A corrupção incomoda tanto o eleitor que já em 64 a.C., na república romana, Quinto Túlio, general e político, recomendava ao seu irmão Cícero, candidato ao posto de cônsul, naquele que ficou conhecido como o primeiro manual de marketing eleitoral da humanidade: “Procura levantar algum escândalo contra teu rival por crime, corrupção ou imoralidade”, escreveu ele. “Seja pródigo em promessas, pois os homens preferem promessa vã à recusa categórica”, acrescentou à longa lista de advertências ao seu candidato, que, aliás, venceu aquele pleito.
Passaram-se mais de dois milênios e os conselhos de Quinto Túlio continuam em pauta. E se por vezes saber o que se deseja nem sempre é fácil, o brasileiro, bombardeado por tantos e tão espetaculares escândalos envolvendo políticos e partidos de todas as tendências, parece ter clareza daquilo que não deseja encontrar num candidato às eleições presidenciais. Estar envolvido em escândalo de corrupção seria um fator impeditivo para o voto na avaliação de 63% dos consumidores brasileiros, segundo pesquisa de opinião realizada pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL). Em contraposição ao que não se deseja num candidato, são características que potencialmente favorecem a empatia a honestidade (50,1%), cumprir promessas (35,5%), colocar interesses coletivos acima dos particulares (32,1%).
O combate à corrupção é, também, segundo a pesquisa, medida prioritária e permanente que 47,5% dos brasileiros esperam do futuro governo acima até mesmo de investimentos em saúde (38,7%), educação (33%), segurança pública (32,5%) e na promoção e geração de empregos (29%). Para que um candidato esteja apto a assumir o Planalto,70,4% consideram ser atributo necessário colocar a “mão na massa” em projetos de melhoria na saúde, educação e obras de infraestrutura. A segunda característica mais importante na avaliação das habilidades do candidato é, para 28,6%, sentir que seja “uma pessoa do povo/próxima à população”, portanto, que tenha vivência e conhecimento sobre as dificuldades de sobrevivência das pessoas comuns.
Embora 46,9% dos consumidores que integraram a pesquisa se declarem “indiferentes” ao pleito presidencial, há uma grande expectativa por mudança. Para 73,8%, o futuro presidente eleito deve fazer uma grande mudança em relação ao que vem sendo feito neste governo; 20,1% esperam que faça algumas mudanças, mas mantenha alguns programas/reformas; e apenas 6,1% querem continuidade às diretrizes/programas/reformas do atual presidente.
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