RIO SÃO FRANCISCO – A HORA DO RÉQUIEM?

02 de Oct / 2017 às 23h00 | Espaço do Leitor

Tenho uma amiguinha cursando segundo semestre de Direito, que me dá a honra de ser minha leitora das palavras que junto aqui semanalmente, e o blog Geraldo José com toda sua distinção sempre publica...

As observações que ela fez após ler o texto em que tratei na semana passada sobre a Força do Povo de Petrolina, sua cidade, levou-me, imediatamente, a fazer esse texto para tentar preencher as lacunas que ela assim observou: “Faltou falar do Rio que sustenta tudo, mas que estão deixando morrer”.

Morrer... Foi a palavra que me chamou mais a atenção e fui tentando encontrar as palavras para mais uma vez expressar a minha particular indignação, medo, angustia, já dito e repetido aqui varias vezes, e outras tantas ainda vou repetir, até a  fatídica hora final, porque tudo leva a crer que estamos caminhando para uma situação sem volta, que poucos estão vendo e milhares e milhares fazendo de conta que nada está acontecendo...

Todos os dias dezenas e mais dezenas de fotos sobre a situação hídrica nas cidades Rio acima, inundam os celulares de muitos daqui que olham e nada dizem, nada cobram, não levantam uma voz sequer em defesa de si, porque se o pior acontecer só nos restará a hora do Réquiem...

De tanto alguns poucos segmentos da sociedade levantarem as vozes, agora, uns poucos estão começando a se reunirem para falar sinceramente não sei de que mesmo, mas, ao menos estão mostrando um mínimo de preocupação porque sabem o tamanho do rombo na economia da região, e a catástrofe que será para isso tudo aqui, um lugar altamente dependente da vida do Rio...

Enquanto escrevo, será que vocês imaginam o que estou ouvindo o que dizem os noticiários? Quando falo com minhas amizades lá onde o Rio nasce, o que ouço? O que ouço sobre as cidades do submédio? Acho que tudo que sei vocês também sabem, então, fico a calcular o que se precisa de água para resolver tudo isso... Qual o volume de água necessário para chover e tirar quem está no quase volume morto? É essa a matemática que faço e nada entendo...

Nesses casos críticos todos sabem o que vem por aí? Parece que não! Como digo, estamos todos caladinhos, fazendo de conta que desconhecemos os riscos de um racionamento que pode estar a caminho... E as graves consequências disso todos também sabem, mas, nada disso parece ser preocupante. O que não pode faltar é aquela Banda a embalar e fazer esquecer o que está por acontecer, e quando acontecer o que será?

Quando acontecer, o que se desenha certamente, vão encomendar um Réquiem, e quem fará? Pense num momento difícil quando essa hora chegar! Pense num provável arrependimento desses que nunca se importaram com o Rio! Pense no pranto daqueles que só pensam em festejar, enquanto ao lado sua maior dádiva agoniza. Pense em quantos aboios tristes haveriam nas margens outrora transbordantes e agora secas e esturricadas, sem uma gota de água! Seria uma lástima sem precedentes, seria o fim!

E como seria o Réquiem? Ao som de quem? Axé, sofrência, balada, blues, rock... ?

Qual seria nossa postura diante do esquife de quem um dia nos deu de beber e de comer? Cadê o foguetório? Cadê as festas? Qual nada, de cabeça baixa, todos ouvem é um Réquiem e aquele som saudoso vai se espalhando por um vasto cenário onde o fim parece ter chegado... Sei que tens duvidado, tomara que estejas mais certo do que esse que vos escreve, tão preocupado!

Dica de vida: “A hora do adeus está próxima. O sofrimento sempre aguarda na alegria. Eu mergulho em lembranças...” E pergunto: O que será de nós?

Acord@dinho – Apaixonado por Juazeiro e leitor assíduo do blog.

© Copyright RedeGN. 2009 - 2024. Todos os direitos reservados.
É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita do autor.