O mundo testemunhou estarrecido, nos últimos dias, o quanto os fenômenos naturais cíclicos são capazes de causar tanta destruição por onde passam, trazendo morte e dor a milhões de pessoas! O México com um terremoto, e o Caribe, o Golfo do México e a Flórida, nos EUA, como alvos do Furacão IRMA, sofreram um impacto tão devastador que um novo cenário urbanístico foi desenhado em muitas cidades, visto a quantidade de casas e prédios atingidos por ventos acima de 250 km de velocidade, mar violento e tempestades de grande intensidade! Pelo que ouvi de alguns especialistas em pronunciamentos na TV, tudo isso é resultado de uma possível relação entre atividades sismológicas e a ocorrência de eventos climáticos extremos, não descartada alguma influência da ação humana, principalmente na contribuição para o aumento do aquecimento global.
A tragédia que atingiu o povo mexicano, caribenho e americano deixou as suas marcas profundas, o que a solidariedade humana e a ação dos governos procuram agora compensar. Foi amplamente comentado nas redes sociais, e o exemplo merece destaque, o fato do Governador da Flórida, Rick Scott, ter comparecido à televisão para pedir aos americanos que deixassem as suas casas com urgência, face à tragédia que se anunciava iminente, mas acrescentou: “se você não tem como sair de casa, seja por qual motivo for, ligue para o número que você vê no rodapé da imagem, que iremos agora na sua casa te salvar. Ainda temos tempo”!
Essa atitude humana e preventiva desse governante, cujo exemplo digno merece registro, remete-nos à lembrança do episódio criminoso do desabamento da Barragem de Mariana – criminoso porque os riscos já eram previstos – e que até hoje nada foi feito para remediar o sofrimento das vítimas ou revitalizar o meio-ambiente violentado. E as enchentes e deslizamentos de terra pelas fortes chuvas na Região Serrana do Rio de Janeiro, em 2011, que registrou 918 mortes e mais de 30.000 desabrigados. Nessa tragédia, embora o Governo Federal tenha liberado mais de 550 milhões de reais para socorro às vítimas, as moradias liberadas ainda não atendem à necessidade, e as vítimas do município de Teresópolis ainda não foram atendidas, seis anos depois! Após os muitos escândalos de corrupção do Governo do Sr. Sérgio Cabral, é de se imaginar o que ocorreu...! Aqui, só resta admitir que, não só somos terceiro mundo, como um outro mundo onde a falcatrua atua, manda e desmanda.
Tristemente, estamos vivendo os tempos dos muitos furacões pelo mundo! Como disse na crônica passada, parece mesmo que este país é privilegiado por Deus, visto que esses tipos de reações sismográficas aqui não acontecem. Mas, apesar da exaltação de tantas belezas naturais desta encantadora Terra Brasilis, nem por isso podemos afirmar que vivemos num paraíso, porque muita coisa estranha acontece nestas plagas de Cabral... do Pedro Álvares! Alguns pequenos maus exemplos já ilustram um desvio cultural que conduz a outros mais graves: aqui se transita pelo acostamento como terceira pista; a faixa que divide duas pistas é exclusiva dos motoqueiros; o mar não está para peixe, porque baleia é atropelada por barcos; ser honesto é pecado e envergonha; inteligente é o cara esperto; a propina virou chave, porque abre portas; e muitas outras atitudes comportamentais ilícitas pouco comuns no resto do mundo!
O que impressiona em tudo isso, em particular, é a negra descoberta de que temos o nosso maligno furacão, com olho e tudo mais. Assim como o fenômeno natural tem um olho central de grande diâmetro – 45 km! –, que suga com voracidade tudo por onde passa, chego à conclusão de que a corrupção que assola o Brasil pode ser considerada o “Olho do Furacão” nacional, tamanha a sua amplitude e igual poder devastador sobre as empresas Estatais, Bancos, Fundos de Pensão, a sede insaciável pelas verbas públicas, e a desmoralização das instituições públicas e privadas deste país, além de jogar na lama as organizações políticas que seriam o sustentáculo do próprio sistema democrático: os Partidos Políticos!
Lá, os furacões têm periodicidade e vão embora; aqui, o nosso furacão bandido tem sete fôlegos e, assim sendo, os estragos, infelizmente, são permanentes e inconsequentes, sendo cada um maior que o outro... O nome deles? Ah, são tantos que esse Artigo ficaria longo demais.
AUTOR: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público (Salvador-BA).
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