O desespero de motoristas à procura de postos de gasolina que tenham algum combustível para os próximos dias não passou nem perto do mestre de obras Waldir Lopes Faustino, 48 anos. Morador da pequena Cajuri, que fica próxima a Viçosa, na Zona da Mata, ele fez o próprio etanol para abastecer o carro que usa para viajar todos os dias entre os dois municípios para trabalhar. “Toda hora, um liga pra mim e pergunta: 'você tem um álcool aí?””, conta.
O produtor diz que todos estão lhe procurando para pedir combustível, mas não está sendo possível atender, pois ele não produz mais o etanol da cana. “Estou fazendo com o veneno e a cabeça da cachaça e, nessa época, não tem produção então não está tendo matéria-prima. Se tivesse eu faria uns 500 litros e conseguiria fácil comprar uns bezerros”, disse.
Waldir explica que a cachaça tem três partes: a cabeça, que seria o veneno, o coração, que é a parte comercializada, e a calda, que é quase uma água fraca. O etanol é feito dessas duas partes que sobram.
O mestre de obras e produtor diz não precisar de autorização especial para produzir o próprio combustível. Apenas não pode vender. “Usamos como moeda de troca, para trocar por bezerros ou outros produtos”.
Mas atenção, não é qualquer um que pode fazer o eu próprio combustível. O etanol produzido em Cajuri é feito a partir de uma linha de fabricação específica que tira o álcool do subproduto da destilação. O combustível produzido na fazenda, que também é feito por outros produtores da cidade, já foi testado no Departamento de Engenharia Agrícola da Universidade Federal de Viçosa.
Estado de Minas
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