O DEM vai aproveitar a condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em segunda instância para avançar em busca de apoio e viabilizar a candidatura do presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (RJ), ao Palácio do Planalto. O foco principal serão PR e PP, maiores partidos do Centrão e que consideravam possível aliança com o petista nas eleições, mas deve se estender ao PRB, PTB e PSD, também integrantes do grupo.
Paralelamente, o DEM prepara uma "Agenda Brasil" a ser defendida por Maia, com foco em temas com apelo principalmente entre a classe média, como segurança pública, educação, empreendedorismo e desenvolvimento regional. O partido vai divulgar as principais diretrizes por meio de um "manifesto", que será lançado na convenção nacional da legenda, marcada para 8 de março. O grupo de Maia vai insistir com PP e PR que Lula está inviabilizado eleitoralmente após ser condenado pelo Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4).
O argumento é de que, ao ser condenado por unanimidade, o petista terá direito a menos recursos, o que aumenta a possibilidade de ele ter o registro de candidatura negado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com base na Lei da Ficha Limpa. Além disso, ressaltará que Lula poderá ser preso antes do pleito, o que inviabilizaria de vez o nome do petista. O avanço sobre o PR já começou antes mesmo do julgamento. Na semana passada, integrantes da cúpula do DEM se reuniram com o ex-deputado federal Valdemar Costa Neto (SP), que, na prática, comanda o PR. O próprio Maia se reuniu com Valdemar em 11 de janeiro. Além do ex-deputado, a cúpula do DEM tem conversado com o ex-deputado Bernardo Santana, presidente do PR de Minas.
No PP, a interlocução é com o presidente nacional, senador Ciro Nogueira (PI). Com o movimento, o DEM busca fortalecer os apoios partidários a Maia para tentar mostrar aos demais presidenciáveis do centro que o presidente da Câmara é, entre eles, o pré-candidato com maior capacidade de unir os partidos desse campo político. O objetivo é mostrar favoritismo principalmente em relação ao governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), visto pelos aliados do presidente da Câmara como o principal adversário de Maia no centro.
A avaliação do grupo do deputado é de que, sem Lula na disputa, nomes de centro vão se fortalecer, enquanto a candidatura do deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ), em segundo lugar nos levantamentos de intenção de voto, se enfraquecerá. Nesse cenário, interlocutores de Maia apostam que será ainda mais difícil um acordo entre os partidos da atual base aliada em torno de um único candidato de centro, como deseja o presidente Michel Temer, pois todos acharão que têm alguma chance de vencer.
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