Pesquisadores, estudantes e agricultores familiares relacionados à vida na Caatinga participam, até esta sexta-feira (03), do II Simpósio do Bioma Caatinga - SIBIC, que acontece nos campus da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), em Petrolina (PE) e em Juazeiro (BA). O evento busca promover o intercâmbio de informações e fomentar a articulação de diferentes atores, de variadas áreas do conhecimento, para debater e compreender melhor a dinâmica dos processos ecológicos da Caatinga e discutir o uso e manejo adequados dos recursos naturais, de forma que possam minimizar e reverter a degradação do bioma e aproveitar o seu potencial.
O simpósio, que ocorre juntamente com o VI Workshop de Sementes e Mudas da Caatinga, é uma promoção da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa Semiárido), em parceria com a Universidade do Estado da Bahia (Uneb), Univasf, com o apoio de diversas organizações públicas e da sociedade civil organizada.
Os participantes e visitantes do simpósio dispõem de uma diversidade de experiências, em exposição no Complexo Multieventos da Universidade, em Juazeiro. Entre elas, a do jovem Ricardo Silva Santos, da comunidade de Lagoinha, interior de Casa Nova (BA), que expõe o Banco de Sementes Crioulas de sua comunidade. A iniciativa conta com o apoio do Pró-Semiárido, projeto executado pela Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR), empresa pública vinculada à Secretaria de Desenvolvimento Rural do Estado da Bahia (SDR), contando com recursos do Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA).
Ricardo, que é Agente Comunitário Rural (ACR), relata a importância dessa prática para o modo de produção das famílias que cultivam e armazenam esse tipo de semente. Ele ressalta que o hábito de cultivar e armazenar esse tipo de sementes nativas ou crioulas, como também são chamadas, sempre fez parte da tradição das famílias agricultoras da localidade. Segundo o jovem, a ideia de se construir um Banco Comunitário surgiu em 2014, com o incentivo do Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada (Irpaa). Depois, o Serviço de Apoio às Organizações Populares (Sasop), trouxe para o banco outras variedades de sementes que ainda não tinham no local, iniciativas estas que serviram de incentivo para famílias de Lagoinha.
A experiência do Banco de Sementes Crioulas de Lagoinha vem sendo apresentada em encontros, intercâmbios de experiências e outros eventos que debatem a proposta de Convivência com o Semiárido e as formas de vida na Caatinga, conforme explicou Liziane Castro, técnica do Pró-Semiárido no Serviço de Apoio Territorial a Agricultura Familiar (SETAF) de Juazeiro.
Liziane destaca que o objetivo é potencializar o Banco de Sementes na perspectiva de dar visibilidade à iniciativa, para que sirva de exemplo paras outros jovens rurais. De acordo com a técnica, a inteção do Pró-Semiárido é que o projeto de Ricardo se torne referência e possa motivar outros jovens a ajudarem suas comunidades a preservarem as sementes crioulas, considerando que isso também é uma estratégia de convivência com o bioma Caatinga.
A experiência de Lagoinha está no centro das discussões do simpósio, que procura também chamar a atenção para o desaparecimento de espécies vegetais antes presentes na Caatinga e que estão sendo substituídas por sementes geneticamente modificadas, fazendo com que os povos da Caatinga percam sua autonomia na prática da agricultura tradicional.
Agencia Chocalho
0 comentários