ARTIGO – UM NOVO GRITO DE “INDEPENDÊNCIA OU MORTE”... JÁ!

É de deixar a população de qualquer Nação numa condição de total perplexidade, diante do impensável fato de testemunhar que o seu governante está vulnerável aos achaques desrespeitosos de alguém - acusações procedentes ou não -, mas que fere profundamente os princípios de respeito à autoridade constituída. É deselegante, descortês e antiético. Tudo isso adquire conotações ainda mais agravantes, quando originados de alguém não detentor dos traços recomendáveis de moralidade, responsável por inúmeros crimes e que se locupletou de muitas vantagens dos Bancos e das estatais brasileiras, agigantando o seu patrimônio, abruptamente, às custas do Estado: os irmãos Joesley e Wesley Batista! Com esse perfil maculado, não lhe cabe o direito de distribuir xingamentos desrespeitosos à figura institucional do Presidente, ainda que este cheio com a imagem bastante comprometida.

Esses nomes tinham o peso da impunidade nacional. De maneira estranhíssima conseguiram se antecipar à eventual prisão, oferecendo-se como delatores, mas impondo as condições e regras do próprio jogo de que contariam tudo que sabiam, desde que não fossem presos. Os depoimentos prestados aos Procuradores que firmaram o acordo, representaram uma aula do mais puro deboche e arrogância. Felizmente, por solicitação do Procurador Rodrigo Janot, que investigou a correção dos atos no pacto espúrio, por ocultarem informações importantes que agora decidiram apresentar numa segunda etapa, o Relator Edson Fachin, do STF, decidiu, finalmente, determinar a prisão da figura esnobe do Joesley e o Diretor da J&F, Ricardo Saud. Pelo menos deixa o Joesley de curtir os benefícios graciosamente obtidos, quando transitava livremente em viagens internacionais, administrando as várias empresas que possui, sabe-se lá como foram adquiridas. Preocupava muito à sociedade brasileira, a convivência com um clima de instabilidade e anarquia que somente fragiliza e destrói as instituições.

O fato do delator ser o repositório de informações sobre crimes ligados à indústria da propina nacional, não o enobrece, absolutamente. É verdade que a gravidade do conteúdo e os nomes envolvidos, como divulgado nesta última semana, podem, efetivamente, fazer estremecer essa nossa débil República! Os novos fatos e escândalos revelados a todo instante, cujos crimes são de intensidade cada vez maior, transformam em insignificantes os anteriores, como, por exemplo, o incidente vergonhoso da mala da propina com 500 mil reais, recolhida por um Deputado numa Pizzaria. Passou a significar uma bagatela diante de malas e caixas contendo 51 milhões de reais, encontradas num apartamento de um ex-ministro dos últimos governos do PT e do PMDB, com passagem numa Vice-Presidência da Caixa Econômica e no Gabinete Civil do Governo Dilma! O Antônio Palocci depôs perante Sérgio Moro, sobre uma pequena doação da Odebrecht ao Lula, ao final do seu governo, de apenas 300 milhões de reais! E, assim, desavergonhadamente os números só crescem!

Estamos diante de uma realidade nacional catastrófica nos níveis de moralidade, que o país parece navegar num oceano de pura podridão, tamanha a facilidade com que os poderosos manipulam os canais que os conduzem aos muitos milhões de reais. As imagens que correram o mundo nesta semana sobre as caixas e malas com o fruto da propina, deixaram estarrecidos todos os brasileiros! Dentre as muitas estórias cômicas que enriquecem o humor popular, uma diz que o brasileiro ao revelar a sua alegria por não ter no Brasil furacões, tornados e terremotos, o Senhor Deus teria dito: “MAS, VOCÊS VÃO VER OS POLÍTICOS QUE VOU COLOCAR AÍ”! E o pior é que parece que colocou mesmo!

Embora alguns mais céticos afirmem que a nossa única saída são os aeroportos internacionais, eu acredito e reafirmo que está nas mãos dos brasileiros o poder de promover as mudanças progressivas necessárias, através da eliminação dos quadros políticos de todos aqueles que se eternizam nos cargos, de perfil oportunistas e que formam verdadeiras dinastias republicanas, com os mesmos matizes e DNA. Por essas e outras, fica difícil renovar...

Como a criminalidade supera todos os limites, em todos os sentidos, é preciso que uma transformação radical aconteça, à semelhança do mais significativo fato de nossa história, ocorrido há 195 anos:

UM NOVO GRITO DE “INDEPENDÊNCIA OU MORTE”... JÁ!

AUTOR: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público (Salvador-BA).