Os alunos do do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia (IFSP), realizaram, ontem segunda-feira (12), manifestações dentro do campus, em frente à direção, contra um professor do instituto que postou um comentário racista nas redes sociais. No comentário, feito no fim de semana, o professor José Guilherme de Almeida afirmou odiar pretos e pardos, e criticou sua alimentação "em bandos".
"Horror de turismo. Odeio pretos e pardos falando muito e comendo de tudo por muito tempo, em bandos, nos hotéis três estrelas de orla de praia! Um café da manhã macabro com tanta algazarra e gulodice. Alguém consegue comer carne de sol logo cedo lotando o prato por três vezes? Eles conseguem, todos! Queria ser muito rico e ter o café no meu quarto sempre nu e escutando Mozart", diz o texto.
Após a repercussão do episódio, o professor apagou a postagem, mas o print viralizou na internet e os alunos do IFSP, além de outros movimentos, cobram ações do instituto.
Indira Quaresma, conselheira seccional da Ordem dos Advogados do Brasil do Distrito Federal, explicou que há uma repercussão administrativa e outra penal. "A política do Instituto Federal tem uma orientação clara de punir crimes raciais e sociais. Logo, deve abrir uma sindicância para analisar a situação e apurar o caso, para não deixar passar batido", esclareceu.
Ela destacou que como o servidor não se refere a alguém em específico e sim à comunidade negra como um tudo, o crime penal não é simplesmente uma injúria racial. Para Indira, o caso se encaixa no artigo 20 da lei dos crimes raciais, 7716/89, que diz que "praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional tem como pena reclusão de 1 a 3 anos e multa". "Feito por um meio de comunicação social aumentaria a pena para até cinco anos, além de multa. Se o Ministério Público entender que ele se enquadra na lei, esse seria a provável análise do caso", explicou.
O Instituto Federal de São Paulo (IFSP) informou, em nota, que já teve conhecimento do texto divulgado pelo docente e iniciou a apuração dos acontecimentos. "O IFSP declara que repudia quaisquer formas de preconceito e discriminação dentro ou fora de seus muros, seja por parte de um servidor ou de outro cidadão. A Instituição se compromete com a construção de uma sociedade plural e de múltipla representatividade. Nesse sentido, vale lembrar que o IFSP mantém grupos de debates, abertos à comunidade interna e externa à Instituição, que abordam tais temas em sua agenda."
De acordo com o IFSP, discussões que abordam tal tema são parte integrante dos currículos dos cursos nas 36 unidades e nos espaços de sociabilidade. Destacou, ainda, os coletivos estudantis Cabeça de Nego e Três Marias, reconhecidos e apoiados pela direção da Instituição.
Estado de Minas
2 comentários
15 de Mar / 2018 às 08h11
Oxe, vou nem comentar o preconceito aos negros e pardos porque um ser que afirma isso nas redes sociais merece no mínimo uma cadeia, mas, um cuscusz com leite, carne de sol e um cafezinho preto logo cedo é bom demais!!! Nordestino legitimo sabe o quanto é bom... vem esse pessoal do sudeste se achar superior em alguma coisa. Sabe de nada inocente
15 de Mar / 2018 às 10h09
Demonstra que como professor, ou, ele faltou as disciplinas relacionadas a história do Brasil, ou simplesmente as ignora.