Melão desperdiçado é alternativa à maçã na indústria de bebidas

11 de Oct / 2017 às 18h00 | Variadas

Um suco-base de melão, para uso na indústria de bebidas, é uma das alternativas propostas pela Embrapa para reduzir o desperdício da fruta. O produto concentrado não apresenta gosto e aroma de melão e pode ser empregado pela indústria como base para a produção de sucos mistos, néctares e outras bebidas. Hoje esse papel é da maçã, principal matéria-prima de sucos-base das mais diversas bebidas com frutas. A proposta também é substituir água e açúcar por uma base mais saudável. A empresa busca parceiros para a validação da tecnologia em escala industrial.

O produto pode ser muito útil para reduzir o desperdício de melão. Em 2015, as perdas chegaram a 37% do total produzido, com base no último levantamento da produção feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Uma boa parte do total não foi aproveitada por problemas puramente estéticos: manchas na casca, tamanho menor que o habitual ou formato irregular. Apesar de rejeitados pelos consumidores, esses melões mantêm intactas as propriedades nutricionais.

O engenheiro de alimentos Raimundo Marcelino da Silva Neto, da Embrapa Agroindústria Tropical (CE), explica que a indústria utiliza largamente o suco-base de maçã, uma fruta de clima temperado, para a produção de blends, néctares e outros produtos com diferentes sabores. O desenvolvimento do suco-base de melão oferece uma alternativa para o aproveitamento de uma matéria-prima proveniente da agricultura tropical. A tecnologia foi desenvolvida em parceria com a Escola de Química da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e com o Centro de Cooperação Internacional em Pesquisa Agronômica para o Desenvolvimento (Cirad), da França.

Em 2015, o Brasil perdeu 195 mil toneladas de melão, o correspondente a 37% do total produzido. A produção correspondente a uma área de sete mil hectares cultivados foi perdida. Não se pode determinar, no entanto, o que ficou no campo, o que se perdeu no transporte, o que estragou no supermercado ou o que foi para o lixo doméstico. “37% foram perdidos. Nós estamos usando “perdido” no sentido literal da palavra. Não sabemos onde estão. Não existem dados oficiais que nos permitam saber o que foi feito. Sabemos que a indústria nacional do melão é muito pequena”, diz o pesquisador na área de tecnologia pós-colheita Ebenezer de Oliveira Silva, da Embrapa Agroindústria Tropical.

Ascom-Embrapa

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