Fiz um pacto comigo mesmo que nada do que vem acontecendo no cenário político poderia abalar minha paz interior, mas, hoje cedo como de costume, comecei o dia vendo as principais notícias do Brasil e do mundo e uma coisa me chamou a atenção, quando de repente percebi que eu estava falando sozinho.... Dando soco na mesa, era a notícia divulgada pela folha que dizia: R$ 500 milhões aos sindicatos, em troca da Previdência. O Planalto acena com uma portaria, a ser assinada na semana que vem que liberaria o pagamento de R$ 500 milhões em verbas que estavam retidas para as Centrais Sindicais. Em troca, espera que os sindicalistas reduzam a pressão e deixem que transcorra com tranquilidade o voto da reforma da Previdência. (Folha), isso me fez lembrar de quando estudante universitário na década de 80 e militante da UNE, onde nas muitas lutas, combatíamos o peleguismo país.
Para que todos entendam melhor, vamos dar umas rápidas pinceladas: A ascensão de Vargas ao poder, no final de 1930, refletia uma nova situação no país e em nível mundial, que determinava a necessidade de um novo caminho a ser seguido. De um lado a crise internacional iniciada com a quebra da Bolsa de valores de Nova Iorque e a decadência da elite agrária tradicional, principalmente aquela que governara o Brasil apoiada na agricultura de exportação; de outro, a reorganização do Estado, com novos grupos, interesses e fórmulas, que chegavam ao poder, através de Getúlio Vargas.
Foi no período conhecido como "Era Vargas" (1930-45) que se formou o peleguismo sindical no Brasil. Foi nessa época que Vargas implantou a política que colocou a classe operária de acordo com seu projeto, dentro de uma política trabalhista, levando a classe operária à “conciliação” de um suposto desenvolvimento nacional, surgindo assim o peleguismo.
O pelego, na sua forma denotativa, é o couro junto à lã retirado da ovelha para servir de assento ao cavalariano sem que este machuque o quadril no cavalgar, mas que não elimina o peso sobre o cavalo. No sindicalismo, pelego é aquele “companheiro” que se deixou levar pelas insistências patronais ou que se desviou da verdadeira luta da classe a favor dos opressores.
Ainda tratando de sindicalismo, pelego é o termo utilizado para designar o líder sindical, trabalhador, que faz o jogo do governo e das entidades patronais, aquele que se coloca como o "amaciador" das relações entre Estado e trabalhadores. O Pelego é aquele que serve de correia de transmissão entre governo e trabalhadores, fazendo com que a política do Estado tenha maior aceitação entre os trabalhadores, se utilizando de fórmulas variadas, desde a defesa simples da política oficial até a desmobilização dos trabalhadores.
como vemos, a história se repete, o Brasil vive hoje mergulhado em crises sucessivas, passando pela política, econômica, de segurança pública, na saúde etc. Sem precedentes, causando desconfiança no mundo inteiro, pois ao invés de desenvolvimento, o pais promove um retrocesso no que se refere a direitos fundamentais e sociais constitucionais, empurrado a população menos assistida para um horizonte de extrema pobreza.
Foi exatamente o que aconteceu recentemente com a desmobilização referente à retirada da reforma da previdência da pauta da câmara dos deputados para uma série de negociatas, dentre elas o pagamento de R$500 milhões aos sindicatos, através das centrais sindicais na compra do silêncio e de um apoio velado a mais um retrocesso na vida do trabalhador, um tapa na cara da sociedade.
Ao invés da desmobilização, as centrais sindicais deveriam mesmo era ter mantido o movimento na forma de resistência, na tentativa de barrar mais essa atrocidade que vem escandalizando o mundo civilizado, onde muitos trabalhadores jamais conseguirão o benefício da aposentadoria caso as novas regras sejam aprovadas. Os sindicatos através de suas centrais estão indo na contramão da história, pensam não mais no bem estar da classe trabalhadora, mas nos seus próprios interesses, jogando o país num abismo social, envergonhando uma classe que com seu suar vem gerando riquezas que nem sempre lhes beneficiam.
Djalma Amorim Régis
Servidor Público e Radialista formado pela Rede Residência de Educação de Maceió AL.
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