Não é novidade que o mundo está caminhando para uma era de maiores desigualdades sociais, colapsos econômicos e disrupções em praticamente 90% das indústrias e negócios que conhecemos. Dados recentes demonstram que, ao menos dos Estados Unidos, mais de 65% dos americanos, nos próximos anos, irão perder seus empregos e terão de migrar para os chamados "servicos freelancers". Mas e no Brasil, o que podemos esperar dessa reviravolta do século 21?
Uma das forças inevitáveis dessas mudanças é a tecnologia aliada a inteligência artificial e a mecanização avançada de praticamente todas as atividades repetitivas e mecânicas desenvolvidas pelo homem. Afinal, um robô pode fazer muito mais e melhor, com menos custo, do que um ser humano. Pode ser cruel, mas é efetivo. E o mercado busca efetividade!
A grande questão surge quando começamos a analisar o impacto dessas mudanças no meio social. A desigualdade ficou escancarada no mais recente estudo feito no Brasil, onde os 6 brasileiros mais ricos concentram a renda dos 100 milhões mais pobres... um choque óbvio! Mas um choque...
Porém, quando você, trabalhador, que está endividado, com bancos participando ativamente do seu orçamento, com a inflação corroendo seu poder de compra, com aumentos recorrentes (desde alimentos a combustíveis), que caminho seguir em um mundo onde o dinheiro está escasso, o desemprego bate a sua porta e o mercado está tão disperso quanto todas as inovações que vemos dia a dia?
Minha teoria está na base de aplicação (ou da falência) dos 3 "es" do século 21: Emprego, Empregabilidade e Empreendedorismo. Explico.
Toda economia de mercado baseia-se fundamentalmente nessa estrutura. Não estou falando dos teóricos econômicos nem acadêmicos. Estou falando do mundo real. Afinal, uma economia sem empregos, sem empregabilidade e sem empreendedores, vai invariavelmente sucumbir.
O primeiro "E" de emprego, retrata o que estamos ficando "sem". O termo significa o trabalho que precisa ser feito mediante remuneração e subordinação de uma pessoa a outra. A nova economia caminha a passos largos para uma onda de desemprego jamais vista, que vai obrigar governos a criarem mecanismos de suporte social nunca antes imaginados para tantos desempregados. Hoje já somos 14 milhões deles!
O segundo "E" trata da empregabilidade. A empregabilidade é aquilo que possibilita que eu tenha aptidões ou capacidades relevantes para que eu possa atuar em diversas frentes, ou ser "desejado" pelo mercado como profissional. Assim, uma pessoa empregável, dificilmente fica sem emprego. Ser qualificado para tanto nos parece o maior desafio afinal.
Já o terceiro e último "E" do empreendedorismo, fecha o ciclo: é aquela iniciativa que cria oportunidades baseadas nas carências ou deficiências do mercado, e consequentemente busca pessoas empregáveis para os empregos criados pela iniciativa empreendedora. Percebem o ciclo?
Contudo, como estamos enfrentando essa crise institucional de empregos, estamos com muitos trabalhadores que não estão sendo "empregaveis" para o mercado, justamente em função das iniciativas empreendedoras que, por sua vez, estão criando um mercado cada vez mais exigente de profissionais que sejam interessantes, e não meramente executores.
No mundo do século 21, ser empregável significa não ter apenas uma formação em uma área do conhecimento. Significa sim, ser multifuncional, conectado, atualizado, humano e eficiente. Significa voltar para a escola, mas não aquela que conhecemos e fomos formados, mas sim uma nova escola, que vem sendo criada por empreendedores! Mas para isso os trabalhadores precisam de iniciativas que possibilitem a eles se re-capacitarem a cada novo ciclo, para então retornarem ao mercado e assim manter a roda da fortuna girando.
As diferenças sociais tendem a ficar cada vez mais gritantes e escancaradas com as tecnologias. Afinal, quanto mais eficientes, mais iremos perceber o quanto somos injustos e focados em manter um sistema de trocas baseado no seculo 19. Afinal, gerar empregos parece ter se tornado coisa do passado, ja que, para um mercado altamente informatizado, os "empregaveis" teriam seu caminho certo, e os empreendedores vão investir cada vez mais em soluções que necessitem mais e mais de empregáveis.
Nos resta saber se, na ponta final dos resultados, os "não empregaveis" terão sua chance de se "empregabilizar" ou se deverão se sujeitar unicamente a uma distribuição de renda universal mínima, mais conhecido dos brazucas como bolsa-família. Em qual dos "E"s você está agora?
Vinicius Carneiro Maximiliano é advogado corporativo e gestor contábil. Com MBA em Direito Empresarial pela FGV e especialista em Direito Eletrônico pela PUC/MG, atuou como advogado de Propriedade Intelectual no Brasil para a Motion Picture Association (MPA), Associação de Defesa da Propriedade Intelectual (ADEPI) e também para a União Brasileira de Video (UBV). Em seguida, foi gestor de projetos especiais na Associação Brasileira das Empresas de Software (ABES) - e Business Software Alliance (BSA). Nomeado pela OAB/SP para a Comissão de Mercado de Capitais e Governança Corporativa. É diretor executivo da Etecon Contabilidade, escritório especializado em questões fiscais e contábeis para empresas tradicionais e da nova economia digital. Membro do Conselho curador do Instituto Lumina Educacional, que tem foco na educação diferenciada para a geração que já nasce em um mundo mecanizado e digital. Autor do livro "Dinheiro na Multidão" – Oportunidades x Burocracia no Crowdfunding Nacional", obra em que analisa o mercado de financiamento coletivo no Brasil e as questões fiscais e burocráticas que podem impactar esse segmento de mercado. Sempre na linha de estudos e pesquisas voltados para a "vida real e prática das empresas", lança-se agora no estudo aprofundado dos impactos da Inteligência Artificial no mercado de trabalho brasileiro. A automatização, a robotização e as novidades tecnológicas, estão levantando questões que não estão sendo acompanhadas.
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