Família da menina Beatriz quer federalização do caso; mãe diz que vai iniciar greve de fome

13 de Nov / 2017 às 15h00 | Policial

Quase dois após a morte da menina Beatriz Angélica Mota, de 7 anos, a família e amigos, que já realizaram uma série de protestos em Petrolina, local da escola onde o assassinato ocorreu, viajou cerca de 800 km e está neste momento no Palácio do Campo das Princesas, no Centro do Recife. O grupo, com cerca de 40 pessoas, cobra respostas da polícia sobre a evolução das investigações. O grupo exigiu inicialmente ser recebido pelo governador Paulo Câmara e a delegada Gleide Angelo, à frente do caso há cerca de um ano, mas foi recebido por comissão sem a presença do governador.

A mãe da menina Beatriz, Lucia Mota, afirma que a família quer conversar sobre dados das investigações e sobre a lentidão no desfecho do caso. Entre os pontos citados por ela, o nome do funcionário que apagou as imagens das câmeras da escola, que foram posteriormente recuperadas pela polícia. A prisão deste funcionário está na lista de reivindicações do ato que ocorre no Centro do Recife. "Se um for preso, tudo será desbaratado, porque vai sair um entregando o outro", afirmou Lucia.

“Não temos dúvida do envolvimento de alguém da escola”, enfatiza. A família também fala sobre a reforma realizada na escola dias depois com o "claro objetivo de esconder provas". Segundo ela, a entrada do suposto assassino ocorreu por um portão que só podia ser aberto por dentro, o que configura claramente a participação de outra pessoa no crime. 

O local, ainda de acordo com Lucia, foi claramente preparado para atrair alguma vítima. A mãe de Beatriz diz que não vai descansar enquanto os culpados não forem punidos, objetivo que fica mais difícil a cada dia com "o claro incentivo ao arquivamento do caso, pela rede de protecionismo criada no âmbito das investigações".

A família exige também a designação de outro delegado que se estabeleça em Petrolina. “A polícia de Pernambuco é incompetente. O que é que falta? Nada foi resolvido. A entrada cheia de pirotecnia da delegada Gleide Angelo de nada funcionou. Não estamos aqui pedindo favor a ninguém. A polícia já tem indícios suficientes para tomar medidas preventivas. Me envergonho quando alguém chega pra mim e diz: 'se esse crime tivesse ocorrido na Bahia, já estaria resolvido'”, desabafou Sandro Romilton, pai de Beatriz.

Lucia diz ter para esta segunda-feira várias metas, como a resposta formal ao pedido feito por ela em agosto à delegada Gleide Angelo, sobre acesso aos dados do inquérito. "Me preparei para o dia de hoje e para esta greve de fome com uma equipe médica. Estou pronta para passar vários dias sem comer", afirmou a mãe de Beatriz. Ainda segundo ela, a família não sai do Recife até receber uma resposta formal da delegada. "Vou ficar aqui até quando o meu corpo aguentar", frisou.

Beatriz Mota, 7, foi encontrada morta dentro do Colégio Maria Auxiliadora, em Petrolina, no Sertão de Pernambuco, no dia 10 de dezembro de 2015. Após se afastar da família para beber água, a garota desapareceu e seu corpo foi encontrado cerca de 40 minutos depois, vítima de 42 golpes de faca dentro de um depósito de material esportivo. A delegada Gleide Ângelo preside as investigações sobre o caso.
 

Rafael Furtado/Folha de Pernambuco

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