nada? Estamos entregues as moscas.

Rafael Moreira - Um desempregado