Na afirmação do Padre Vieira - ao nascer somos filhos dos nossos pais, depois, com o tempo passamos a ser filhos dos feitos e fatos.
Zé Alírio era baiano de Juazeiro, nascido em 20 de outubro de 1934. Casado durante 60 anos com Gicélia, com quem teve Antônio Fernando, Tereza Cristina, Alaídy Maria e Célia Regina. Começou a despertar seu interesse pela poesia por volta dos 15 anos, realizando a edição de um livro em 2014. Escrever foi para ele uma forma também de rezar, convencido que ser bom era possível e fácil, daí, ter decidido viver imitando a Deus na formatação de suas ideias e práticas.
Durante a sua vida profissional trabalhou como bancário, respondendo pela Gerencia do Banco do Nordeste, no período de 1963 a 1984. A entidade foi um templo de fazer valer a democracia da prosperidade, da justiça social, da convivência dos opostos, de ensinar a humildade e a altivez do ser e do ter.
Sempre teve consciência da importância dos serviços sociais para o crescimento do povo e dos municípios, e foi assim, que participou da fundação do Lions Clube das cidades baianas de: Guanambi, Caculé, Boquira, Macaúbas e Bom Jesus da Lapa. Havia na sua alma e coração um selo de muralha e resistência, contra tudo o que significasse maldade e desumanidade.
De 1985 a 1988, foi diretor da indústria Biseli do Nordeste e também diretor da Indústria Alimentícia Cravo, em Salvador. Foi diretor e presidente da Rádio Excelsior da Bahia de 1988 a 1991. Elegeu o trabalho na forma de polivalência e competência, como a sua condição de moral e de liberdade. Do justo, do ético, do digno para a vida humana. Procurou ser um cidadão por inteiro. Detestava ser metade de gente. Não experimentou o pecado da omissão.
Em 1993, volta a residir em Petrolina, sendo sócio da Pão & Cia. De 1999 a 2001, foi gerente geral e um dos fundadores da Cooperativa de Crédito Rural de Juazeiro. Sempre mais algumas horas de trabalho, menos algumas outras de sono. Agiu convicto que a dignidade tem valor quando integra o essencial que há em cada ser.
Homem de fé inabalável e católico praticante ingressou na pastoral familiar da Paróquia de Santana, em Salvador Bahia, de onde trouxe a raiz para Petrolina do Encontro de Casais com Cristo. Entendeu que ninguém ama o que não admira. Foi um admirador contumaz de Cristo. Viver a verdade era um prazer inigualável. Suas grandes fomes e sedes foram de céu. A fé era tamanha, que se sentia mais feliz em acreditar no que não via.
Escreveu uma nova página na história da evangelização em Petrolina. Desenvolveu inúmeros trabalhos na Paróquia Nossa Senhora Rainha dos Anjos como o encontro de casais com Cristo. Em 1992 conseguiu realizar o primeiro Encontro de Casais com Cristo na Paróquia de São Paulo, e com isso vieram os novos plantios. Sempre foi mais longe, por que celebrou os píncaros da Montanha Gólgota, do Evangelista Lucas.
Através do entrosamento de casais que participavam do ECC, surgiu em 1993 o Coral Sagrada Família. A música na igreja foi entendida e praticada com a nobre missão de ajudar às almas a se elevarem para Deus. O canto sacro uma forma de oração.
Em 1994 surgiu o primeiro encontro para jovens, com a denominação de DESPERTAR e nesse mesmo ano, o Boletim da Pastoral Familiar. Teve ação fundamental para a criação da biblioteca Padre José de Castro. Tinha sonhos vivos porque tinha esperança. Exercitou os passos para além do destino que podia prever. Suas ideias e atos de bondade eram construções sem limites de horas ou de esforços.
Com a família sempre no primeiro plano de exaltação, contribuiu para o acontecimento do primeiro Encontro Nova Aliança, voltado para casais recém-casados ou com até 5 anos de União, em 1995, bem como do Bom Pastor o encontro para casais de segunda União que aconteceu em 2000. Não duvidou da fé de ninguém e não rezou apenas para si, mas por toda a humanidade. Viveu o catolicismo sempre à flor da pele, sendo de Cristo o discípulo mais encantado. No dizer do Padre Vieira - tudo o que o homem adquire o alcança pela lição.
Em 2001 foi comemorado com muita fé e alegria católica os 10 anos do ECC em Petrolina, fato este que reconfirmou as palavras do Papa João Paulo II: A família é esperança para o mundo, esperança para a igreja e esperança para a própria família. Carregou sem cansaço o peso de ver crianças esqueléticas estendendo as mãos, mulheres grávidas dormindo a céu aberto, adolescentes famintas de ternura. Um aspecto familiar indissolúvel, que o fez amar Gicélia como única, e cada filho, neto e genro nas suas individualidades.
Em 2011 ao lado de alguns casais da nossa igreja católica, colabora para mais uma grande obra, a casa de passagem Bom Samaritano - verdadeiro espírito de solidariedade Cristã. Viveu pelos imperativos da inteligência e da eficácia do trabalho. Sonhou apenas o que viu e viu o que sonhou sempre mais transparente e possível. No dizer de Santo Agostinho - a esperança presente das coisas futuras.
Diante de tamanho homem e tamanha história, é inevitável o desejo de que a partir do doce da compoteira, o açúcar volte ao caldo, o caldo à cana, a cana à terra, a terra ao homem.
Vamos todos ver a saudade de Zé Alírio com olhares de sementes abertas. A lareira de todos os que privaram do seu convívio, estará sempre acesa a exigir reminiscências. Quem é lembrado jamais será esquecido. Não há morte que mate Zé Alírio.
Lene Maniçoba e Chico Tim
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