Como uma cena tem o poder de jogar por terra todo um trabalho realizado.
O Carnaval de Juazeiro, se constitui em uma das mais importantes festas populares da Bahia. Já se sedimentou como tal. Encanta a todos, esta junção da festa mais democrática do planeta, com a linda vista do rio mais democrático do Brasil. O Carnaval, seus foliões, as atrações, o show de luzes e sons, aliadas ao esplendor do "Velho Chico". Naturalmente, a mistura de tudo isso, gera conflitos de todas as ordens, por espaço, por intenções distintas, etc. É preciso um regulador de condutas para que a festa transcorra em paz.
A Polícia Militar da Bahia se notabilizou pelo know how na atuação de eventos populares. Para se ter uma noção, polícias de países do 1° mundo, vem à Bahia para aprender com os policiais baianos a técnica a ser utilizada. Isso demonstra a expertise da atuação nestes eventos populares. Mas porque isso é importante??? É importante ao sabermos que temos algo que serve de modelo para povos que têm uma cultura mais encorpada que a nossa. É importante para entendermos que ninguém no mundo faz policiamento de eventos com a qualidade da PMBA.
Longe de mim querer dizer que tudo são mil maravilhas, que não há desvios de conduta. Não! Eles existem, e devem ser banidos e combatidos, até porque, a sociedade, que é a nossa maior cliente, merece um serviço cada vez mais qualificado.
Quando há uma agressão a um folião numa festa popular, quando uma câmera flagra (e câmeras é o que não falta neste imenso "big brother" chamado vida) uma ação destemperada sem nenhum tipo de justificativa, as demais ações dos policiais, na sua totalidade, são ali, naquele instante, julgadas como se fossem iguais àquela.
Imaginem quantas ações foram realizadas ao longo de quase 3 (três) Km de festa, regada a bebida alcoólica (dentre outras drogas afins), sons, estado de liberalidade, em 3 (três) dias de evento??? Seria justo condenar toda a Polícia pelo erro de um componente??? Já se perguntaram qual o percentual de desvios frente aos acertos???
Mas, nada é levado em consideração. Não adianta dizer que mais ou menos 200 (duzentas) mil pessoas se divertiram, durante 03 (três) dias e não houve uma morte no circuito; não adianta falar que houve um decréscimo de 17% (dezessete por cento) das ocorrências em relação ao ano passado; não adianta dizer que houve mais de 3000 (três mil) atuações diretas de sucesso, porque o que fica processado na mente de todos é aquela agressão que foi divulgada na mídia, confirmando que uma "visão" vale mais que mil palavras. Aqui, vale mais de duas mil atuações.
Precisamos, conscientizar mais nossos policiais. Não se resolve nada com socos e pontapés. Não é isso que ensinamos em nossas escolas. E porque o desvio insiste em ocorrer??? Talvez, a sociedade também não esteja consciente da sua contribuição, talvez sequer de seus direitos e, vou além, do dever de denunciar estas ações, para que os agentes sejam identificados e corrigidos. A escusa de apontar a agressão, também auxilia que a impunidade continue reinando e que a reincidência seja sua primogênita.
É preciso uma reflexão de todos. É preciso enaltecer o bom trabalho realizado pela Polícia Militar da Bahia e combater os desvios que foram perpetrados por quem tinha a obrigação de agir com equilíbrio.
Não farei aqui as vezes da trombeta do apocalipse. Até porque, acredito que o saldo geral tenha sido, extremamente, positivo.
Não nos deixemos contaminar por exploração, na mídia, de ações destemperadas e que são massificadas ao extremo, mas que não reflete a realidade de uma corporação que possuem homens e mulheres de bem, que em sua esmagadora maioria, persegue a paz social.
É preciso enaltecer os esforços realizados e reconhecer o grande trabalho desenvolvido. Sob pena de sermos tão injustos quanto aqueles que perpetram agressões. A instituição militar nunca coadunou com desvios de conduta e, indubitavelmente, a apuração virá e a correção também, para que seja imperativo, nestes eventos, a utilização apenas da técnica policial.
Chegamos ao final de mais um Carnaval. Já nos preparamos para o próximo, e que neste emaranhado de sentimentos, possamos corrigir nossos erros e repetir os nossos acertos. Afinal, a Polícia Militar nada mais é que uma instituição democrática, parcela do povo e a serviço dele.
Edson Mascarenhas - Major da Polícia Militar
Bacharel em Direito e especialista em Segurança Pública e Engenharia de Gestão do Conhecimento.
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