Neste dia 04 de Outubro, dia em que o velho Chico completa 516 anos, ela será executada milhares de vezes nos rádios, apresentações escolares, grupos folclóricos e religiosos e em vídeos pelas redes sociais. Estamos falando da canção Boato Ribeirinho, nascida a partir da lavra poética do Juazeirense, Wilson Duarte, autor do poema que virou canção numa parceria com os músicos Wilson Freitas e Nilton Freittas, os dois de Uauá, no sertão baiano, mas radicados em Juazeiro.
Vencedora de um festival de Música, há mais de 20 anos, a canção segue como verdadeiro hino dos ribeirinhos, a voz dos que defendem o Velho Chico, da nascente à foz. Basta uma pesquisa rápida na rede mundial de computadores para encontrar vídeos, documentários profissionais ou amadores, poetas e cantadores entoando versos da canção ribeirinha. “Corre um boato na beira do rio/ que o velho Chico pode morrer/ virar riacho e correr / pro nada, viajando por temporada/ quando a chuva do meu Deus, dará...”.
Só um vídeo postado pelo cantor paulista Allexendre Aguiar, que nunca veio à região, mas se apaixonou pela canção e gravou, numa produção independente, já soma quase 130 mil visualizações. Outra pesquisa aponta para quase 300 mil visualizações, somando-se vídeos amadores, depoimentos pessoais e apresentações escolares e de teatro. “É surpreendente a capacidade de aceitação e encantamento que Boato Ribeirinho alcança, apesar de nunca ter sido gravada por um grande nome da música brasileira”, disse o poeta e autor da letra Wilson Duarte.
Gravada inicialmente por Nilton Freittas, um dos compositores, Boato Ribeirinho aparece com os arranjos mais variados, em interpretações de Júlia Ribas, cantora mineira, Targino Gondim, com participação de Elba Ramalho, e mais recentemente, em duas oportunidades, durante exibição da novela Velho Chico, da Rede Globo, em interpretações das atrizes Christiane Torloni, Mariene de Castro, com acompanhamento de Chambinho.
Nilton Freittas também se impressiona com a facilidade que a música conquista as pessoas, já na primeira audição: É impressionante. Tenho feito shows fora da região, longe do nosso Velho Chico, onde nem há esse apelo de defesa do rio e basta entoar as primeiras frases pra sentir a reação da plateia. “É imediata, espontânea”, relatou.
Wilson Freitas, também se surpreende: “Já se vão mais de duas décadas e ela segue sua missão de alertar, espalhar esse boato ribeirinho, cada dia mais verdadeiro, de que o rio pode morrer”, alertou.
O poeta Wilson Duarte, autor de outras canções com o tema, acredita que Boato Ribeirinho ainda vai continuar ecoando na beira do rio e por outras paragens: “Enquanto permanecer esse risco iminente de morte do rio, ela vai continuar resistindo e, quem sabe, ganhando proporções ainda maiores, se for gravada por nomes mais conhecidos da música nacional”, profetizou.
Questionado sobre um nome que gostaria de ver cantando a canção, lembrou de uma conterrânea; “Ivete, seria um sonho. Impossível? Não. É Juazeirense, nadou no rio quando criança e seria uma porta voz de peso na defesa desse patrimônio que é o Rio São Francisco”, finalizou.
Assista ao vídeo:
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