Reunião da neonatologia do HDM/IMIP aborda o tema “Gravidez Gemelar Acárdica”

30 de Nov / 2017 às 18h00 | Variadas

A reunião mensal da neonatologia do Hospital Dom Malan/IMIP de Petrolina, realizada nesta quarta-feira (29), apresentou o tema “Gravidez Gemelar Acárdica” – uma patologia que ocorre na gravidez de gêmeos que dividem a mesma placenta, caracterizada pela presença de um feto doador e outro receptor anômalo, ou seja, sem estrutura morfológica definida. A condição é raríssima e se apresenta em uma a cada 40 mil gestações.

No presente caso, observa-se uma deformidade na parte superior do corpo, com ausência de coração e de polo encefálico. Este feto é inviável e não sobrevive ao ambiente extra-uterino. Durante a gravidez, o feto acárdico recebe sangue bombeado do seu irmão gêmeo normal, ocasionando sobrecarga ao feto sadio. As principais complicações são o aumento do líquido amniótico, a ameaça de parto prematuro, desaceleração do crescimento, insuficiência cardiopulmonar do gêmeo doador e óbito fetal.

O diagnóstico pode ser realizado pela ultrassonografia morfológica no 1º trimestre, levando em consideração algumas características específicas. Se diagnosticado precocemente podem ser tentados alguns tratamentos, como a fotocoagulação a laser, que oclui o cordão umbilical e aumenta as chances de sobrevida do feto sadio em 75%.

Sobre a paciente acompanhada pelo Dom Malan, a residente de ginecologia (R2), Suziene Felizola, que apresentou a reunião acompanhada da residente de pediatria (também R2), Bruna Lopes Aquino, relata que ela deu entrada na unidade com a gravidez bem adiantada e sem o diagnóstico. “A paciente chegou com 29 semanas, segundo o nosso ultrassom, em início de trabalho de parto. Através dos exames de imagem conseguimos comprovar a suspeita de Dr. Marcelo de uma gravidez gemelar acárdica e daí então definimos a nossa conduta. Nós conseguimos inibir o parto, realizamos uma amniodrenagem para retirada do excesso de líquido, entramos com o corticoide no bebê para fortalecer os pulmões e conseguimos ganhar mais uns dias levando a gestação até 32 semanas”, esclarece.

“Fizemos tudo que estava ao nosso alcance e dentro da literatura. Infelizmente pela incidência de outros fatores, como a própria prematuridade, baixo peso, aumento do coração e complicações da gemelaridade o bebê veio a óbito algumas horas depois de nascido. Mas, o que ficou dessa experiência foi a certeza de que o Hospital Dom Malan presta um serviço diferenciado dentro do sistema público de saúde e que nós como residentes temos a sorte de nos deparamos e atuarmos em casos tão incomuns”, acrescenta Suzy.

O especialista em medicina fetal do HDM, Marcelo Marques, por sua vez, ressalta a referência de ponta do Dom Malan. “Nós conseguimos oferecer pelo SUS tratamentos que poucos lugares disponibilizam. Sem dúvida, todos os casos raros que aqui chegam recebem a assistência adequada, equivalente à de serviços de renome do país, além de servirem de aprendizado para a equipe multidisciplinar. Nós temos o orgulho de ter neste hospital equipamentos e pessoas preparadas para agir em casos difíceis como o apresentado. Hoje, mais uma vez, nós fomos muito elogiados pelo mestre em saúde infantil e consultor do IMIP, Dr. Rubem Maggi, e estamos muito felizes com os nossos avanços”, finaliza Marcelo.

Ascom/HDM/IMIP

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