Como escrever em braille? Que tecnologias auxiliam as pessoas cegas a utilizar o celular? Como conversar com um surdo na Língua Brasileira de Sinais (Libras)? Para responder a perguntas como essas, o Núcleo de Práticas Sociais Inclusivas (NPSI), da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), criou um projeto voltado especialmente para crianças de 5 a 13 anos, vinculadas a servidores da Univasf. É o “Incluir Kids”, em que a equipe apresenta algumas especificidades da vida de pessoas com deficiência, através de atividades lúdicas. Os encontros do projeto acontecem todas as segundas e quartas-feiras e seguem até o final de janeiro.
O revisor de textos em braille, Milton Carvalho, e o tradutor/intérprete de Libras, David Figueiredo de Lima, ambos servidores do NPSI, são os responsáveis por ensinar as crianças durante os encontros. Em um primeiro momento, Carvalho apresenta o braille, sistema de escrita tátil utilizado pelas pessoas cegas, além de ferramentas como uma impressora e uma máquina de escrever em braille. O servidor também comenta sobre alguns dispositivos que auxiliam na utilização de aparelhos, como celulares e computadores, bem como sobre o trabalho do cão-guia. Nessa etapa, as crianças são convidadas a escrever seus nomes na máquina e, para isso, podem consultar uma tabela que contém o alfabeto, os números e alguns sinais de pontuação em braille.
Já na segunda parte das atividades, Lima apresenta a Libras, ensinando alguns dos sinais utilizados pelos surdos, além do alfabeto e do sistema numérico. Durante a conversa, os meninos também são convidados a reproduzirem os sinais da língua mostrados pelo intérprete. Além disso, uma parte do conteúdo apresentado pelo tradutor é importante para a comunicação com as pessoas com deficiência auditiva. As crianças aprendem, assim, a saudar com um “Bom dia” ou a perguntar ao outro “Qual o seu nome?”.
Miguel Moura Reis Frota tem oito anos e participou do encontro realizado ontem (10) no NPSI. Ele conta que gostou da experiência vivida nesse primeiro contato com outras formas de comunicação. “É a primeira vez que eu escrevo numa máquina em braille e eu também aprendi a falar em Língua de Sinais. Isso é bom porque você pode conhecer alguém cego ou surdo e aí já sabe como se comunicar com ele”, afirma o garoto.
Maria Fernanda, de cinco anos, também visitou o NPSI para participar do Incluir Kids. Sua mãe, Sibery dos Anjos, explica que inscreveu a filha no projeto porque espera que, desde cedo, ela desenvolva uma visão adequada sobre o tema. “Para a Maria Fernanda, tudo isso ainda é diferente, porque ela não tem contato com essas realidades. Mas é importante que ela saiba lidar com o assunto com mais naturalidade, já que as pessoas com deficiência também fazem o mesmo”, declara Sibery.
De acordo com Milton Carvalho, o projeto funciona como uma pequena oficina de férias. O objetivo é aproximar as crianças das particularidades vividas por aquelas com deficiência e promover a inclusão através de atividades práticas. “É importante para mostrar a elas que a deficiência não torna uma criança diferente da outra. Daqui para frente, quando se depararem com um coleguinha deficiente, não irão encará-lo com maus olhos, mas reconhecê-lo como alguém igual a elas”, explica Carvalho.
O revisor de textos em braille conta que a equipe pretende ampliar o Incluir Kids, tornando-o um projeto de extensão que atenda a mais crianças. Atualmente, o NPSI tem a capacidade de receber apenas quatro pessoas por vez. Os servidores da Univasf que tenham interesse em trazer seus filhos, sobrinhos, enteados, afilhados ou outras crianças com quem tenham vínculo, ainda podem agendar uma visita. Para isso, basta ligar para o telefone (87) 2101-6749 e conversar com a assistente em administração do Núcleo, Maria de Fátima Paixão. Os dias 17, 22, 29 e 31 deste mês ainda têm vagas disponíveis para participação nos encontros
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