Foi realizada a entrega dos kits aos catadores de resíduos sólidos beneficiados pela Operação Carolina de Jesus, iniciativa do Governo do Estado, por meio do Programa Ecofolia Solidária, que apoia o segmento durante o Carnaval de Salvador. No total, 1,5 mil catadores que vão atuar na folia receberam fardamento (calça, camisa e boné), equipamentos de proteção (luvas, botas e protetores auriculares) e refeições diárias.
Com melhores condições de trabalho, a ação promoveu um novo estímulo para os catadores, como afirma Rozildo Euclídes, morador do bairro São Cristóvão e catador há 12 anos. "A reciclagem faz parte de minha vida. É o impacto ambiental que me faz levar o sustento da minha casa e família. A iniciativa não deixa os catadores à deriva. Temos fardamento, café e almoço, o que incentiva o trabalho. O kit contribui muito. Dá facilidade para entrar no circuito. As pessoas nos olham de outra forma. A farda dá uma moral pra gente".
Os materiais coletados são repassados para os postos de coleta e as Centrais de Apoio, que estão funcionando em cinco locais - Ladeira da Montanha, Politeama, Barra, Ondina e Nordeste de Amaralina. Para a presidente do Complexo de Cooperativa de Reciclagem, Michele Almeida, o projeto ajuda a organizar a atividade, padronizando o serviço. "Muitos catadores estavam em situação complicada, sendo explorados e descriminados. Com a operação Carolina de Jesus, compramos o material com um preço justo, livrando o catador de negociar com atravessadores. Com o fardamento, o catador é identificado, as pessoas passam a olhá-los como um profissional normal".
Com investimento de R$ 820 mil, a campanha tem o aporte financeiro das secretarias estaduais do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte (Setre), de Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimento Social (SJDHDS) e do Meio Ambiente (Sema). De acordo com a titular da Setre, Olívia Santana, a ação fortalece a mão da limpeza.
"Tem o Carnaval dos artistas e tem a outra face, que são os catadores de latinhas. A operação enxerga essas pessoas que muitos os têm como invisível. É um investimento importante. São humanos e profissionais capazes, que precisam ser olhados e respeitados, com melhores condições de trabalho", enfatizou a secretária. Para os catadores que possuem filhos, o projeto contempla as crianças com creches, que recebem as crianças oferecendo os cuidados necessários enquanto os pais exercem o trabalho.
A Homenageada, Carolina de Jesus é considerada uma das importantes escritoras negras do Brasil. A autora viveu boa parte de sua vida na favela do Canindé, na zona norte de São Paulo, sustentando sua família como catadora de papéis. Ao mesmo tempo em que trabalhava, registrava o cotidiano da comunidade onde morava nos cadernos que encontrava no lixo, os quais somavam mais de vinte. Um destes cadernos, um diário que havia começado em 1955, deu origem ao seu livro mais famoso, 'Quarto de Despejo: Diário de uma Favelada', publicado em 1960.
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