A agonia de pescadores chama atenção de quem passa pelo município de Nova Jaguaribara, cidade distante 219 km de Fortaleza. A população que um dia viveu da abundância de peixes e um comércio próspero, hoje buscas alternativas para tirar o sustento diário. A cidade fica ao lado do maior açude do Brasil, o Castanhão.
O reservatório está pela primeira vez no volume morto, com 3,15% de capacidade de armazenamento. E a seca traz prejuízos. Pescadores afirmaram que atualmente lucram cerca de 10% do que recebiam há seis anos.
O Castanhão foi criado em 2002 inundando a cidade de Jaguaribara. Os moradores do antigo município se deslocaram para uma região próxima, fundando a cidade de Nova Jaguaribara. Com a seca e redução no volume do açude, as ruínas da antiga Jaguaribara estão expostas desde 2013. O reservatório recebeu carga máxima pela primeira vez em 2004 e nunca havia atingido o volume morto.
Mesmo com a crise, a possibilidade de racionamento está descartada. "A capitação continua ocorrendo normalmente, mas com algumas preocupações. O volume [de água do Castanhão] tem decrescido diariamente em um milhão de metros cúbicos e isso é prepcupante", diz o técnico do Departamento Nacional de Obras Contra a Seca (Dnocs) Fernando Pimentel. O Dnocs, do Governo Federal, é o órgão que administra o Castanhão.
O açude tem capacidade para 308,71 hm3 de água, o suficiente para abastecer uma cidade como Fortaleza por três anos. O Ceará sofre com chuvas abaixo da média por seis anos seguidos, ocasionando a mais grave estiagem registrada no estado nos últimos 100 anos.
Pelos cálculos da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos do estado (Cogerh), a quantidade de água atualmente armazenada deve ser suficiente para manter os usos do açude, que já estão reduzidos, até por volta de janeiro de 2018. Após essa data a situação será reavaliada considerando os prognósticos do período chuvoso do Ceará, que começa em fevereiro e se estende até maio.
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