Um dia, todo agricultor já deve ter se perguntado: será que estou sabendo aproveitar o potencial que as minhas terras podem oferecer? O Globo Rural mostra um consórcio que vem dando certo em Pernambuco. A iniciativa é de um casal que está feliz com os resultados.
A pressa dos animais tem um bom motivo, é hora da comida na fazenda Barro Branco, no sertão de Pernambuco. Localizada no município de Petrolina, a propriedade uniu, na mesma área, duas das principais atividades rurais da região: a criação de ovelhas e a produção de uvas.
“Ele tem um crescimento muito rápido, sementeia a cada 45 dias. A digestibilidade é boa e tem um índice de proteína muito bom, de 8% a 12%. Já tem nove anos que a gente tem o capim com a uva e não tivemos problema de produção”, explica o agricultor Paulo Almeida.
Nesse consórcio, primeiro veio a implantação do parreiral e cinco anos mais tarde, os animais da raça dorper. Depois que as ovelhas chegaram na propriedade foi preciso entender qual seria o melhor manejo para conciliar a criação com a plantação e o maior desafio foi dosar o tempo que os animais poderiam ficar pastando na lavoura.
Hoje, os 13 hectares de uva da propriedade estão divididos em 13 piquetes. Em média, cada talhão recebe 30 ovelhas por seis dias seguidos e o acesso dos animais depende do estágio do capim e da fase de produção das parreiras. Como parte da agricultura irrigada do Vale do Rio São Francisco, a fazenda é abastecida por canais que cortam a zona rural de Petrolina. Enquanto as ovelhas pastam, as funcionárias fazem o raleio. O trabalho consiste em tirar as bagas podres para deixar os cachos perfeitos para o mercado.
No dia marcado para a colheita, nenhum animal entra no piquete. As caixas ficam no chão, enquanto o pessoal vai tirando cacho a cacho. Se as ovelhas estivessem por ali, haveria o risco delas comerem as frutas. Com todo esse cuidado no manejo que a propriedade consegue, por ano, uma média de 60 toneladas de uva por hectare e manda cerca de 300 animais para o abate.
A agricultora Silvia Renata Guimarães Almeida garante que o negócio é viável e a notícia está se espalhando pela região. E não só para quem produz uva. Os animais que partem em disparada em direção à plantação de manga são de Roberto Ferreira da Costa, que manteve o capim original para alimentar seu rebanho de ovelhas da raça santa inês.
O chamado estresse hídrico ocorre logo após a colheita para estimular a floração e, consequentemente, a formação de novos frutos. Logo que começa a floração, a irrigação passa a funcionar e vai assim até que os frutos cheguem no ponto de colheita.
Os animais só entram de novo quando não há mais nenhuma manga no pé. O capim, seja ele nativo ou plantado, junto com o sal mineral oferecido no cocho à vontade é o trato que garante a qualidade dos animais e permite o uso do mesmo espaço com a produção de frutas.
Uma observação importante sobre este tipo de consórcio é sobre as pulverizações. No caso de pomares que necessitam de pulverizações constantes à base de cobre, como por exemplo, a calda bordalesa, é preciso tomar cuidado porque o produto pode intoxicar os animais.
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