Vivenciando desde criança o carnaval de Juazeiro, não me faltam histórias e emoções para descrever o que é participar desta festa há 15 anos. Atualmente tenho apenas 19, porém já presenciei ao longo destes carnavais as diversas alegrias que esse festejo proporciona. Lembro-me da primeira vez que assisti Ivete Sangalo na avenida, emoção essa que me persegue todos os anos a qual ela participa, recordo também da força que tinha esse carnaval, cada ano ganhando mais espaço nas agendas dos baianos e turistas. Porém, nesse último carnaval de 2018 foi a primeira vez que durante a passagem dos trios, percebi que além do agito que o circuito agora denominado Ivete Sangalo estava proporcionando, infelizmente era evidente entre os intervalos das bandas, um acontecimento que predominava nos olhares dos amantes desta festa, a tristeza do que ela tinha se tornado.
Foram muitos anos de consagração, a frase "O Carnaval da Bahia Começa Aqui", não é sem motivo, foi assim por muito e muito tempo. Realmente, o carnaval da Bahia primeiramente passava por Juazeiro, entretanto infelizmente isso não vem sendo mais uma realidade. Com o surgimento do palco no polo João Gilberto, uma tradição vem sendo quebrada, a de pular atrás do trio como não se houvesse amanhã. Já dizia a música: "Atrás do Trio elétrico, só não vai quem já morreu" de Caetano Veloso, música essa que retrata o verdadeiro sentido do carnaval da Bahia, o de seguir o agito atrás do caminhão. Durante os três dias de festa, a indignação de um festejo no palco fechado, no qual só chega perto de seu artista favorito aquele que paga mais, era evidente. Local esse, onde as bebidas eram barradas de entrar, inclusive copos pessoais, acontecimento esse que demonstrava logo na sua entrada o que tinha se tornado o carnaval de Juazeiro... uma festa para poucos, no qual quem não paga, tem o direito apenas de observar de longe o seu cantor predileto.
Venho por meio deste texto tentar resgatar a lembrança de todos do que era o nosso carnaval. Festa famosa por suas bandas de sucesso, com diversos dias na sua programação, fato que esse após a sua diminuição acabou culminando na saída dos blocos do carnaval, acontecimento que gera frutos negativos até hoje para o folião. Quem não se alegra em lembrar dos famosos blocos que agitavam nossa avenida? Eram eles... Bloco Sei lá, Bloco A tribo, Bloco Batata, Bloco Carreta, Bloco Rural, Bloco Opass, Bloco AMIGO&CIA, Bloco As Poderosas, Bloco Cupido, Bloco Pinico, Bloco Recordar é Viver, Bloco Cabaré das Ilusões, Bloco Aula Vaga, Bloco Pimentinha e diversos outros que nos restam apenas na memória. Fica o pedido da nossa comunidade, voltemos ao nosso tradicional Carnaval nas ruas. Palco não é nossa tradição, por mais que seja lucrativo há outros meios de se garantir uma boa festa com a união entre o público e o privado sem destruí-la, basta querer. Aos carnavais fechados, o povo de Juazeiro em sua grande maioria grita NÃO!
Zyredine Zydane - Folião e Estudante de Engenharia (Univasf)
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