A todo instante, os fatos corriqueiros do dia a dia nos permitem recordar coisas interessantes, e hoje me permito relembrar de algo ligado à infância, o qual é bem marcante na fase da formação infantil. Por exemplo, quem não presenciou em algum momento o calundu de algum garoto birrento, a chorar incessantemente, e o pai impotente em contê-lo, opta pela solução que mexe com a sensibilidade da criança, e assim promete que em troca do imediato final daquele choro descontrolado ela receberá o prêmio de algum brinquedo desejado, ou um passeio ao parque...! Ressalte-se que essas promessas saem do bolso do pai do chorão, posso afirmar!
No mundo real dos adultos de hoje estamos convivendo com uma penosa história, bem análoga a essa figura indócil da criança, só que na imagem de um Poder político fragilizado que encontra alento e fortalecimento na linguagem da troca, e cujo idioma entre eles mais parece um dialeto de entendimento restrito a uma certa organização que integram. Só não sabemos dizer se é organização criminosa-política ou política-criminosa, em virtude de tudo isso que o amigo leitor já sabe.
Nos dias que antecederam a mais um julgamento pela Câmara dos Deputados da segunda denúncia contra o Presidente Michel Temer, o que mais esteve em evidência na imprensa e pelos analistas políticos, em geral, foi a dúvida quanto à possível infidelidade de alguns deputados da base do governo e assim este iria conviver com o risco de não atingir o número de votos para a rejeição desejada. O presidente da Câmara fazia ares de zanga e ciúme porque teria havido aliciamento do governo na atração de deputados que deixaram o PSB e se vincularam ao PMDB ao invés do DEM... Era visível o ar irritado do Dep. Rodrigo Maia, mas nada que pudesse resistir ao aceno convidativo de um simples encontro com o Presidente em Palácio. Resultado da votação? O Presidente da República venceu a segunda batalha!
Não houve nem haverá provas concretas quanto ao preço de cada voto, mas é muito intrigante para cada brasileiro sofrido deste país saber que, dois dias após a votação, o zangado Presidente da Câmara, Dep. Rodrigo Maia, embarcou num avião da FAB-Força Aérea Brasileira, acompanhado da esposa, dois seguranças e um Assessor, e uma comitiva de mais nove Deputados convidados, com todas as mordomias, para uma visita “diplomática” a Israel, Palestina, Itália e Portugal, e todos os parlamentares recebendo diária de 550 dólares ou 1.820 reais, quase dois Salários Mínimos por dia! Só posso entender que nós estamos sendo “gozados” de forma grotesca, como idiotas, ineptos, subservientes e incapazes de avaliar o que está acontecendo neste país! E o pior é que, cabisbaixos, vamos continuar dizendo amém e amém...!!!
Enquanto o Salário Mínimo vai aumentar apenas 28 reais em 2018, e a Nação vive as incertezas quanto ao seu futuro face às reformas que não saem porque exigem mais trabalho legislativo, e eles estão pouco se lixando para isso, utilizam 9 dias de férias para um passeio no exterior com o dinheiro do Tesouro Nacional...! E o governo libera uma aeronave oficial com toda a sua equipe de bordo recebendo diária em dólar, com elevado gasto de combustível, a pretexto de que? Que vantagem política ou diplomática poderá advir em benefício do Brasil? Chamar isso de uma imbecilidade... é pouco!
Qualquer cronista sensato e com um mínimo de sensibilidade patriótica, bem como a uma sociedade que se respeita, causa um natural sentimento de profunda aversão diante de tanta irresponsabilidade que campeia no cenário nacional.
É inquestionável que são graves as dificuldades de realinhamento do Brasil com o desenvolvimento. Mais desalentadora, porém, é essa indefectível convicção de que o maior obstáculo reside no elevado fluxo de fatores desmoralizantes que marcam a conduta das autoridades responsáveis por promoverem essa redenção, seja pela existência do império da maldade ou a gestão dogmatizada pelos vícios das falcatruas e das rapinagens.
Teria sido extinto o Ministério das Relações Exteriores - e não sabemos -, ou este se tornou incompetente para promover as relações diplomáticas com outros países, de forma a justificar a viagem de uma comitiva oficial de 10 Deputados para um TURISMO DIPLOMÁTICO que mais parece a FARRA DO BOI?
AUTOR: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público (Salvador-BA).
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