(O DIA EM QUE JESUS CRISTO VOLTOU À TERRA, PASSANDO POR JUAZEIRO-BA)
Careca de ver na Terra tanta atrocidade, turbulência, esculhambação, desraciocínio, mentalização barata, espetinho de gato, arrogância, palito de fósforo no chão, guerra, míssil nuclear, bromato de potássio no pãozinho, meleca de olho, alarme falso pro SAMU, doença venérea, zuinhada de gato preto, ambulância enguiçada, diabetes, caganeira vocabular, parada gay, ficada homofóbica, violência doméstica, notícia de favela, corrupção em banda de lata, pedofilia até eclesiástica, supremacismo, muriçoca, aedis, livro de autoajuda, internediota, ataque de ptibull, serial killer, pobreza, arrocho salarial, fruta gogóia, Faustão, Huck, aniversário e cãominhada de cachorro, unha encravada, sequestro, frasal tomar no c... e filho de uma p..., filme pornô, mau hálito, tecnologia de ponta, luta de boxe, ejaculação pré-coce e pós-coce, concurso fraudado, num sei o quê play, morte de PM por pobre, morte de pobre por PM, rico solto, vitamina sem leite, adultério, barba mal feita, sexo sem gozada, umbigo de fora de gordas, filosofia sem metafísica, música brega, axé, sertanejo, forró estilizado, caspa, burguesia, bufa em público, bebedeira sem boemia, vômito, apego ruim de vazar, calo no pé, elevador enguiçado, procrastinação, cagada na calça, centro de recuperação evangélico, seita anti e religiosa, extrovertimento alcoólico, ressaca moral, impotência, conselho cômodo, professor aloprado, aluno desempaisado, novela de TV, game, perda de pênaltis, recaída de resiliente, jogatina, tatuagem, verdade mentirosa e mentira verdadeira, menopausa duradoura, banguelismo, desafino calado, imposto, condomínio fechado, ONU, UNESCO, NASA, UNICEF ,etc e três pontin em fim de parágrafos, Deus resolveu, após uma eternidade descansando, dar um tiro de doze no pandemônio terrestre.. Como gabola-se de não precisar nunca e nem para nada de assessores e conselheiros, fez sozinho estudos minuciosos ao fim dos quais elaborou projetos e planejou o desfecho para acabar de uma vez por todas com a putaria que empestiou o planeta.
Enviaria à Terra alguns profetas da sua mais alta confiança para tal tarefa. A terra haveria de ser como sonhou ao fabricá-la e inaugurá-la: Um Paraiso. Afinal, pensou com os seus botões, cadarços e fechecléis: Como se ter água, ar, céu, cor, música, poesia, êxtase em gozada, fauna, flora, apreciamento de sol-lua-céu-estrelas, animais, seres humanos e estar nesse caotismo apoteótico de degradação? Interviria energicamente usando sem pestanejar os seus grandiosos e preferidos predicados de Onipotente, Onisciente, Onipresente e tudo o mais que restasse, ainda, do todo poderoso poder a que presenteou a si mesmo muito antes de criar a natureza planetária. Pareceu ter previsto, acertadamente, a necessidade de um dia fazer bom uso dos tais e quais. E eis, chegando que veio, o bendito e maldito momento. “ Vai ou racha! “ passou a ser lema. Ou então, apontando lá de cima para baixo o dedo indicador em riste desafio, não sou Deus! Daí, colocou imediatamente em prática o que definiu de PLANO DE SALVAÇÃO DA HUMANIDADE.
De início teve de escolher o local do rebelde planeta onde poria ajustes na esculhambação desenfreada e freio de ordem na desordem esculhambada. Não foi lá muito difícil. “ Vai ou racha! “, continuou a ser lema. Assim, o exemplo serviria para todo o mundo. O mundo cão chupando manga instalado ponta a ponta. Claudicantemente assumiu, tentando não mostrar qualquer arrependimento, que deu um afrouxamento na vigília humana. E o Homem não é gente não...vaticinou.
Analisando minuciosamente todos os países, não por acaso acabou batendo o martelo no mais supimpa: O Brasil! A pátria desamada mais vulnerável a pecados, desvios de condutas morais, cívicas, éticas, o diabo a quatro de perversão, receberia os escolhidos profetas da honrosa incumbência de, chova canivete ou chiclete ou ida e vinda a toalete, reencarnar e reespirituar o humanismo, o amor, a dignidade, a fé cristã, a bondade, no ventre, na mente, no coração, do filho dileto e “ O mais querido “ de Deus. Elezinho em carne-osso e pelanca, o Homem. De quebra e de inteiro, the man brasilian. Jamais seria outro, divinou na assertativa. Começaria pela cidade-metrópole mais gananciosa, escrupulosa, racista, escravista, capitalista, selva de pedra e de cálculos : São Paulo, de bullings Terra da Garoa e Sampa . Vai ver Caetano Veloso tenha sonorizado por lá:
“ São Paulo é como um mundo todo
No mundo um grande amor perdi...”
Como desejando defuntar o impasse humanístico-celestial-criador-criatura o mais depressinha possível, Deus, se achando, apostou as fichas no profeta Daniel, mimado menininho-guerra das antrolas A.C. . Daniel foi um vigoroso guerreiro, invencível, incorruptível. De irredutível fé na Palavra Sagrada pularia um abismo ao estalo dos dedos do Senhor. Ao sofrer torturas, humilhações, perdas familiares, expulsão de seu torrão natal, jamais duvidou e deixou de enaltecê-lo. Destemido, impiedoso, derrotou os inimigos um a um. Ganhou moral e Deus o tem em altíssima conta. Ninguém melhor que ele, não? Os terrestres seriam favas contadas facinfacin anexadas ao seu currículum eternae. Cantaram pedras antes ...
E veio o profeta Daniel aportar em Sampa. Reencarnou-se de prima em plena Avenida Paulista. Logo na adaptação largou no lixo as surradas túnicas, pondo indumentárias à moda. Adorou a brisa, a garoa, cueca, hot-dog, jeans, xampu, leite de rosa, desodorante, coca-cola. Perambulou deslumbrando-se com o avassalador número de transportes e de pessoas indo e vindo apressadas, robóticas, ensacoladas, descoladas, marmitarizadas, celularizadas. Reclamou bastante da quantidade de arranhas-céu, pouca fauna e flora, poluição sonora, preta fumaça que sobe apagando as estrelas, da violência, da cracolândia, da má distribuição de renda, dos empregos mil informais, do preconceito com os povos do norte-Nordeste em geral. Chegando a perguntar o porquê de bullyngzarem uns de paraíba, baiano, e outros não. Num sonzinho de bar, timidamente balançando as pernas e os ombros, viu-se back vocal “Por que és o inverso do inverso do inverso do inverso”. Achou que São Paulo tinha muito mau gosto e muito bom gosto a experimentar antes de agir para o que viera e dera. Não deu muita trela ao linguajar paulistês certo de que ninguém acreditaria em milagre com a frase “ E Jesus multiplicou as bengalas”. Viva os pães! Balbuciava mais alegre que pinto no lixo enquanto passava a manteiga. Deixando de lado as tongas e milongas do cabuletê, impressionou-o em demasia foi o megalomaniocoismo dos empresários e dos políticos paulistanos. De cara, tomou gosto pela maneira de viver paulistana (Cultura do esforço, olho de lince, alerta em profusão, sem comodismo, levando vantagem em tudo, farinha pouco meu pirão primeiro). Intensamente sobre todas as coisas, não importando fosse em detrimento dos menos favorecidos. Esses, analisaria adiante, se eram mesmo escravizados, excluídos ou apenas preguiçosos e servis por natureza. Tinha lá as suas dúvidas. Porém, esqueceu rápido e relevou –as... Quando Daniel deu por si estava de paletó, guarda-chuva, pasta 007, Iphoni, óculos escuros, carro preto com motorista de gravata borboleta abrindo a porta, visitando a Bolsa de Valores. Fez apostas no mercado de ações, apareceu de penetra em sessões da FIESP, CNI, Câmara Municipal, Assembléia Legislativa, até efetuar matricula, antes que tarde, no curso de Economia numa faculdade particular. “ Para ficar mais por dentro”, coerentizou. Uma guerra a mais ou a menos, depois de tantas, que diferença faria? Encarando a luta foi garçom, flanelinha, porteiro de boate, segurança de cabaré. Obstinado, veio, viu e venceu poltronando-se supervisor numa empresa de consultoria econômica. Adorou a coisa de gráficos e estatísticas. Mais ainda de ganhar a sua própria bufufa sem depender de...travou logo o que viria a pensar. Não demorou a transformar-se em um respeitoso milionário homem de negócios escusos, politicagens, negociatas. O que o levou a cair nas garras do Leão de Renda e da Operação Lava Fé. Desde então, sumiu do mapa. Dizem que a última vez que foi visto foi num jogo do Corinthians. No camarote Vip, vestindo a camisa da Fiel.
Deus, entre incrédulo e decepcionado, lamentou.
No entanto, Pai que é Pai jamais desiste de um filho. Não desistiria de salvar a humanidade, via homem brasileiro. Jamé!, francesou.
Como se diz no barraco “ O Buraco da Tonha: “Deus é Deus e jacaré é bicho d’água.
Resolveu enviar o segundo profeta. Isaías, o sempre fidedigno guardião da justiça e do temor a Deus. Dessa vez apostou as fichas na cidade agora de maravilhosa: Rio de Janeiro. Celeiro de corrupção política generalizada, boates, carnavais, contravenç]AP a torto e a direito, naipe de jogatinagem, milícias, tráfico e uso de drogas, mutli-roubos, turismo sexual, pedofilia, infiéis religiosos, eis as credenciais profícuas do antro. Pensamento simples: Mudando o carioca mudo o país e, de contra-peso sequente, o planeta tá no papo. E Isaías cai em Copacabana logo num plendoroso Domingo ensolarado de verão. Seminus, seminuas, cevadas, cachaças, sorvetes, beijos, sarros na areia, vidão à lá carioquê. Foi que à vontade se sentiu. À noite um role pra sentir o drama. Noutro dia , Quadra da escola de samba Mangueira. Paixonite aguda pela Cor de Rosa , aprendeu apressadinho a soltar os quadris enferrujados rodopiando desengoçado as fogosas mulatas de plantão, peitão e bundão. Deitou e rolou de Cartola , Pagodinho, Beth, Fundo de Quintal, Martinho , Noel e curtiu pra valer a Bossa Nova dos Ipanemistas Jobim, Vinícius, João e os requebros praieiros de Helô Garota de Ipanema. Derreteu-se de Chico Buarque, Jorge Benjor, Luiz Melodia, Tim Maia. “ Difícil não se cariocar, estando aqui”. Pensativou à beira-mar, de como um lugar tão abençoado pelo Senhor com uma natureza tão esplêndida, única e ímpar poderia estar tão defenestrado, tão acuado pelo medo, tão cercado da podridão dos vícios , tão alheio às leis humanas-espíritas, tãotão. Como jamais culparia a Criação, sobrou para o miolo mole e a carne fraca do povo., estendendo o leque ao governo. Um governo sem responsabilidade alguma em amparar com saúde, esporte, emprego, segurança, educação, moradia, programa social, a população excluída , carente e necessitada. Deixando , assim assado, o caminho livre para o surgimento de um governo paralelo feito por políticos inescrupulosos e a bandidagem em pele de cordeiro. Entretanto, alongando as análises da situação terminou por achar as ideias infames contraventores cariocas não de todo ruim. Pareceu-lhe apesar do risco, tão somente, uma certa liberdade-escolha de vida e de destinar ao povão sem manto e comida o alento de ao menos vegetar amenizando o sofrer.
Conjectura-se que o antigo guardião da justiça e do temor a Deus cuja Biblia tanto exalta, pisou na bola e não fez o gol de placa que o céu precisava e torcia. Tiro pela culatra, o profeta Isaías pesando os contras e os prós atirou-se de corpo, alma e fé, pro time dos contras os desejos divinos. Se infiltrou e se lambuzou da boemia-contraventorista-artística da cidade de São Sebastião ( Nada satisfeito de seu nome estar nessa merda, unanimemente apostam os seus seguidores. ) do Rio de Janeiro e cariocou de vez. Não se sabe o real porquê, embora a fofocagem paparazzidada tenha versões e versões.Talvez, braço direitou de um arrojado traficante ou político malandro.Talvez, nos braços de uma gostosa mulata laranja madura na beira da estrada. O certo é que Deus, em outro pleno Domingo de verão em Copacabana, o perdeu de vista. Às quatro horas foi avistado no Maracanã com a camisa dez do Mengão, galhorfando em bom tom um tal hino: Uma vez Flamengo, sempre... Sendo assim a última notícia que dele se teve. Como em encantamento, escafedeu-se mesmo sem sair do Rio. Deus retou.
-- Isso está se tornando demais até para um Deus! Supliciou invocado.
Já por demais impaciente, sentiu na pele que não poderia e nem aguentaria passar mais mico. Ou...
Afinal, quem criou os mares, as plantas, os animais, o ar, o sol , a lua, a Terra e o safado desse Homem? Perdendo as estribeiras, bociferou.
Afinal, quem criou os mares, as plantas, os animais, o ar, o sol, a lua, a Terra e o safado desse Homem? Perdendo ainda mais as estribeiras, bibociferou.
Tome insôniar, raciocinar, inteligenciar, pensar..pensar...pensar...Bumbumpraticubum! Achou por bem ou por mal , num ultimato feroz sem volta e raivoso, intervir de uma vez por todas. Agora, palavra de Deus, ou “ Vai ou racha de todo jeito! “. Viu que botou enfático e cismado o “ de todo jeito “ na jogada? Viu?
Deu nisso...
“ Saber de uma? Arriscarei a minha última cartada, a última da manga. A infalível.” . Deus convicto- inseguro disso, dando possíveis sinais de vitória perante o Homem, sorriu pelos cantos da boca forçando um relax diminuto . Preocupado e com bastante razão, pois, não havia outra decisão a tomar que não fosse lançar mão da cereja do bolo, de sua obra-prima: Jesus Cristo, o Primogênito. O Nazareno, finalmente descafedeu-se dando sinal de vida e justo para dar o chute final no traseiro do mundo cão que o Homem redesenhou para si, à mercê do Criador. Um homem ingrato, petulante, traidor, blasfêmico, endemoniado, sem consideração alguma pelo seu único e verdadeiro Pai.
“ Quero ver esse Homem deplorável ajoelhando-se, pedindo perdão, suplicando clemência, orando e me louvando como sempre deveria ter feito. Jesusinho, meu Filho Primogênito, fiel, temente a mim sobre todas as coisas, tu que um dia já destes a vida pelo Homem em meu nome, vai-te e o recupera aos meus braços e aos reinos dos céus!”, ordenou com insolência pragmática o Pai dos Pais.
Por que Jesus Cristo?
Razão e racionalismo, com pitadas de emoção, não faltavam para tal ato soberano, sublime, de Everest relevo ,insofismável. Jesus não somente se tornaria ( Após o calvário sofredor, traição por moedas, crucificação, suspeita do mau ladrão, negações de apóstolo, fuga dos encantos de Maria Madalena, o escambau de injúrias. ) o maior dos homens, como , em que pese outros mitos inchiridos , aumentava cada vez mais day após day o seu clube de afãs idolátricos mundo-espaço-tempo afora. Sem restos mortais e imortais de dúvidas é , simples e profundamente, o Homem que uniu na misericórdia e no perdão sagrado a tudo e a todos tendo por base e alicerce o amor, a igualdade social, o amparo, o carinho. Socialista nato. Imperador autêntico da bondade e do afeto aos oprimidos, discriminados, desenclusos sociais, das classes baixas, foi deveras hostilizado pelo poder oligárquico da época e... Que Homem é esse?... atravessou fases epocais desembocando vivo e atual nesses tempos desáureos contemporâneos. Foi mole não, o Cara. A cara do destemor, da compra de briga com os poderosos asfixiantes , degolantes da liberdade dos povos e de qualquer espécie, por menor que seja, de democracia. Tirando as psicochicotadas que deu no lombo de vendedores na porta de uma Igreja, o resto foi pregar o amor, fazer milagres, sermões morais, espirituais e muito denguim. Bote denguim nisso. Desde os tempos das antrolas ao recente e ao aqui , Jesus é inspiração de heróis, discípulos abnegados e até de incrédulos gratuitos opositores da sua fé cristã. Entre papas, luterinos, santos, hereges, prêmios Nobel, intelectuais, escritores, artistas, cientistas, gurus, umbandistas, curandeiros, os caga voando, macumbeiros, os metidos a besta , políticos, Elezão é o maior revolucionário de todos os tempos. Quaquilhões de anos-luz à frente de figuras humanas de proa, cada um a seu modo de ação, tais como Ghandi, Lutherking, Guevara, Irmã Dulce, Tereza de Calcutá, Buda, Mararishi, Desmund Tutu, Eisntein, Mandela,Simon Bolívar, Pepe Mujica, Lula.
O Cara né mole, não!
Porém, faltou-lhe prever e cortar pelo caule, tronco e raiz, coisitinhas e coisitonas que azucrinam , atrapalham e chateiam a vida cotidiana de hoje . Não custava nadicas de nada , Jesus, ter dado uma mãozinha lá trás. Também é vera que algumas delas o próprio senso-comum da inteligência viajando de carona na educação, costumes, tradições, normas, regras, leis, valores, folclores, ideologias, culturas , bem poderia impedir:
* Dependência mental e corporal da Internet.
*A falta de leitura até em bula de remédio.
E outros meandros escritos no início desse imbróglio conto.
Entretanto-todavia- no entanto-mas-porém, a bem da verdade sem mentirinhas, o conjunto dessas parainfernálias, na visão inequívoca do Supremo Sacerdote-Filho, não passam de fichinhas e marolinhas. O Tsunami humanístico não carece de entrelinhas e resume-se a :
*AMOR AO PRÓXIMO.
*CUIDAR DA CABEÇA.
*ENRIQUECER O ESPÍRITO.
Por que Jesus Cristo?
Um ser onde jamais caberia o ódio, a não benevolência, a inveja,a ganância, o desamor, e tampouco desobediência ao seu Pai Deus Todo Poderoso dos Céus e da Terra. Como abdicá-lo para tal incumbência de mudar a humanidade se fora, é e perpetuará sendo o maior conhecedor do coração, da mente e do espírito do seu brother Homem? Nunquinha, não é my Gold?
Boa sorte, Jesus! Todos no do Paraíso desejaram, ainda que desconfiantes, temerários e, mesmo tendo no bojo enorme fé, perplexos.
-- Boa sorte, mestre.
-- De nada.
Ficou sumariamente decidida e decretada, numa relâmpaga reunião de Deus com Deus, a vinda de Jesus Cristo para a Bahia. O estado brasileiro mais vulnerável para a preguiça, maus feitos, idolatrias exóticas, putarias explícitas, reversos da filosofia e metafísica, candomblés, macumbas, umbandas, feitiçarias, despachos, guruzeismadas, imundícies do mundão, magias, bruxarias, libertinagens mil. Ninguém no mundo celestial mais propício do que Jesus , detentor-mor do poder de Deus , carta livre, recibo passado em branco ,tipo fazer o que lhe der na telha , para trazer o Homem de volta ao seu habitat e nicho sacro há muito esquecido e abandonado ao léo pela humanidade.
Uma cidade à espera mesmo sem esperar. O próprio nome , por ironia, adivinho ou coincidência, bem apropriado ao destino: Salvador. O salvador Cristo em guerra pela paz de espírito num lugar em que o Homem, mais bela criatura de Deus, há muito não tinha no menu os preceitos cristãos e divinos da ordem celestial. Lugar do pecado, e haja pecado mortal , em si. Jesus, então, estreou na praia da Barra, reduto de artistas, descolados , despojados, vacas profanas e santas, malucos beleza e caretas feiura, boemia, natureza viva, lendas e histórias. Se encantou com a hospitalidade baiana e o baianês. Impressinado com a enorme diversidade cultural do povo , avexado soube das músicas, dos movimentos culturais , ecumenismo. Amou de imediato. Dourou . Reouviu, ouviu, o Tropicalismo de Caetano, Gil, Tom Zé, Gal, Duprat, Wally Salomão, Rogério Duarte, entre tantos. Longos papos com Cae e Gil sobre até entendidos. Ficou a par do revolucionário Cinema Novo de Glauber Rocha, da literatura Jorge Amadiana, das gravuras Caribeanas, das peitudas mulatas Di Cavalcantianas e inebriou-se das literárias boêmias de João Ubaldo em Itaparica. “ Deus acertou com vocês, hein ? “ Brincou.
Subindo e descendo sem cansar as ladeiras do Pelô , deu um long time rezando de preferência e taciturno nas igrejas barrocas. Pouco depois das obrigatórias rezatórias, oratórias, louvatórias, o jeito foi cair, como haveria de ser, gravitacionalmente nas graças ao som dos tambores leves do Olodum, do tapete branco-céu dos Filhos de Ghandi, do cortejo negro colorido do Ilê Ayê. Nessa altura do campeonato, tomando-se por um baiano de praxe repletou-se em adornos de miçangas, colares, pulseiras, batas e afins sem fins. Sem o mínimo de rogação, pôs as fitas de Sr. do Bonfim implorando os três pedidos ao além. É ruim de saber quais!
Diante de todas essas conjecturas, veio a imprevisível e massacrante dúvida: Como ir-se por ir-se de tão maravilhoso lugar?
Pediu conselhos aos seus borbotões e picou fogo com enxofre na celeuma : Digo ao baiano que FICO!
Não sem antes ter feito vários Em Nome do Pai e Cruz Credo acompanhado em seguida de dezenas de Ave-Marias e centenas de Pai-Nossos...que estás no céu.
Era a pá de cal e a gota d’água que nem Jesus esperava. Quanto mais Deus.
Numa dessas madrugas conflituosas tentou falar com Deus, sem sucesso. Na certa, pensou, o meu Pai não entendeu, absorveu como decepção e me abandonou. Não quis, mas lembrou, que Ele já o abandonara antes na cruz . Além disso, como não lembrar de que Ele criou o Homem para , tomando um chá de sumiço, abandoná-lo á mercê do seu próprio destino.
Como amava mais que tudo o Pai, Jesus Cristo o perdoou pelos dois abandonos e o do Homem.
Pegando bigu no FICO, embrenhou-se no rumo da venta ao interior baiano. Zanzou qual abelhas por muitos municípios até ouvir pela Rádio Juazeiro AM: Aqui começa a Bahia. Não quis nem conversa, se mandou de mala e cuia para as margens do Rio São Francisco. Foi logo se interando das notícias locais e regionais pelo Blog do Povo, o Blog do Geraldo José. Sem querer querendo conheceu a bossa nova de João Gilberto, o forró autêntico e modernizante de Targino Gondim , o samba-revolução d’Os Novos Baianos. Gamou caidinho pelo povo cordial, esbanjo de alegria , receptivo. Agora sim, deduziu, sei de onde vem toda a energia de Ivete Sangalo. Circulando pelo Centro de Cultura João Gilberto apreciou o cine-teatro de Hertz Félix . No cais leu atento as poesias de Manuka, Pedro Raimundo Rego , Expeditinho, as crônicas lúcidas de Dr. Edílson Monteiro, curtiu o sorriso largo de Junolão , gargalhou bastante das polêmicas prós e contras circundantes nas crônicas- músicas -peças -contos de Otoniel Gondim e derramou-se em elogios ao presenciar uma exposição de pinturas do multiversátil Coelhão,da irreverência pop Andywharroriana de Ruy Carvalho e seus bichos loucos , das pitorescas capas de discos de Miécio Café. Universal! Assim referiu-se ao Nego D’água e às obras do artista plástico Lêdo Ivo. Entupido até o talo de emoções, rendeu-se: Juazeiro da Bahia, edifica . Não esquecendo que riu e riu e ria chega a barriga doía com as piadas e causos contados na Barraca de Seu Né por Seu Né , raro e puríssimo verdadeiro pescador mentiroso ,sobremesada de cerveja, caribé com caju, música, peixe assado , muqueca, bode pra lá e pra cá, passeio de lancha . Iguarias e quinquilharias maravilhosas adonde , praticamente nos dias de então, só se curte na Ilha do Rodeadouro. Tal qual um som de realejo...
Entrementes , meio que enraivou-se com a situação precária vivida pelo Velho Chico. Um dos seus santos mais chegados , São Francisco de Assis, a quem sempre encontrava para uns vinhos no céu, estava triste e desolado, confidenciou. Pescadores, pequenos agricultores, barqueiros, atividades turísticas, casas de famílias, comunidades pobres, à míngua com as águas escasseando na falta de chuvas ( Castigo dos céus? ) , de escrúpulos no desperdício , do clima não ajudável. Embora tudo recaia ,principalmente, na omissão política em se fazer projetos sérios e atemporários na preservação de matas ciliares, safadezasde saneamentos ímpios, açoreamento ,limpeza, outras escrotices ,indagou na surdina e cabisbaixo um simples e afortunado questionamento: Se o Criador presenteou essa joia de Rio , por que o Homem não cuida ?
Afora a deterioração galopante do ser humano , em geral, pensar solamente no seu umbigo e o aumento dilacerante da anti-fé ,a alegria sabe-se lá por ironia ou natureza da raça humana insiste em reinar mais que a tristeza no pobre,rico, preto, branco, amarelo, dentado, banguelo, diabético, sadio, vendedor de picolé, dono das Casas Bahia ,tarado, impotente, filho da mão, filho da outra, crente, cético, maria fumaça e tátátá. Porém , como alegria também cansa, veio na cauda da bonança a tempestade . Lastimável tão belo, esperançoso e dedicado povo sendo , anais história a dentro, encabrestado por uma política segregacionista, seletiva, f..., capitalista, intransparente, surdinada , projetada, arquitetada e orquestrada por um certo maestro-Rei e seu grupelho vergonhoso e descaradamente escancarado em busca das glórias ambiciosas das ganâncias pueris: Poder e Riqueza.
Como nem tudo que reluz é luz, Jesus enxergou, não sem praguejar, bem os percalços escuros : A maioria dos seus políticos! Ao saber que grupos se eternizavam, em trocadilhos, no poder, fez cara de não gostou ( Lastimou o comuna-socialista Saul Rosas não ter logrado seguidores quanto mais segmentos ideológicos. ). Incontinente, sentiu a cidade sem planejamento, esburacada, mal sinalizada, insegura, vácuo de empregos e comandada em tudo por um grupinho seleto e fechado que ia do Executivo ao Legislativo. Voz ao povo que é bom , nadicas de nada. # Partiu alegria.. Iria rezar para que, politicamente, surgisse algo que olhasse e cuidasse de pessoas tão bonitas oprimidas, serviçais por imposição, mesmo que ainda analfabetas políticas e fugidias um pouco muito da fé. Da fé em si e , pra piorar piorando, em Nosso Senhor. Assim Deus guenta?
Para fênixiar num pronto restabelecimento, assistiu o filme “ A vida é bela “ , decidindo na esteira aceitar o convite de amigos da terrinha para uma festa à lá comes e bebes e fumas e cheiras e sexos e danças. Sem esgotamento, rebentando luares e sóis , febrou-se quarenta graus dos prazeres mundanos. No âmbito auge da lombra, de supetão retirou de pauta o FICO e balbuciou não sem muitas lágrimas: Terra, Brasil, Bahia, Juazeiro...volto ao céu.Volto aos braços do meu Senhor. Amém.
Amém, todos repetiram. No mais, o grito do silêncio.
Assim caminhou Jesus Cristo...
Cabelos longos ao vento, indumentárias hippie-pop-rock-regaae-funk-axé-bossa-forró-cinemanovo-praia-pelô -velho chico e uma tatuagem da sua mãe Maria à mostra, bate na porta do céu.
Tum Tum! Tum Tum!
Trava-se, para a eternidade, um memorável diálogo :
--- Pedrão! Pedrão! ( Ao porteiro , São Pedro. )
--- Quem deseja?
--- Sou Eu.
--- Eu quem?
---Esqueceu minha voz ? EEEEEuuuuu!!!!
--- Ô Glória! Deus seja louvado! Louvado seja Deus! É o mestre Jesus Cristo?
--- Meu nome agora, Pedrão, é Jésus Crystus!!!
E Jesus adentrou céu adentro.
Sentado no trono celestial, Deus, sem mais delongas e meias conversas, sentenciou:
SALVE-SE ... QUEM QUISER!!!
Otoniel Gondim
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