Esta semana aconteceu a culminância da campanha Setembro Amarelo – Prevenção do Suicídio na Unidade de Pronto Atendimento e Atenção Especializada de Petrolina (UPAE/IMIP). Com um ciclo de palestras, as equipes do Serviço Social, Psicologia e Núcleo de Educação Permanente conseguiram alcançar tanto os seus usuários quanto funcionários e colaboradores.
Foram trabalhadas questões como o combate ao preconceito, a importância da quebra de tabu sobre o assunto, dicas para a identificação do perfil suicida e o próprio manejo desse paciente dentro de uma unidade de urgência e emergência.
Um dos pontos altos da campanha aconteceu nesta terça-feira (26), com a participação da psicóloga Grace Barros do Grupo Suicidologia no Vale, que promoveu uma sensibilização sobre o assunto e uma reflexão sobre o tipo de acolhimento que as unidades de saúde precisam prestar em casos de comportamento suicida.
"Antes de tudo a gente precisa entender que fechar os olhos para essa realidade não funciona. Depois a gente deve compreender que o suicídio é um fenômeno multidimensional, consciente e que provem de uma tentativa de acabar com a dor ou problema vivenciado. Para lidar com esse tipo de situação a gente precisa se despir da postura julgadora e entender que o desejo ou tentativa é um grande pedido de ajuda e não uma forma de querer chamar atenção. Nas urgências e emergências, por exemplo, é preciso estar bem atento porque às vezes a tentativa não é tão clara", adverte.
"De acordo com estudos, 90% das pessoas que cometem suicídio dão sinais. Então, existe a oportunidade da intervenção e do cuidado. Cuidado esse que deve envolver a rede de saúde, a família e o meio social, pois a sociedade não pode se eximir da sua responsabilidade", complementa Grace.
O suicídio é uma questão de saúde pública, que só no Brasil mata 32 pessoas por dia, sendo que para cada suicídio consumado existem 26 tentativas. No mundo, são registrados 1 milhão de suicídios por ano. Atinge geralmente pessoas de 15 a 44 anos, mas também acontece entre crianças e adolescentes, tendo seu pico atualmente entre a população de faixa etária igual ou superior a 75 anos. "Em Petrolina, por exemplo, de 2010 a 2017 foram registrados 82 suicídios", informa.
E para sensibilizar sobre essa realidade local, a psicóloga da UPAE, Tatyana Torres, divulgou na palestra desta quinta-feira (28) voltada aos usuários, a rede de assistência, que envolve a secretaria de saúde do município, o CAPS Mental, CVV e o Centro de Estudos e Práticas em Psicologia da Univasf, entre outros agentes. "O comportamento suicida nada tem a ver com drama, tentativa de chamar atenção, falta de Deus e muito menos frescura. Pessoas nesse perfil precisam de ajuda especializada. Por isso, paramos um pouquinho hoje o atendimento para falar sobe o assunto e divulgar os folders informativos", esclarece Tatyana ratificando o papel da assistência também na prevenção.
Sobre o suicídio
Fatores de risco: transtornos mentais; tentativa de suicídio prévia; alta hospitalar recente; orientação sexual; conflitos no ambiente familiar; abuso físico e sexual; uso de álcool e outras drogas; impulsividade e comportamento agressivo; desamparo; desesperança; doenças incapacitantes; enlutados de morte de pessoa querida; desemprego/aposentadoria; emigração e encarceramento.
Sinais de alerta: comportamento ansioso, agitado, deprimido ou violento; isolamento; perda de interesse em atividades do cotidiano; descuido com a aparência; perda ou ganho de peso; mudança no padrão de sono; consumo excessivo/prejudicial de substâncias psicoativas; fadiga ou cansaço excessivo.
Sinais verbais: eu quero morrer; eu vou me matar; gostaria de estar morto; só a morte poderá resolver essa situação; não posso mais aguentar isso; estou cansado da vida; sou um perdedor e um peso; os outros vão ser mais felizes sem mim; ninguém pode me ajudar.
O que não fazer: desafiar a pessoa a continuar em frente; ignorar a situação; ficar chocado, em pânico ou envergonhado; tentar se livrar do problema ou fazê-lo parecer trivial; dar falsas garantias; questionar sobre o porquê.
Fatores de proteção: estímulo ao relacionamento positivo com familiares; manutenção de boas relações e integração social; regularidade no sono; prática de atividade física e acesso ao serviço de saúde mental.
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