ARTIGO – IMIGRAÇÃO À BRASILEIRA

14 de Jan / 2018 às 23h00 | Espaço do Leitor

A todo instante somos contemplados com imagens fortes e dramáticas, que retratam o sofrimento, a dor e a morte de seres humanos (vide foto da ilustração), os quais migram das suas terras, principalmente de países africanos, fugindo da guerra, da fome e da violência praticada por ditadores em seus países de origem. São longas travessias em mares turbulentos, sem qualquer nível de segurança e em barcos precaríssimos e superlotados, os quais, geralmente, naufragam antes de chegarem ao seu destino. O desespero faz essa gente se submeter a todo tipo de exploração pelos agenciadores chamados de “coiotes”, e riscos de toda ordem, na esperança de alcançarem no outro lado do continente um pequeno lenitivo para as suas vidas. Entre 2014 e 2016 mais de 10.000 refugiados morreram afogados, enquanto cerca de 14.000 foram resgatadas de naufrágios ocorridos.

As tentativas de fuga de sírios, afegãos e africanos têm como objetivo principal os países europeus, como Alemanha, Itália, Reino Unido, Canadá e Austrália, e os Estados Unidos da América. Louve-se o espírito de humanidade desses países, os quais receberam nos últimos anos milhões de refugiados, com destaque especial para a Alemanha que, em 18 meses, sozinha, recebeu um milhão de imigrantes. Em razão dessa política social favorável ao acolhimento, a destemida Primeira-Ministra alemã Ângela Merkel, quase não se reelege para um novo mandato, em função do crescimento dos seus opositores contrários a essa política. Impressiona saber que nos últimos seis anos, somente para o Canadá houve cerca de 550 mil pedidos de residência temporária por parte de brasileiros e já somos a quarta nacionalidade a solicitar essa permissão, atrás apenas de chineses, indianos e mexicanos!

As tragédias tem sido a marca comum nas migrações, conforme as preliminares acima. Mas, enquanto tudo isso acontece pelo resto do mundo, o brasileiro consegue dar um exemplo definitivo de como se fazer uma imigração à sua moda, sem maiores sofrimentos ou percalços, utilizando de voos internacionais de primeira linha e ainda levando, em muitos casos, um currículo não somente de graduações de nível superior em várias áreas, mas, até pós-graduações, ainda que lá desempenhem atividades bem diferentes das suas formações profissionais, e de menor expressão, o que demonstra a capacidade de renúncia do brasileiro a qualquer tipo de vaidade profissional, grandeza de sentimento e exemplo de superação! Aquilo que jamais fariam aqui no Brasil, mesmo na crise de desemprego em que se vive, lá no exterior o fazem com grande amor e desprendimento, mesmo que tenham de enfrentar épocas de temperaturas muitos graus abaixo de zero... Pelo espírito de renúncia e determinação, o filho querido passa a ser o motivo de honra para toda a família que aqui fica naquela esperança de que o eleito voltará rico ou mesmo remediado!

Espalhados por oito continentes, estima-se que cerca de 3,5 milhões de brasileiros procuram novas perspectivas de vida, aceitando com coragem os desafios do idioma e das diferenças culturais. Essa vocação em buscar novos horizontes, até mesmo em decorrência do desencanto diante da nossa triste realidade, merece o nosso aplauso. Mas, para os governos que entram e saem deveria servir como reflexão! Contudo, é querer muito desses tipos, não é verdade?

A resistência de alguns governos diante da circunstância de tantas migrações para os seus países, deveria se espelhar nas magnânimas e humanitárias palavras do jovem Primeiro-Ministro do Canadá, Justin Trudeou, que escreveu no seu twitter: “Para aqueles que fogem da perseguição, do terror e da guerra, os canadenses irão recebe-los, independentemente de sua fé. A diversidade é nossa força”.

AUTOR: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público (Salvador-BA).

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