O jornalismo e a literatura estão de luto. Morreu às 23h10 de sexta-feira (5), o jornalista e escritor Carlos Heitor Cony, aos 91 anos, de falência múltipla dos órgãos. Ele estava internado no Hospital Samaritano, no Rio.
Membro da Academia Brasileira de Letras (ABL), Cony nasceu no Rio em 14 de março de 1926. Filho do jornalista Ernesto Cony Filho e de Julieta Moraes Cony, ele começou no jornalismo em 1952 no Jornal do Brasil. Atualmente, estava na rádio CBN.
Cony teve um longa carreira em redações, passando pelos jornais Correio da Manhã e Folha de S. Paulo, onde tinha uma coluna. Como escritor, lançou O Ventre, em 1958; Uma história de amor, em 1977, e Quase memória, em 1995, que vendeu mais de 400 mil exemplares. Em 2000, o escritor vencedor de três prêmios Jabuti e foi eleito para a ABL.
O jornalista, que andava muito desiludido com o Brasil, foi alfabetizado em casa. Estudou em um seminário em Rio Comprido, Zona Norte do Rio, até 1945, quando decidiu mudar de vida antes de se ordenar padre. Cony chegou a cursar a Faculdade de Filosofia da Universidade do Brasil, mas também interrompeu os estudos, desta vez, para ter a sua primeira experiência como jornalista no Jornal do Brasil, cobrindo férias do pai.
Depois de um acidente em 2013, em uma viagem para a Alemanha, no qual bateu a cabeça e teve um coágulo no cérebro, ficou com os movimento do lado direito do corpo comprometidos e, uma das coisas que o deixou mais chateado foi quando um cheque seu voltou porque a assinatura não batia.
Em março de 2016, o escritor, que vivia recluso e aos cuidados de enfermeiros, concedeu uma entrevista exclusiva ao Correio, em seu apartamento na Lagoa, no Rio de Janeiro. Na conversa, às vésperas de completar 90 anos, não escondeu seu pessimismo com a vida e com o Brasil. "O país é um Frankenstein, feito de pedaços dos outros e que não tem identidade", criticou. Ele se dizia contra qualquer governo. Além da fumaça do charuto, o que mais o agradava eram as cores preta e branca. O colorido o confundia, segundo ele.
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