Em dez anos, cai diferença entre homens e mulheres no mercado de trabalho

19 de Feb / 2018 às 15h05 | Variadas

A participação das mulheres no mercado formal de trabalho passou de 40,85% em 2007 para 44% em 2016, segundo os dados mais recentes da Relação Anual de Informações Sociais (Rais), do Ministério do Trabalho. No mesmo período, as trabalhadoras reduziram de 17% para 15% a diferença salarial em relação aos homens. 

Dos 46,1 milhões de empregos formais registrados na Rais em 2016, os homens somavam 25,8 milhões de vínculos empregatícios (56% do estoque de empregos no ano), e as mulheres, 20,3 milhões (44%). Dez anos antes, em 2007, os homens respondiam por 59,15%, e as mulheres, por 40,85% dos 37,6 milhões de postos de trabalho. 

Apesar de ainda significativa, a diferença salarial também diminuiu nos dez anos analisados. Em 2007, o rendimento dos homens era R$ 1.458,51 e das mulheres R$ 1.207,36, uma diferença de 17%. Em 2016, a diferença de remuneração média entre homens e mulheres era de 15%. A média salarial masculina era de R$ 3.063,33 e a feminina, R$ 2.585,44.

Para o ministro do Trabalho em exercício, Helton Yomura, os dados mostram uma tendência na redução das desigualdades no mercado de trabalho. "Apesar de ainda existir diferença na participação e na remuneração entre homens e mulheres, a mulheres vêm conquistando um espaço cada vez maior na economia formal do país", afirma. 

Escolaridade - As mulheres são maioria entre os trabalhadores com ensino superior completo no país. Elas representavam 59% dos 9,8 milhões profissionais com vínculo empregatício ativo em 2016. Apesar de ter maior escolaridade, as mulheres ainda continuavam ganhando menos. A remuneração média das mulheres com ensino superior completo, em 2016, era de R$ 4.803,77, enquanto a dos homens era de R$ 7.537,27. 

Para a analista de Políticas Sociais do Observatório Nacional do Mercado de Trabalho do Ministério do Trabalho, Mariana Eugênio, ainda há muitos desafios que precisam ser enfrentados com políticas públicas adequadas, especialmente no que se refere à remuneração. 

"Na média, as mulheres continuam ganhando menos que os homens. Esta situação pode ser explicada pelo fato de que a participação feminina no mercado de trabalho formal está concentrada em ocupações que apresentam remuneração mais baixa. Além disso, as mulheres ocupam menos os cargos de chefia e ainda há fatores discriminatórios no ambiente de trabalho, que precisam ser combatidos", afirma. 

Setores - No setor de Serviços, a participação de homens e mulheres no mercado de trabalho formal é equilibrada – 48,8% feminina e 52,2% masculina. A maior diferença de participação por gênero ocorre entre os setores produtivos considerados mais masculinos, onde se destacam a construção civil e o extrativista mineral. Em 2016, 9,9% do total de 1,9 milhão de trabalhadores da construção civil eram mulheres. 

O único setor econômico em que as mulheres são maioria é o da Administração Pública. Dos 8,8 milhões de postos de trabalho, 59% são de mulheres. De acordo com a Rais, as principais ocupações femininas são de auxiliar de escritório, assistente administrativo e vendedora de comércio varejista. 

Regiões - Os estados com menor disparidade de participação no mercado de trabalho são Roraima, com 49,3% dos postos de trabalho ocupados por mulheres, Amapá (47%) e Acre (46,7%). As unidades da federação com maior percentual de homens em atividades formais são o Distrito Federal, com 62%, Mato Grosso (60,4%) e Alagoas (59,9%). 

O Distrito Federal é a única unidade da federação onde o rendimento das mulheres é maior do que a dos homens. Os estados com menor desigualdade salarial são Alagoas e Pará, onde as mulheres ganhavam o equivalente a 96,7% e 96,2% dos salários pagos aos homens, respectivamente. 

São Paulo é o estado com a maior diferença salarial entre gêneros. Em 2016, as mulheres recebiam, em média, 80,2% da remuneração masculina. Depois de São Paulo, Santa Catarina, com 80,7%, e Espírito Santo, 80,8%, são os estados com a maior diferença salarial média entre homens e mulheres. 

 

Participação feminina no mercado de trabalho

As 20 primeiras ocupações (CBO 2002)

Vínculos

Auxiliar de escritório, em geral

1.294.071

Assistente administrativo

1.291.933

Vendedor de comercio varejista

1.186.850

Faxineiro

984.401

Operador de caixa

712.180

Professor de nível médio no ensino fundamental

612.124

Técnico de enfermagem

475.286

Recepcionista, em geral

435.107

Cozinheiro geral

414.997

Professor de nível superior do ensino fundamental (primeira a quarta serie)

345.574

Trabalhador de serviços de limpeza e conservação de áreas públicas

341.821

Professor da educação de jovens e adultos do ensino fundamental (primeira a quarta serie)

302.112

Alimentador de linha de produção

296.693

Atendente de lanchonete

260.104

Auxiliar de enfermagem

241.254

Enfermeiro

221.904

Supervisor administrativo

215.808

Professor de disciplinas pedagógicas no ensino médio

213.975

Operador de telemarketing ativo e receptivo

211.982

Agente comunitário de saúde

200.950

 

 

Participação masculina no mercado de trabalho

As 20 primeiras ocupações (CBO 2002)

Vínculos

Motorista de caminhão (rotas regionais e internacionais)                 

869.052

Vendedor de comercio varejista

820.192

Assistente administrativo

790.006

Auxiliar de escritório, em geral

742.500

Vigilante

569.503

Alimentador de linha de produção

564.047

Servente de obras

529.488

Porteiro de edifícios

513.886

Faxineiro

360.538

Almoxarife

354.999

Pedreiro

334.472

Repositor de mercadorias

318.762

Trabalhador agropecuário em geral

311.371

Vigia

279.954

Ajudante de motorista

259.632

Motorista de ônibus urbano

254.126

Motorista de furgão ou veiculo similar

250.086

Motorista de carro de passeio

243.748

Trabalhador de serviços de limpeza e conservação de áreas publicas

228.967

Frentista

218.775

Ascom

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