Especialista em segurança alimentar, o economista Francisco Menezes, coordenador do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase) e consultor da ActionAid Brasil, explica por que o País pode estar prestes a voltar para o Mapa da Fome da ONU.
O Brasil deixou de figurar no mapa em 2014 - quando foi constatado que menos de 5% da população estava em situação de vulnerabilidade extrema. Um relatório entregue às Nações Unidas em julho e assinado por 40 ONGs que atuam no País, entre elas o Ibase e o ActionAid, foi quem primeiro fez o alerta sobre o aumento da fome.
Ao avaliar as políticas usadas para alcançar as metas do milênio das Nações Unidas, o relatório revela que o risco se deve a uma combinação de fatores registrados desde 2015 como a alta do desemprego, o avanço da pobreza, o corte de beneficiários do Bolsa Família e o congelamento de gastos públicos.
Além disso, o governo cortou R$ 1,1 milhão em benefícios do Bolsa Família, sob a alegação de irregularidades.Num quadro de desemprego, esse nível de redução agrava a situação social.
"Estive agora debruçado sobre a proposta de orçamento para 2018 e ela assusta bastante. Muitos cortes previstos têm um impacto direto no agravamento da situação de pobreza. Como exemplo, eu citaria a redução de 92% das verbas do programa de cisternas no semiárido e de 99% dos recursos voltados para a aquisição de alimentos da agricultura familiar para distribuição em áreas mais carentes. Nós somos observadores e temos que dizer: medidas como essas nos levam à situação de fome", declarou Francisco.
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