Sem uma reforma política que tenha a participação efetiva do povo, e com a estrutura partidária que temos aonde somente tem espaço quem já é cacique ou quem é filho de cacique, não teremos uma mudança política nunca no Brasil nos moldes que sonha o próprio povo. A corrupção sempre vai cantar mais alto e sempre os piores vão se eleger, porque quem é bom ou cria um partido (o que é praticamente impossível) ou se adapta às regras de quem manda.
A prova mais cabal de que da forma como as coisas estão, e que sempre foram, de que a política brasileira não vai por enquanto mudar, são os novos membros dos partidos políticos considerados de direita no Brasil que vencem eleições com discursos de mudança, de nova forma de fazer política, de em vez de políticos serem gestores, mas que na prática se revelam piores do que as velhas raposas.
O grande exemplo do momento de que na política o discurso do novo é apenas para enganar os cidadãos despolitizados e vencer as eleições, chama-se João Dórea, prefeito de São Paulo, eleito com votação esmagadora na capital paulista com a narrativa de que não seria um político a governar, mas um gestor para administrar, e que agora escandalosamente admite em público a traição desse discurso por causa da mordida da mosca azul.
Por causa dessa inversão entre o seu discurso para vencer as eleições paulistanas e uma prática nada religiosa, traindo exatamente o seu protetor que lhe deu guarita no PSDB para ser prefeito de São Paulo contra tudo e contra todos, e agora fazendo somente no mês de agosto 11 viagens pelo Brasil afora, admitindo publicamente uma agenda de mais 90 e tantas outras viagens, para fazer política, é que os especialistas em ciência política inferem que ele não passa de um grande engodo como gestor, e como político pior do que os outros já manjados.
A continuar essa narrativa em que quem discute reforma política somente são aqueles que já dispõem do instrumento do mandato, nada vai mudar, e não adianta muita discussão porque sempre vai ser tempo perdido. Reforma Política para ser de fato um instrumento de mudança nos paradigmas da política só pode acontecer com a participação efetiva do povo, através de plebiscito ou outros instrumentos, porque essa democracia representativa que temos não funciona mais, porque ainda temos o povo mais mal educado eleitoralmente do mundo.
Por Genaldo de Melo
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