Frutas como maçã, caqui e pera estão sendo produzidas no sertão de Pernambuco, ao lado da manga e da uva, que se tornaram tradicionais nas margens do Rio São Francisco. São fruteiras de clima frio que estão se adaptando às altas temperaturas. Depois de dez anos de pesquisa, os resultados agradam agricultores e cientistas.
Com temperatura que passa de 40ºC durante o dia, o vale do Rio São Francisco se tornou o principal polo exportador de uva e manga do Brasil. A região movimenta por ano em torno de R$ 1,1 bilhão com essas frutas.
Com o cultivo de manga e uva mais do que consolidado, a região vem inaugurando a produção de frutas ainda mais exigentes em baixas temperaturas. A sensação do momento é a pera. Fora a pera, a pesquisa coordenada pelo doutor Paulo Lopes, agrônomo da Embrapa Semiárido, vem comprovando a viabilidade também de outras frutas, como o caqui: “O interessante do caqui é você ter a possibilidade de produzir no segundo semestre, quando não tem a fruta no mercado nacional”.
Das 23 variedades que entraram na pesquisa, a rama forte, a guiombo e a costata são as que vêm apresentando melhor desempenho. “Você consegue colocar as frutas produzidas aqui no Vale do São Francisco com preços até de dez vezes superiores em relação ao caqui comercializado nas regiões Sul e Sudeste no primeiro semestre”, afirma o agrônomo.
A grande produção de caqui, maçã e pera no Brasil concentra-se nos estados do Sul e Sudeste. No que se refere ao caqui, São Paulo responde por 58% do total. Quanto à maça, Santa Catarina está na liderança com 51%. Na pera, o destaque fica por conta do Rio Grande do Sul, com 55% da colheita nacional. O que se quer nesse momento no Nordeste não é competir com a produção desses estados, mas aproveitar as janelas deixadas por eles durante o ano. E então, suprir o mercado nos meses de entressafra.
No caso da pera, a oportunidade de mercado é ainda maior, porque o Brasil não dá conta de produzir tudo o que consome e 95% dessa fruta vem de fora. “O intuito desse projeto é de diversificar a produção aqui no Vale do São Francisco e diversificar com culturas que sejam rentáveis, que sejam compatíveis com o rendimento com a uva, com a manga, com essas que já existem”, afirma Paulo Lopes.
A pesquisa teve início há dez anos e atendeu a um pedido da Companhia de Desenvolvimento do Vale do Rio São Francisco (Codevasf). O desafio foi grande para se conseguir uma produção assim. Mesmo assim, a adaptação foi um sucesso e surpreendeu.
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