Encontro dos Comitês Afluentes do Rio São Francisco é marcado por compartilhamento de experiências e questionamentos sobre o futuro do Rio

05 de Oct / 2017 às 21h25 | Variadas

“A Bacia tem solução, mas é preciso inverter a lógica do desmatamento, da destruição, da desocupação desordenada do solo, da degradação dos biomas, envolvendo sociedade civil, usuários da água, governos e comunidades tradicionais”. É com essa mensagem que o presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do São Francisco (CBHSF), Anivaldo Miranda, deu início, nesta quinta-feira (05), ao Encontro dos Comitês Afluentes do Rio São Francisco, em Salvador (BA).

Pela primeira vez os comitês dos estados que receberão águas da transposição – seis no total – participam do evento, que está em sua quarta edição. Também estão presentes representantes de comitês afluentes, além de especialistas da Agência Nacional de Águas (ANA). A adesão, já confirmada neste primeiro dia, contribui para o objetivo do evento: promover a integração entre os diferentes atores sociais envolvidos com a gestão dos recursos hídricos.

Sobre a importância da iniciativa, Miranda destacou a importância de uma gestão descentralizada e participativa para o enfrentamento à crise hídrica: “precisamos criar uma grande unidade em torno do desafio de revitalização da Bacia do São Francisco, num esforço de integração. O encontro, que é o maior realizado até então, vai ao encontro dessa proposta.

Joaquim Gondim, da Superintendência de Operações e Eventos Críticos – SOE, da Agência Nacional de Águas (ANA), falou sobre a situação hidrológica na Bacia Hidrográfica do São Francisco, mostrando nuances da crise hídrica que afeta o Velho Chico. Ele alertou, por exemplo, sobre a tensão que deve ocorrer durante a transição do final do período seco para o início do período de chuva”.

Sobre a importância do evento, frisa: “é uma oportunidade para disseminar informações valiosas a diferentes atores, em um mesmo ambiente, o que contribui para a proposição enriquecedora de soluções”.

Ainda na manhã de hoje, Ana Catarina Pires de Azevedo, coordenadora da Câmara Técnica de Planos, Programas e Projetos (CTPPP) do CBHSF reforçou a importância de contemplar o Semiárido em ações voltadas ao São Francisco, sem um olhar que vitimize a região. Pelo contrário, o que ela propõe é valorizar o potencial transformador do sertão nordestino, chamando a atenção para diferentes alternativas de geração de energia – eólica e solar.

Também estiveram presentes na mesa de abertura desta manhã: Lessandro Gabriel, secretário do CBHSF; Maciel Oliveira, vice-presidente do CBHSF; Julianeli Tolentino, coordenador da Câmara Consultiva Regional (CCR) Submédio do Rio São Francisco; Honey Gama, coordenador CCR Baixo São Francisco; Ednaldo Campos, coordenador da CCR Médio do São Francisco; Affonso Albuquerque, coordenador do Fórum Nacional de Comitês de Bacia e Marcelino Galo, deputado estadual, representando o legislativo baiano.

Governança para revitalizar

A crise climática e ambiental é apenas um dos entraves enfrentados pelo Rio São Francisco. Questões relacionadas à gestão e governança, abordadas nesta manhã, são desafiadoras e precisam contemplar a diversidade de demandas com foco em promover a recuperação e a revitalização do Rio, de forma sustentável.

Manoel Ailton Rodrigues de Carvalho, do Quilombo de São Tomé, em Campo Formoso, noroeste da Bahia, corrobora com essa ideia. Também presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Salitre e membro da Bacia do Itapicuru, ele destacou que “ é importante o processo coletivo e participativo em tomadas de decisões, e não um movimento que venha de cima para baixo. Isso, é claro, além de cuidados com nascentes e manutenção das matas. É preciso rever também esse modelo de desenvolvimento agrícola que está piorando a situação e a questão dos barramentos irregulares que é um problema muito grande”, conclui.

O evento, que vai até esta sexta-feira, 06, acontece na semana de comemoração do aniversário do Rio São Francisco, que acaba de completar 516 anos. A realização é do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco.

Ascom CBHSF

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