ARTIGO – ENCONTROS E REENCONTROS (II)

12 de Nov / 2017 às 23h00 | Espaço do Leitor

Nos tempos bicudos e conturbados em que hoje vivemos, soa como uma graça divina o ar alegre, sorridente e cheio de empolgação de pessoas que um dia na trajetória da vida se encontraram por um acaso do destino e das lides profissionais, mas que souberam construir com rara maestria uma sólida e duradoura relação de amizade cordial, quase familiar...! Cada abraço traz a expressão do entusiasmo e da felicidade visivelmente estampada na face de todos. Algo complexo e intraduzível em palavras!

O meu ânimo de cronista calejado ao longo de tantos anos encontra relativa dificuldade em traduzir a força de tamanha energia que emana desses jovens já amadurecidos pelo tempo, ou não, mas cuja vibração tem uma grandeza incomensurável! A idade de cada um perde o grau de importância, ainda que cabelos já se foram ou vaidosamente mudaram de cor, enquanto algumas leves protuberâncias também surgiram aqui ou acolá, mas, que servem como alimentadores do papo gozador de cada um durante o reencontro! Os atletas de ontem, não mais correm no campo com a mesma juventude; o “baba”, sempre muito organizado, tem até Diretor responsável, mas, já não tem a empolgação de outrora, visto que este ou aquele já não joga mais o mesmo futebol; ainda assim, a torcida vibra com carinho, compreensão e tolerância.

Se pararmos um pouco para comparar as relações de trabalho, atualmente, com certeza, e infelizmente, não vamos encontrar nada que se compare com os vínculos criados num simples ambiente bancário, naquele passado longínquo, onde nada nem o tempo têm conseguido apagar.

Quem assiste de fora e não tem vínculos com o grupo, busca interpretar como é possível que pessoas que trabalharam juntas entre 25 e 35 anos atrás no Banco do Brasil, em Irecê, cuja agência chegou a ter um Quadro de Pessoal de 220 funcionários, tenham encontrado essa força pujante de uma amizade tão sincera, a ponto de reunir num Encontro cerca de 200 pessoas entre aposentados (as), esposas e esposos! Para mim foi um privilégio e uma honra ter sido o Gerente-Geral dessa equipe entre 1985/1989, e continuo firme e fiel ao lado deles nesses reencontros... Vale ressaltar, com muita alegria, que nesse Evento IRECÊ 2017, realizado na AABB-Salvador, na última semana, dois colegas da agência fundada em 1964 (53 anos atrás!), estavam presentes: FERNANDO PEREIRA ELOY (Salvador-BA) e RUY LIMA ALMEIDA (Aracajú-SE), os quais foram alvos do respeito e da solidariedade dos “meninos” dos tempos mais recentes!

Espero que os meus leitores de todas as semanas tenham a compreensão dos motivos porque o cronista variou tão radicalmente os temas tradicionais. Mas, a motivação como cúmplice dessa integração tão incomum e especial, que é um retrato exemplar e dignificante de como se preserva a identidade e a imagem de uma empresa centenária como o Banco do Brasil, provoca em mim e em todos os que participaram do “ENCONTRO IRECÊ 2017” uma forte carga de emoção e que tem de ser extravasada de alguma forma.

A verdade é que foram quatro dias de um feliz congraçamento, marcados por um passeio de Escuna na Ilha de Maré, na Bahia de Todos os Santos – espetacular! -, um grande Encontro na AABB-Salvador regado a churrasco e o encerramento no último domingo com uma bela feijoada e Lavagem com direito a baiana e tudo. Sobrou sorrisos e encantamento geral, além da frase final mais ouvida e que marcou o encerramento: “Onde será o próximo Encontro? Que venha logo 2019”!

Desta vez descobrimos no grupo um colega com qualidades poéticas (o Williams, de Minas Gerais, nosso representante eleito no Conselho Fiscal da PREVI, ora Presidente), cujo poema do evento reproduzo a seguir:

Esse negócio nosso é muito esquisito...
Faz tremer as pernas.
Enche o gogó de travas.
Dá vontade de abraçar.
Dá vontade de não mais soltar.
Dá vontade de tudo.
Dá vontade de nada.
Dá vontade de prosa.
E também só olhar.
Tem jeito de mula manca.
Que anda devagarinho.
Tem jeito de bravo corcel.
Que dance como louquinho.
Tem jeito de ciúme.
De quem não compreender.
Que o nosso amor é demais.
E moléstia não vai querer.
Aqui só é boa coisa.
Que só pode vir de Irecê.

Concluo, prazerosamente, recorrendo à frase final da minha crônica do ENCONTRO anterior: O TEMPO PASSA E A HISTÓRIA GANHA NOVOS PERSONAGENS, MAS OS ATORES DO PASSADO NÃO DEVEM SER JAMAIS ESQUECIDOS!

AUTOR: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público (Salvador-BA).

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